Bruce&Ely

2.

Enquanto o Sr. Hoster falava sobre um trabalho em dupla no qual faríamos para daqui duas semanas, eu prestava atenção em Holly e Bruce à minha frente, ela o acariciava como um cachorrinho fofinho, e o olhava como se quisesse engoli-lo com os olhos, enquanto ele a encarava totalmente hipnotizado e sorrindo igual à um bobo, às vezes me surpreendo com a inocência de Bruce. Semicerro os olhos, balançando a cabeça negativamente, aquela cena, sinceramente, estava perfeita merecedora de vômitos.
Volto minha atenção ao Sr. Hoster que parecia muito mais interessante do que aquele show de horror romântico entre Bruce e Holly. Olhem só, os nomes deles nem combinam como o meu e o dele. Invejosa.
O sr. Hoster começa a citar a duplas, e eu desejo cair junto com Liza, a garota mais inteligente da sala, mas ao invés disso, o destino decide que está na hora de entrar para um filme da Disney.

- Liza e Funny. Lucca e Hamilton. Luna e Billy. Holly e Carlton. Bruce e Ely...

- Ah, qual foi?!- exclamo alto demais quando ouço ele dizendo meu nome logo após o de Bruce. Todos me olham como se eu tivesse cometido um assassinato em massa. Vergonha era pouco para o que eu senti naquela hora, eu realmente não havia notado que tinha gritado para sala toda ouvir.

- Algum problema Senhorita Fray?- Sr. Hoster abaixa a folha á sua frente me olhando.

Balanço a cabeça negativamente e bem rápido, fiquei até um pouco tonta com o ato. Encolho-me na cadeira no canto da sala, enquanto ouço alguns murmúrios e risadas ao meu respeito.
Aquilo não podia ficar pior. Não, Ely, nunca diga isso, quando você pensa que nada pode ficar pior, uma hélice de avião corta seu crânio! Tá, não literalmente, apenas figurativamente, mas trabalho de física com Bruce? Sério? Eles acham que eu estou em um livro romântico onde eles são operação cupido de melhores amigos? Na verdade, eu estou num livro romântico, mas não era essa a minha ideia!
O sr.Hoster pede para que façamos um robô que possa se movimentar por comando de controles - além de ter que lidar com Bruce, preciso virar um gênio.
As duplas se juntaram, obrigando eu e Bruce sentarmos um ao lado do outro, o que não era nada ruim, devido ao delicioso aroma do perfume dele que era forte o suficiente para eu conseguir sentir.
Bruce sorri sem mostrar os dentes para mim quando se aproxima, ele se senta ao meu lado e o clima que nem existia já estava estranho. Sr. Hoster passa todas as regras que devíamos seguir para montar aquele robô e eu as anoto percebendo que Bruce não fazia nada, apenas observava o professor, bufo ao lembrar que ele é um preguiçoso nato. Assim que somos liberados da tortura escolar, saio antes mesmo de poder falar com Bruce, não quero passar por tal constrangimento à essa hora da manhã.

- Ely...- ouço-o atrás de mim, mas finjo não ouvir.- Ely, espera!- ele diz assim que alcança meu braço. Viro-me para ver o que queria, mas logo me arrependo quando olho aqueles olhos maravilhosos e desejo abraça-lo.- Temos duas semanas para fazer isso, o que acha de marcarmos já o dia?- ele diz sorrindo. Não é pra você sorri, desgraça!

- Ótimo.- digo e sorrio falsamente para poder sair logo dali.

- Então tá...- ele sorri de volta e se mantem parado a minha frente. Tá de brincadeira, né?, penso quando vejo que ele não iria sair.

- Ok.- digo ainda o olhando na intenção de mostrar que eu queria sair dali. Um silêncio constrangedor ficou entre nós no corredor por um tempo.

- Então...- ele diz fazendo uma careta como se estivesse sendo forçado à dizer aquilo.

- Então o que?- droga! Ele quer prolongar o assunto? Isso é sério, Bruce?

- O dia, Ely.- me encara ainda sorrindo gentilmente.- O dia que podemos marcar.- ele diz como se fosse algo óbvio e depois solta uma risada.

Bruce me conhecia o suficiente para saber como eu estava, se eu estava envergonhada, ou de saco cheio, ou irritada, ou feliz demais. Naquele momento eu tava de tudo um pouco, envergonhada pela situação, de saco cheio de estar tão envergonhada, irritada porque meu ex-melhor amigo estava sendo muito simpático comigo e feliz, muito feliz, porque era esse o efeito que o sorriso dele causava em mim. Felicidade.