{14} AS RUAS DE ALVA

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Lia estava aliviada em não estar mais presa no quarto. Sentia-se renovada, por dentro e por fora. E, embora não quisesse mais estar naquele hospital, ela precisava voltar lá uma última vez. Precisava falar com Dana. Queria saber mais sobre os Aceta e além disso, precisava saber se algum deles poderia ajudá-lo em algo importante. Muito importante.

Deixou Barton dormindo no quarto. Não quis acordá-lo para dizer aonde estava indo. Ele faria muitas perguntas. Perguntas que nem mesmo ela saberia responder. Era melhor que ele não soubesse mesmo o que ela pretendia fazer, só o deixaria mais desconfiado. Ele ia achar que enlouqueci se contasse, pensou, Talvez eu esteja mesmo enlouquecendo.

Quando Lia saiu do prédio teve uma estranha surpresa, um soldado Áureo a esperava ao lado de um veículo com a marca do raio azul de Sauly.

- Senhorita Elenor - cumprimentou o soldado. - Deseja ir a algum lugar? A Senhora Arcana me designou para acompanhá-la.

Lia alternou olhar do soldado para o veículo oficial, com uma cara de estranheza. Sauly sabia que ela não ficaria no Centro de Treinamento por muito tempo e havia mandado um chofer para ela transitar pela cidade em grande estilo, ou aquilo era uma desculpa para ter alguém de olho nela o tempo todo?

- Ahn... - Ela gesticulou para o veículo cheio de pompa. Quase lembrava as carruagens de madeira dourada com que seu pai costumava passear pelas ruas da cidade baixa, em Yvrim. - Olha, mande dizer a Sauly que agradeço a gentileza, mas eu não preciso de nenhum guarda-costas, está bem?

- Mas senhorita... - o soldado tentou argumentar. Lia lhe deu as costas e se afastou sem olhar para trás. O homem ficou com cara de bobo, sem saber o que fazer.

Naquela floresta de prédios altos Lia não sabia muito bem em que direção ficava o Centro Médico, nem quanto tempo levaria para chegar até lá a pé. As ruas eram movimentadas e as pessoas pareciam muito ocupadas, com suas telas nas mãos ou com fones nos ouvidos conversando com alguém muito longe. Ela decidiu que faria como em Yvrim: conseguiria um mapa da cidade e se guiaria por ele.

Parou em uma esquina para perguntar a uma mulher na calçada que esperava para atravessar a rua.

- Com licença, senhora. Pode me dizer onde consigo um mapa? Estou um pouco perdida.

A mulher se assustou um pouco, distraída com algo na tela em na palma da mão. Ergueu a cabeça para ver quem falava e ficou mais calma ao ver que a garota usava uma jaqueta do exercito Áureo.

- Ah, meu bem, é fácil - falou a mulher com um sorriso, apontando para uma rua próxima. - É só você procurar um posto de ajuda logo ali.

- Muito obrigada.

Lia seguiu na direção indicada, seguindo o fluxo constante de pessoas. Havia muitos policiais, ela observou, quase em toda esquina via alguma viatura. Lia julgou ser uma precaução para o caso de novos protestos ficarem fora de controle.

Ela achou os postos de ajuda perto de uma loja de brinquedos. Era um par de telas holográficas com um rosto feminino e sorridente, que falava as maravilhas de Alva enquanto um looping de imagens das belas praias da costa sul, dos grandes hotéis de luxo e das maravilhosas florestas vivas que permeavam a cidade, passava atrás da mulher virtual. Um grande atrativo para turistas, mas não era nada disso que Lia procurava.

Ela chegou perto de uma das telas e procurou algum botão para apertar, mas isso não foi necessário. Assim que ela se aproximou o mecanismo percebeu sua presença, o rosto no holograma sorriu e disse:

- Bem vinda a Alva, a cidade cede do Conselho das Auras. Meu nome Aya. Em que posso ser útil?

- Ahn... Eu preciso de um mapa. - Lia sentia-se meio estranha em estar falando com uma máquina. Ainda não tinha se acostumado com toda essa tecnologia.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Where stories live. Discover now