6.

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Dia seguinte...

Acordo com a luz do sol ultrapassando o vidro da janela que eu esqueci aberta ontem antes de dormir. Levanto-me irritada da cama indo fechar a cortina.
Se tinha algo que eu odiava, além de me acordarem, era um fator natural me acordar, odiava claridade, nenhum problema com as suas criações, Senhor, mas o sol às vezes dá uma irritadinha.
Mesmo que eu pensasse ou tentasse voltar a dormir, o despertador ja iria bipar e eu teria que me levantar novamente, então, ao invés de voltar para minha cama, encarei meu rosto no espelho do banheiro e pensei comigo mesma: cara, você está mais horrível do que o seu normal. Abaixo o rosto, sentindo a água fria da torneira o molhar. Eu odiava ter que acordar cedo, na verdade, eu odiava ter que acordar, a bela adormecida mal sabia que tinha ganhado na loteria com aquele feitiço.
Volto para o quarto e procuro por alguma coisa para me vestir. Moletom, calças largas que me deixavam completamente confortáveis, meu tênis e por fim, cadê... aonde está... Ah! Achei!, meu óculo de grau. Prendo meu cabelo em um terrível coque para disfarçar a bagunça que poderia mais parecer um ninho de passarinhos do que cabelo, e então desci na esperança de não encontrar ninguém, mas essa esperança toda se vai, quando avisto Brad comendo suas panquecas, enquanto mamãe lavava a louça. Ela olha para trás, um pouco impaciente, mas ainda sim, me recebe com um sorriso.

- Bom dia, querida.- exclama, limpando suas mãos sob um avental pequeno em sua roupa.

Mamãe era tão bonita, cabelos castanhos escuros com os grandes olhos verdes, o ruivo herdei do papai, mas os olhos, aqueles ninguém podia dizer que não eram dela.
Ela era enfermeira em um hospital próximo, acredito que tenha que ir trabalhar daqui à pouco por isso a impaciência e o horário que havia levantado - herdei o amor pela cama dela -, e claramente, Brad sobraria para mim o resto do dia.

- Querida, eu ficarei de plantão hoje, então, tens como buscar Brad depois da aula? Avisarei a diretora que ele pode sair mais cedo...- ela diz com um olhar de cansada, apoiada sobre a pia, perdendo totalmente sua postura.

- Tudo bem.- digo mordendo uma torrada com geleia de amendoim deliciosa.

- Ficarão bem sozinhos essa noite?- ela pergunta mostrando o seu lado materno e protetor.

- Sempre ficamos, mãe.- sorrio com a boca cheia e a vejo sorrir de volta.

Mamãe evitava ao máximo ficar de plantão, ela não queria que eu e Brad passássemos a noite sozinhos, achava perigoso, admito que eu também não gostava muito disso. Sempre que ela ia para o hospital a noite, Brad dormia comigo na minha cama, assim achávamos que nos sentiríamos mais protegidos, por mais que eu odiasse o mal jeito no qual ele dormia.

Beijo o topo de sua cabeça e dou um beijo no rosto da mamãe, a desejo um bom trabalho e saio andando em direção ao colégio. Ao longo do caminho, arrependo-me das calças e o moletom, o dia estava ensolarado, mas tento ignorar todo aquele calor. Adentro a escola 15 minutos adiantada. Ando em direção ao meu armário, passando por Holly e suas amigas. Naquela hora, juro que estremeci, eu não queria todos aqueles mals tratos e xingamentos logo pela manhã novamente, mas parecia que quanto mais eu desejava elas longe, mais próximas elas ficavam, e foi então que, ao abrir o meu armário e olhar de relance para o lado, vejo Holly, junto às suas duas marionetes andando em minha direção. Holly marchava igual uma vadia típica de filmes bregas de adolescentes, e mais uma vez, mastigava aquele chiclete nojento. Faço uma cara de nojo ao reparar isso, mas logo sou surpreendida por ela mais perto do que imaginei que estivesse.

- Como foi a noite no zoológico? Brincou com sua família de elefantes?- ela ri olhando para suas amigas e voltando a olhar para mim.

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