{42} UMA ÚLTIMA PROMESSA

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Lia e Yeji emergiram sob a cachoeira e os olhares atentos de Jonan e sua equipe. Eles as ajudaram a sair da água. Apenas as duas, o capitão encarou a água à procura de Barton, mas ninguém mais veio.

- Onde está o garoto? - perguntou para Yeji sentada em uma pedra, livrando-se do capacete.

- Ainda lá embaixo - explicou ela. - A caverna é uma interseção com o mundo dos espíritos. Não conseguimos continuar.

Lia despiu-se das luvas e arrancou o capacete com brusquidão para sentar-se à margem da água com um olhar desolado. Afastou as mechas de cabelo que prendiam-se à testa com o suor, não disse nada.

- Não acredito que deixou aquele rapaz, sem qualquer treinamento, seguir sozinho nessa missão. - Jonan ergueu o braço para um Nahin do ar atrás dele. - Pegue o equipamento vamos descer lá.

Yeji deu um pulo da pedra, fazendo seu rabo de cavalo balançar como um chicote perigoso.

- Ninguém vai a lugar nenhum! - Seu olhar era de fúria. - Escuta aqui, general, talvez não te agrade receber ordens de uma garota, mas posso garantir que tenho o dobro da sua idade e o triplo da sua experiência em operações como essa, é por isso que minha autoridade aqui supera a sua. Então ouça bem porque eu só falarei uma vez: vamos esperar aqui até que ele volte. Isso é uma ORDEM!

Jonan ficou calado, viu os caninos afiados da Elenus projetando-se como duas agulhas sem ela nem ter percebido. Ele sempre trabalhou rodeado de Áureos, e sempre esforçou-se ao máximo para ser útil entre pessoas com habilidades tão extraordinárias. Mas, em momentos como aquele, quando a patente de uma adolescente superava a sua, ele entendia o quanto era fácil para os portadores de aura sobrepujá-lo.

Em silêncio, Jonan deu as costas e caminhou de volta para a praia.

Yeji levou as mãos ao rosto e tentou se acalmar. Uma líder não perdia a cabeça daquele jeito. Porém, nada disse para impedir o capitão de ir embora. Voltou-se para Lia, ignorando o clima pesado que instalara-se com os olhares dos outros saldados.

- Você está bem? - indagou a ela à loira. - Se estiver enjoada por causa do oxigênio comprimido...

- Estou bem - Lia a interrompeu. - Só preocupada com ele. Preocupada com o ele vai encontrar lá embaixo.

Yeji sentou-se ao lado dela, tirou as luvas e soltou o cabelo com um suspiro alto, deixou os cachos escuros ao sabor da brisa.

- Olha, eu sei que você nunca foi a favor de Barton ter aquele amplificador, mas não tem outro jeito. Kraj é poderoso demais.

- Talvez Kraj não seja o problema - Lia a encarou com seu olhar cor de mel que naquele momento carecia de seu antigo brilho. - Não é ele que estar causando esse desequilíbrio no Véu.

- Nayrú não é assunto nosso - disse Yeji. - Sauly e ele vão se entender quando chegar a hora. Talvez ele esteja em Híon para nos ajudar a matar Kraj.

- A era dos Arcanos está acabando. - Lia voltou a encarar a água. - Foi isso o que Sauly me disse. Sabe o que eu acho? Que Nayrú não está pronto para desistir de sua imortalidade. Eu o conheço muito bem para saber que a presença dele em Híon não é um bom sinal.

Lia levantou-se, deixando a Elenus sozinha com o que tinha acabado de dizer e caminhou sem rumo para a floresta. Precisava ficar só. Precisava pensar. Precisava de um lugar alto.

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𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora