9.

1.8K 153 19
                                    

Todos estavam totalmente assustados quando a ambulância e a polícia chegaram à escola. A sra. Slohan esquecera o caderno de presença no banco e tivera que voltar para pegar, foi quando ela me encontrou, sangrando na água e semi-morta. Ela então me tirou da água em desespero, ligou para ambulância e foi aconselhada a fazer alguns procedimentos até chegarem ao local, como ver se eu estava viva, se respirava e massagem cardíaca, nada funcionou, mas então chegou os paramédicos que começaram uma massagem mais forte, conseguindo fazer com que eu vomitasse toda água que eu havia engolido. Naquela altura, todo a ala da piscina estava lotada por estudantes, pais, professores, inspetores e o diretor, todos sem entender nada, sem saber o que fazer, seus pais abraçavam seus filhos e alguns alunos se esticavam para tentar bisbilhotar, alguns professores conversavam entre si e o diretor apenas andava de um lado para o outro tentando achar uma solução para algo que não precisava de solução.
Meu corpo foi posto numa maca e levado para dentro da grande van, a única coisa que me lembro de ouvir, foi o barulho da sirene e os gritos de alguém pedindo para que saíssem da frente.
Eu não me lembro de mais nada para ser sincera, apenas lembro de quando joguei a água para fora. O médico disse que se demorasse mais 3 minutos, eu estaria morta.
Hoje era dia da minha mãe, eu nem me lembrava que estava trabalhando de dia hoje. Dizem que ela entrou em desespero no quarto e que queria trabalhar no meu caso, mas o médico à acalmou, explicando que eu estava bem, que nada foi danificado, eu apenas desmaiei por exaustão e engoli bastante água, que já havia sido retirada. Eu ganhei quatro pontinhos na cabeça e uma boa injeção no bumbum. Tudo estava bem, menos eu, eu não estava bem, não só por estar no hospital ou porque quase morri dentro de uma piscina, eu não estava bem porque eu sabia quem havia feito aquilo comigo e eu não iria dizer nada. Se Holly foi capaz de me deixar para morrer ali, do que mais ela não seria capaz quando soubesse que abri a boca sobre ela?
Eu não fiquei internada, apenas esperei o turno da minha mãe acabar e ela me levou para casa, passamos para pegar Brad na casa da vovó antes e seguimos caminho.
Eu ainda estava área, levei uma anestesia por causa dos pontos, eu estava tonta e com uma dor de cabeça terrível, mas tudo passou por um tempo quando vi quem me esperava sentado no balanço no jardim da entrada, Bruce estava ali, esperando enquanto se balançava no antigo balanço de quando éramos pequenos. Minha mãe estacionou o carro e deu a volta para me ajudar a sair.

- Olha só que surpresa maravilhosa...- ela diz baixinho para mim, enquanto eu dou risada pedindo para que ficasse quieta.

Bruce se aproximou com suas mãos em seus bolsos, o que indicava que estava nervoso - e o que lhe deixava bastante sexy por conta de estar contraindo os músculos do seu braço.

- Como você está?- pergunta assim que eu chego perto o suficiente.

Minha mãe e Brad o cumprimentam e logo entram em casa, avisando que iria fazer o jantar e então nos deixou sozinhos do lado de fora.

- Bem, eu acho...- sorrio de leve. Um silêncio predomina, eu estava com medo de que ele perguntasse algo, ou se perguntasse se foi Holly, eu não queria mentir, mas seria obrigada.

- O que aconteceu? quero dizer, foi bem assustador...- ele diz rápido.- você estava sangrando e desmaiada.

- E-eu, caí, enquanto me secava e como você sabe eu não sei nadar...- digo rápido antes que ele me interrompa com mais alguma pergunta.

- Mas como ninguém viu ou ouviu?- pare de perguntar, Bruce!

- Ah, eu não sei...- digo vendo sua cara de quem não estava muito convencido daquilo.- eu demorei um pouco me secando, todas já tinham saído.

- Ah...- ele continua a me olhar daquela forma, mas agora parecia querer deixar pra lá.- Que bom que a sra. Slohan te encontrou...- ele sorri de lado.

- Sim, sim...- digo eufórica querendo me livrar daquele papo.- quer entrar para o jantar?- pergunto quando estico meu casaco sentindo minhas mãos geladas por causa do frio.

- Caraca! Demorou para me convidar, hein?.- ele diz fazendo um careta, enquanto eu dava um leve soco em seu braço. Ele me acompanha até a porta.

-  Sabia que mais três minutos lá, eu teria morrido?- digo subindo os pequenos degraus até a porta.

- Ah é?- ele diz num tom de sarcasmo.

- É!- abro a porta.- três minutinhos muda muita coisa...

Bruce começou a rir enquanto entrávamos em casa, eu bato em seu ombro brava porque estava falando sério e ele nem se quer me deu essa seriedade toda.

♡♡♡

Bruce já havia ido embora, o jantar inteiro conversamos sobre várias coisas, minha mãe precisou relembrar alguns momentos nossos que me fez ficar constrangida com certas lembranças e Brad precisou fazer aquela doce e amável pergunta que todo irmão que quer ferrar com a sua vida, faz: "quando que vocês vão começar a namorar?", pois é, meninas, se vocês tem um irmão desse na casa de vocês, nem sofram atrás de inimigos, às vezes eles estão debaixo do seu próprio teto. Depois que retiramos os pratos e talheres, levamos e secamos, Bruce precisou ir para casa, já estava tarde também. Eu subi para meu quarto e me vesti para dormir, mas nada disso funcionou.

Eu não sei o que se passa na cabeça das pessoas. Talvez se eu quisesse ter um super poder, escolheria ler mentes, ou talvez ser invisível, para poder ouvir o que as pessoas pensam ou falam pelas costas das outras. O ser humano é algo completamente cruel, acho que todos nós temos um lado mal e que alguns, não desativaram ainda esse lado do cérebro, enquanto outros nasceram com esse lado ativado, mas mesmo com toda maldade, eu acredito que o ser humano pode ser bom, um assassino pode se arrepender e virar um médico e salvar milhões de vidas, acredito que um estuprador nojento possa se envergonhar e se arrepender a ponto de trabalhar como advogado em casos de assédios, e acredito que um ladrão possa virar um policial para mostrar que há uma segunda chance a todos. Nem todo mundo concorda comigo, claro que muitos diriam que todos deveriam morrer, ou serem torturados, a morte é muito fácil, a tortura seria a melhor opção, mas mesmo assim, todos devemos dar outra chance, mesmo que pareça errado, doideira ou idiotice. Holly foi uma pessoa cruel, quero dizer, não se compara aos três exemplos ali em cima, mas ela foi alguém muito cruel, não só comigo ou com aquelas três marionetes com linhas ligadas à ela, Holly foi cruel consigo mesma, ela se torturava à ponto de descontar em alguém, e esse alguém era eu.
Perdoar alguém não quer dizer que você vai voltar a confiar ou a ser amigo, perdoar significa que você não vai guardar mágoa do ocorrido, mas também não irá esquecer. Se Holly me pedisse perdão - o que eu acho que nunca vai acontecer -, eu a perdoaria, porque até ela precisava de uma outra chance.

Bruce&Ely Where stories live. Discover now