10.

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Vocês já imaginaram o que aconteceria se houvesse um ataque zumbi na sua cidade? O que você faria? Tipo, onde se esconderia? Com quem ficaria? Vocês escolheriam alguém pra ficar grudada? Confiar nessa pessoa? Bom, eu escolheria sem a menor dúvida, Bruce, ele sabe exatamente como agir em um ataque zumbi, aliás, esse era seu típico filme favorito.
Os olhos dele brilhavam a cada cena que Brad Pitt atuava no cenário lotado de zumbis, claro, era de lei, todo sábado Bruce gostava de assistir Guerra Mundial Z, não fazíamos isso à anos, mas hoje, fui acordada com ele tocando a campainha enquanto segurava seu dvd favorito. Eu mais prestava atenção nele do que no filme. É, meninas, gostar de alguém que não se pode gostar, faz com que você goste mais ainda.
Bruce carregava a alegria consigo, seu sorriso extrovertido deixava o dia de qualquer um igual à um filme cômico do Adam Sandler, seus fios de cabelo negros caíam perfeitamente com o seu tom de pele bronzeada, e seus olhos meio mel, meio verdes eram uma combinação perfeita. Bruce, às vezes, perdia a noção da palavra moda, dava até vontade de ir fazê-lo trocar de roupa, mas outras vezes, você se perguntava da onde ele tirou tudo aquilo. Sua altura era algo estrondoso, eu não era tão alta, mas também, não muito baixa. Seu corpo era acompanhado de um tanquinho perfeito, nada exagerado, mas também nada de simples. Claro, Bruce tinha vários defeitos, não só fisicamente, e eu mais que ninguém, sabia disso, como, a mania súbita dele de colocar os pés em qualquer lugar - se está sentado e existe algo para apoiar os pés, mesmo que isso seja uma mesa, ele não se aguenta -, ou então, o mal jeito que ele dorme, meu Deus, dormir com Bruce era como lutar UFC com o Jon Jones, tinha vezes que dava vontade de joga-lo para fora da cama, ou então, quando misturava a comida, Bruce podia comer qualquer coisa que desse para ele, e isso, às vezes, me irritava. Sério, tem muitos outros defeitos, como eu também tenho, e se você o perguntasse, ele numeraria um por um, mas Bruce tinha a maior qualidade do mundo, e ela deixava todos seus defeitos no chão. A bondade. Bruce era a pessoa mais bondosa que eu já conheci, seu coração era imenso, com toda certeza, ele morreria por você, se você precisasse, e por mais que ele não interrompa Holly quando me trata daquela maneira, sei que não é porque não quer, mas porque simplesmente não sabe como agir.
Quando o filme acabou e os créditos começaram a subir no fim de uma musiquinha, Bruce se virou para mim.

- Esse é o melhor filme que existe na face da terra!- ele sorri igual uma criança ao ganhar seu primeiro xbox.

Dou risada da sua empolgação e me levanto para retirar o filme. Ao abaixar para tocar no dvd que estava embaixo tv, sinto uma dor na cabeça e levo a mão até lá, e então, sinto o sangue escorrendo.

- Ely, tá tudo bem?- Bruce pergunta sentado no sofá, olhando-me com atenção.

- Você pode pegar um papel higiênico no banheiro pra mim?- pergunto e vejo ele levantar rápido.

Bruce pega o rolo inteiro de papel higiênico e corre até à mim. Eu estava sentada no chão da sala, provavelmente um dos pontos devem ter abertos, e eu precisava ir ao hospital para que o médico desse outro pontinho, por mais que eu não quisesse na hora. Bruce se abaixa me entregando um pedaço do papel.

- Por que está sangrando?- ele pergunta olhando minha cabeça.

- Não sei.- coloco o papel com dificuldade no local.- provavelmente, um ponto deve ter aberto.- faço uma cara de dor ao ver que toquei no lugar.

- Droga.- diz ele em quase um sussurro.- Deixa que eu faço isso.

Bruce pega outro pedaço de papel, tira minha mão do local e então começa a limpar o sangue que agora já era pouco.

- O sangue até que combinou com seus cabelos ruivos.- ele diz num tom de brincadeira, fazendo-me rir junto à ele.

- Bobo.- rio, enquanto faço cara de dor.

