27.

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Às luzes do hospital passavam como flashes para mim, eu corria o mais rápido que conseguia, eu vi Bruce atrás de mim, ele também parecia desesperado. Droga, droga, droga! Eu devia ter atendido sua ligação, eu devia! Agora era tarde demais. Abro a porta com rapidez, ali estava ele, todo remendado em uma maca, Ash havia sofrido o seu pior acidente.

Acordo em um pulo e ofegante. Consciência pesada é um lixo. Pego meu celular, no visor estava a chamada perdida de Ash, olho o horário, 3h30 da manhã, eu não devia fazer isso.

"Alô?"- ouço sua voz sonolenta do outro lado da linha.

"Tive um pesadelo com você."- digo rapidamente ao telefone.

"Ely?"- pergunta e ouve minha confirmação.-"são quase quatro da manhã."

"Eu sei, mas eu ignorei sua chamada e achei que você podia ter me ligado por algo sério, como um acidente de moto."- digo nervosa.

"Ely, eu não tenho moto."- ele ri fraco.

"Não importa, eu só queria conferir que estava vivo."- digo me irritando, mas ainda preocupada.

"Tudo bem, eu estou bem. Agora volte a dormir, amanhã será o nosso último dia antes das férias."- ele diz gentilmente.

"Tudo bem. Boa noite, Ash."- digo esperando um bom noite.

"Boa noite, Ely."- diz docemente e desliga logo em seguida.

♡♡♡

Último dia de aula...

Eu não sei o que me deixa mais feliz, o fim das aulas, o fim do ano ou não ver a cara de Holly por uma semana. Adentro a escola ao lado de Ashton, ele contava animado tudo que preparou para nós nesse fim de semana. Iríamos para uma casa de praia com a família dele, voltaríamos na segunda. Aceitar o convite de ir viajar junto com a sua família dele dava um certo receio, era como se estivéssemos juntos pra ver, mas não que não estávamos, mas ainda não era oficial. Assim que chego no meu armário, Ash se despede, eu não teria a primeira aula, mas ele teria, então tinha que correr para chegar a tempo. Quando Ash sai, abro o armário guardando meus cadernos, ouço então o barulho de Bruce se apoiando no armário do lado, olho sob a porta e volto a arrumar as coisas.

- Ele não para de falar.- ele diz se referindo a Ashton.

- Ele só está empolgado.- fecho o armário e pego minha mochila.

- Animado com o que?- ele pergunta caminhando ao meu lado até o gramado.

- Ele me convidou para uma casa de praia com a família dele.- sento no banco na lateral da quadra de basquete.

- Humm... Legal.- diz.- E você vai?- pergunta tentando fingir não estar curioso.

- Uhum.- mordo um pedaço da minha maçã e olho para o jogo dos meninos.- Por que não está jogando?

- Não estou afim.- diz, fazendo-me olhar para ele.

- Você está bem? - digo.

- É, acho que sim, quer dizer, eu acordei com uma dor extremamente forte na cabeça, e ela não tá afim de passar - ele senta na grama a minha frente.

- Enxaqueca?- pergunto.

- Não.- Bruce revira os olhos como se aquilo fosse passar a dor. Dou uma risada fraca com o ato e volto a prestar atenção no jogo. Bruce se manteve calado por alguns segundos, mas logo voltou a falar.- Ely...- o olho.- Tem algum tem remédio pra dor de cabeça? - pergunta semicerrando os olhos devido a dor parecer piorar.

- Tenho, na minha mochila.- penso por alguns segundos.- Dipirona, serve?

- Qualquer coisa serve, no momento.- ele abre mais os olhos agora.

Ele me segui até o armário, pego o medicamento e lhe dou, ele vai até um bebedouro e toma o remédio. Logo depois caminhamos em passos lentos até onde estávamos.

- Não sei o que acontece, ando tendo isso já faz um mês. - passa a mão sobre a testa.

- Deve ser chifres nascendo.- dou risada.

- Engraçadinha.- me encara.

Viro-me para sair em direção ao jardim, mas antes disso Bruce coloca a mão no meu ombro, parando-me, ele se curva e põe a mão na garganta.

- Bruce?- tento virar apoio para ele.

Antes que eu possa fazer algo, Bruce caí no chão, ele tremia todo e espumava pela boca, contraía a mandíbula e revira os olhos, era algo horrível de se ver. Eu sabia o que era, Bruce estava tendo uma convulsão, tento o virar de lado como indicado uma vez na aula de biologia, mas não conseguia com seu peso, então grito por ajuda.

- SOCORRO! SOCORRO!- grito, o mais alto que consigo.

Em menos de 2 minutos, estávamos cercados, o professor de biologia pedia ajuda para alguns meninos do 2° ano, para virar Bruce. Não toquem em sua boca, segure seus braços, não vão querer ficar sem dedos, dizia o senhor calvo. Aquela cena era horrível, afastei-me um pouco, deixando-os fazer o trabalho. A ambulância já havia sido chamada, demorou no máximo 5 minutos, e os paramédicos levaram Bruce para o grande carro, entrei na ambulância junto à ele, mesmo ouvindo o diretor dizendo que eu não iria e os paramédicos pedindo para que eu descesse. Depois de muita briga, eu estava a caminho do hospital ao lado de Bruce, não queria o perder de vista por um segundo.

♡♡♡

A família de Bruce já estava dentro do quarto, eu me mantinha sentada ao seu lado esperando a explicação de um médico. E logo assim, um neurocirurgião adentrou o quarto, me deixando curiosa sobre o que iria dizer.

- Bom dia.- diz.- Sra. e Sr. Willis, a quanto tempo os senhores já sabem sobre o diagnóstico de Tumor Hipofisario de Bruce?- diz olhando alguns raios-x.

Nessa hora meu coração gelou. Como assim tumor? Bruce tinha um tumor no cérebro? Encaro a mãe de Bruce que me olhava.

- Há 3 anos.- ela diz me deixando mais ainda assustada.- Os médicos disseram que era benigno e que não havia muito com o que se preocupar.

- Sim, quero dizer, a convulsão não foi devido ao tumor, e sim, ao alto uso de medicamentos sem necessidade.- diz analisando alguns papéis.

- Ele sentia dor, muita dor na cabeça.- digo fazendo todos olharem para mim. O doutor me olha com uma certa culpa nos olhos.

- Sim.- confirma.- Srs. Willis, o tumor de Bruce não é benigno.- diz sério fazendo todos se assustarem e eu apertar mais ainda a mão de Bruce.- Sei que foi dito à vocês que era, mas isso foi um equivoco, também sei que é muito raro um tumor desse ser maligno, mas infelizmente, esse é o diagnóstico do filho de vocês. Eu sinto muito.

Bruce&Ely Where stories live. Discover now