{16} CHAMAS BRANCAS E TECNOLOGIA ACETA

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Barton tinha ido para a enfermaria como Adiya o tinha aconselhado, não que seu ferimento fosse profundo, o corte estaria completamente curado no dia seguinte. Entretanto, os instrutores não queriam qualquer sinal de sangue em seu rosto caso Yeji decidisse voltar para continuar treinando. Mas ela não voltou.

Pelo resto da manhã Barton treinou sozinho com Ayi a conjurar suas chamas com mais controle. O Nahin do fogo não tinha o tamanho amedrontador de Masik, mas intimidava no controle de suas chamas verdes. Ele mostrava a Barton como invocar labaredas e controlá-las no ar, como se pudessem voar sozinhas.

- Mantenha sempre os dedos abertos, - explicava o instrutor. - Quanto maior a extensão da sua mão, mais fácil fica.

Barton tentava imitar Ayi, mas suas chamas sempre vinham maiores do que queria. O Nahin chegou a ser completamente coberto pelo fogo branco, o rapaz assustou-se. Mas Ayi saiu andando entre as chamas.

- Como fez isso? - Barton perguntou.

- Nahins do fogo não se queimam facilmente, meu rapaz.

Ele fez uma longa e tediosa explicação de como era possível controlar a temperatura do corpo, sempre dentro do limite suportado. Barton lembrou-se do seu corpo tinha superaquecido na luta contra Kiro, estava usando a aura Nahin e se Johá não tivesse prendido o vácuo de energia em seu pulso, teria morrido. O rapaz ergueu o braço, tinha outra dúvida:

- E por que o fogo Nahin é verde? - Sempre quis saber isso, mas nunca teve a chance de perguntar.

- Pelo mesmo motivo que conseguimos criar chamas aparentemente do nada: - Ayi abriu a mão e uma pequena bola de fogo brilhante surgiu, flutuando sobre seus dedos - aura, Barton. Suas chamas são brancas por você as cria com sua aura branca as dos Nahins comuns são verdes por isso também. O único combustível que usamos para fazer esse fogo queimar é nosso poder. - Ele ergueu o dedo em riste para avisar: - Você ouviu o que eu disse, não ouviu? Nós, literalmente, queimamos nossa aura, por isso é preciso muito cuidado e disciplina no combate ou você pode se matar e nem perceber.

Barton, de certa forma, já sabia daquilo. Quanto tinha perdido o controle do seu poder, no vale de pedra, ele sempre conjurava jatos de chamas para o céu ou para os lados, queimando o excesso de aura que ameaçava destruir seu corpo. Agora, porém, ele entendia que consumir todo o "combustível", como Ayi chamara, era igualmente letal.

Eles continuaram treinando disparando jatos controlados em alvos à prova de fogo a uma boa distância. Barton não conseguia acertar nada, enquanto as bolas flamejantes de Ayi faziam até curvas no ar para atingir os alvos mais difíceis. Barton começava a achar que precisaria de mais do que apenas um par de meses para ficar bom naquilo. Sem falar que fogo era a sua afinidade, o elemento que melhor respondia a ele. Como seria com os outros?

- Calma, você vai aprender - seu professor o consolou. - Você tem pensado muito como um humano. Tente pensar mais como um portador de aura.

- Acho que isso tem a ver com o fato de eu ter sido humano boa parte da minha vida - Barton deu de ombros. - Sou Áureo há poucos meses.

Ayi sorriu e segurou o ombro do rapaz.

- Não, Barton - disse. - Apenas uma parte de você é humana. A outra, a que carrega esse poder, nunca foi e nunca será humana. É essa parte que você deve treinar.

Aquelas palavras calaram fundo na consciência de Barton. De fato, ele vinha se perguntando o que era. Defini-lo apenas como meio-Áureo, meio-humano o fazia se sentir que não era nem uma coisa nem outra, mas agora começava a pensar que, talvez, ele fosse as duas coisas e ainda assim algo diferente.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Where stories live. Discover now