{45} O VÉU COMEÇA A RUIR

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Um estrondo derrubou Barton da cama. Um barulho tão forte que fez seu peito estremecer. No chão, ele cobriu os ouvidos e gritou sem ouvir o som da própria voz. Pensou ter ficado surdo com o barulho, com sangue escorrendo dos ouvidos. Mas quando olhou para as mãos, estavam limpas.

O barulho durou pouco mais de um segundo. Cambaleante, ele ficou de pé e caminhou até a janela. Esperava ver uma grande explosão em cogumelo iluminando a noite. Algum seleni deve ter explodido, imaginou coçando os olhos. Abriu a janela estreita e viu somente uma bela manhã de céu azul com poucas nuvens. Nada de explosão. Entretanto, viu lá embaixo, soldados Áureos na mesma situação que ele: caminhando trôpegos com as mãos na cabeça recuperando-se da tontura. Alguns estavam sentados no meio-fio, outros deitados na grama dos canteiros.

- O que... aconteceu? - perguntou para si mesmo. E então uma sirene soou nos corredores do prédio.

Barton não teve treinamento o suficiente para saber o que aquilo significava. Era um ataque? Um aviso de que deveriam sair do prédio? O instinto adquirido durante anos em Orm, quando Morá tocava o sino para alertar sobre a Contagem, aflorou nele, um velho e temeroso hábito. Pegou a jaqueta, calçou as botas e saiu do quarto. Esbarrou com vários outros soldados no corredor, todos ainda tontos com o fenômeno, com mochilas nas costas. Meu traje!, lembrou-se que tinha colocado o uniforme de placas brancas em uma mochila como aquela no armário. Correu de volta e pegou-a apressado.

Assim que voltou para o corredor deu de cara com Ramon, vestido em seu uniforme de pilotagem verde escuro. Sua expressão demonstrava ainda mais preocupação do que da última vez que o vira.

- O que foi esse barulho, Ramon? - perguntou Barton, esbaforido.

- Você é portador da aura branca, deveria saber! - Seu tom foi tão áspero que Barton piscou, mas logo entendeu.

- É o Véu? Está se partindo?

- Vamos. Partiríamos só daqui há algumas horas, só que houveram algumas mudanças.

O fato de Ramon ter se desviado da pergunta foi a confirmação que precisava, o Véu estava ruindo. Ele deveria sentir isso como os Arcanos sentiam, era tão ligado ao Véu quanto eles, porém, algo o distraía... ou alguém.

- Onde está Lia? - perguntou ele, seguindo Ramon até as escadas.

- Já está se dirigindo ao seleni. - Ramon era baixo, mas seus passos eram largos e ele andava rápido obrigando Barton a praticamente correr para acompanhá-lo. - Por que ainda não está com o traje?

- Eu... não sabia o que estava acontecendo. Ouvi aquel...

- Tá bom, esquece. Você se veste no seleni. - Ramon parou apenas para olhar as mãos de Barton, depois o encarou. - Onde está seu amplificador?

- Com Sauly. - Ele baixou a vista. - Aquilo estava me transformando em um monstro.

O Nahin do ar fez um muxoxo, balançou a cabeça e virou-se para continuar andando.

- Acho que é disso que vamos precisar dentro de algumas horas, Barton: - falou por cima do ombro - um monstro.

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𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Where stories live. Discover now