{6} DE VOLTA AO HOSPITAL

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    Lia andava sem saber exatamente para onde ia. Talvez devesse voltar para o centro de treinamento agora antes que acabasse se perdendo naquela cidade enorme. Já tinha andado muito e o topo prédio de onde tinha saído começava a desaparecer entre os outros edifícios enormes.

    Puxou o guardanapo que o barman lhe dera com o endereço do tal hotelzinho meia-boca, e ponderou seriamente em ir para lá. O problema era que ela não fazia ideia do que estava escrito. Os shinenianos usavam um alfabeto de símbolos completamente diferente dos que ela conhecia. Deu de ombros recolocou o papel no bolso, era melhor voltar.

    Quando ia dar meia volta, um homem encapuzado esbarrou em seu ombro e quase a derrubou na sarjeta. Era alto e caminhava com a cabeça baixa e as mãos nos bolsos.

    — Olhe por onde anda, idiota! – Lia gritou, sem a menor paciência. O homem não deu bola. Se encostou em um poste e ficou observando a rua vazia.

    Sem dar importância ela tentou continuar seu caminho, só tentou, pois um outro indivíduo estava de pé impedindo que ela passasse. Tinha algo brilhando nas mãos, uma lâmina pequena.

    — Passa o bracelete, lindinha – ordenou o ladrão apontando para joia no pulso da garota. – Vamos, me dá logo isso ou espeto você!

    Ela olhou para trás e viu o homem encostado no poste com outra faca, olhando para os cantos da rua para certificar-se que ninguém apareceria para atrapalhar o roubo.

    — É melhor irem embora – Lia avisou. – Não estou com paciência para isso. Vão acabar se machucando.

    O ladrão riu da coragem da garota. Está chapada, com certeza, pensou.

    — Também não tenho paciência, meu bem – debochou o ladrão, avançando sobre a Niffj.

    Lançou-se sobre o pescoço de Lia e jogou-a no chão com facilidade. Ela ficou surpresa em não ter conseguido impedir o avanço do homem. Viu ele erguendo a faca no ar, mirando seu peito. A mão com a lâmina desceu rápido. A aura vermelha reagiu à situação de perigo e Lia teve uma janela de um segundo para parar o golpe. Seus olhos brilharam fracos, em um tom vermelho opaco.

    — Merda – gritou o ladrão ao ver os olhos da garota mudarem de cor. – Ela Niffj!

    O outro homem no poste correu para ajudar seu parceiro ao ver que estavam tentando assaltar uma Áurea. No entanto, a aura de Lia não conseguiu manter o pujança e seus músculos fraquejaram. A mão do ladrão era mais forte agora e a lâmina continuou seu curso; só não se afundou na carne da garota porque esta conseguiu desviar-se no último segundo. Deu um chute em seu agressor e rolou para ficar de pé novamente.

    Talvez não pudesse usar seu poder como antes, mas ainda era uma guardiã treinada em vários tipos de luta corpo-a-corpo. Não seria problema colocar dois humanos no chão, seria?

    A resposta para a pergunta veio com a dor aguda no lado direito do peito e com a dificuldade para respirar. Seu pulmão! Cambaleou para trás enquanto sua visão embaçava e tudo ficou ainda pior quando um dos assaltantes acertou um soco em cheio em seu rosto. Lia voltou ao chão e sentiu o gosto de sangue na boca.

    — Vamos sair fora, cara! – o homem chamou seu parceiro. Não seria louco de brigar com uma Niffj. Mas o outro já percebera que Lia não estava em condições de revidar.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Where stories live. Discover now