- Acho melhor você ir ao médico.- seu tom já era mais sério agora.- consigo ver perfeitamente seu crânio daqui... Ely, acho que não foi só um ponto que abriu...- Bruce falava sério, e olhava com total cautela minha cabeça aberta.

- Sério?- digo nervosa.- mas como, eu nem me movi...

Era visível minha cara de pânico, minha mãe não estava em casa, havia ido ver a vovó com Brad, e eu estava sozinha com Bruce, ou seja, não teria como eu ir ao hospital, mas tudo se acalma quando ouço as risadas de Bruce.

- Você tinha que ver sua cara...- Bruce rolava no tapete da sala de tanto rir.

- Você é um idiota!- digo irritada.

- Sério?- Bruce imita minha expressão e volta a rir. Admito que cai na risada junto à ele, mas não estava rolando no chão.

♡♡♡

Bruce insistiu em me levar ao hospital, e eu apenas queria deixar com que minha mãe chegasse para resolvermos isso. Às vezes, ele conseguia ser a pessoa mais persuasiva que eu já conhecera na historia da face da terra, sério, chegava à me tirar do sério.

Bruce não conseguiu me convencer de ir ao médico com ele, então, esperou comigo até minha mãe chegar. Assim que ela adentrou em casa, Bruce começou a falar e não deixou ninguém fizer nada antes dele, fazendo com que minha mãe se assustasse com tal euforia.

- Ok, Bruce, querido, devagar pra tia Ruby entender...- minha mãe diz com sarcasmo em sua voz, como se falasse com uma criança de 5 anos.

- Ely não quer ir ao hospital e abriu a cabeça...

- Eu não abri a cabeça!- exclamo.- ela já estava aberta...- reviro os olhos.- mãe, um ponto escapou e sangrou um pouco.

- Eba! Dá pra ver seu crânio?- Brad pula encima do sofá e procura pela ferida em minha cabeça.

- Dá sim, se liga...- Bruce acompanha Brad e eu me irrito com a infantilidade de ambos.

- Me deixem em paz!- empurro-os ouvindo suas risadas.

- Bom, vamos ao médico pra dar um ponto nisso...- minha mãe diz mordendo uma maçã.

- Tá.- a encaro.

- Assim?- Bruce nos olha.- tão fácil? Ela só pediu e você disse tá!- exclama nos encarando.

- Ela quem manda!- digo subindo para o quarto.

- Isso mesmo! E mocinho, sua mãe está a sua procura, pode ralar para sua casa.- ouço-a dizer para Bruce que continuava sentado no sofá.

- Tia Ruby, a senhora está me expulsando?- ele diz num tom de seriedade, mas todos nós sabemos que ele apenas brincava.

- Estou, como antigamente.- ela diz o empurrando até a porta.- Rala a sapata daqui, moleque.- ela abre a porta e os dois começam a rir.- Obrigada por ficar com Ely.- ela dá um beijo em sua bochecha se despedindo.

- Foi como visitar o inferno!- ele diz enquanto se afasta. Coloco a cabeça pela janela podendo ver a frente dá casa.

- Obrigada, Bruce!- grito num tom irônico, vendo ambos rirem de mim.

- Não tem de quer, Fray!- ele acena, enquanto anda de costas.

Aquela cena comprovava que eu estava em um filme de 2010 da Disney. O garoto olhava para trás sorrindo, enquanto a garota na janela, observava-o se afastar cada vez mais, e admirava suas lindas costas e seu sorriso, e seu bumbum, claro. Bruce já havia desaparecido pelas árvores do vizinho e eu continuava ali, olhando pro nada, sorrindo igual uma tola. Recomponho-me e volto a me arrumar para ir ao médico.
Nunca pensei que um trabalho de física idiota podia mudar minha vida. Sorrio olhando uma foto minha com Bruce na porta do meu armário, naquela foto já tínhamos 13 anos, ele tinha um cabelo jogado na cara, estilo Justin Bieber, e vestia roupas largas e sem sincronia de cores ou estampa, eu no entanto, tinha franjinha e usava uma saía jeans com uma blusa lilás terrivelmente feia, estávamos abraçados, aquele era o dia do aniversário de Bruce, lembro-me de jogar bolo em sua cara depois do parabéns. Dou risada disso, enquanto fecho a porta do armário. Tudo estava voltando ao normal, e eu estava feliz com isso.

Bruce&Ely Onde histórias criam vida. Descubra agora