Histeria coletiva

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   A minha cura causou tanto alvoroço

quanto a minha doença.

Na verdade, causou até mais.

Alguns diziam que foi devido ao toque divino do rei.

Outros que, eu que era o excepcional e divino ali.

Pois foi devido a minha fé, que eu havia me curado.

Que sem fé, arrependimento, e penitência.

O toque real não era capaz de salvar ninguém.

Para algumas pessoas eu era um exemplo de fé de

dignidade arrependimento e penitência.

Para outros eu nada mais era,

do que uma criança comum,

salva apenas, pelo divino toque do rei.

A outros, eu era uma aberração.

Um ponto fora da curva

que escapara da morte.

quando muitos não conseguiam.

Outros até ousavam dizer que eu era uma bruxa!

Eu era apenas uma criança,

não tinha pecados,

arrependimentos,

muito menos, era exemplo de penitência.

E toda aquela histeria se formou ao redor de mim.

Toda a vez que eu saia na rua as pessoas me olhavam

cochichavam,

sobre quem ou o que eu era.

bruxa? Divina? Ou aberração?

Depois dos diversos rumores, sobre mim se espalharem.

Várias pessoas passaram a querer

me visitar

em minha casa

para me verem, me tocarem ou até mesmo,

insistir descabidamente em conseguir um pouco do meu sangue.

para então conseguirem se curar.

Eu nunca consegui entender

o que havia de errado com aquelas pessoas,

porque eram tão antiquadas e ignorantes.

Mas o fato e que a minha vida em Salém

se tornou insuportável.

Quem diria que justamente a minha salvação

seria a minha ruína?

A minha mãe que não era das pessoas mais sãos,

Começou a ficar muito mais histérica e paranoica

Do que de costume.

Em alguns dias dizia que eu era uma bruxa.

Em outros, que eu era um anjo divino caído do céu.

Em outros que eu era uma aberração, uma falha no universo.

Cada dia ficava mais instável

e imprevisível.

Um dia quando eu cheguei em casa,

Depois de colher alguns frutos,

minha mãe me ofereceu um chá.

Logo depois de tomar comecei a me sentir tonta,

e depois disso apaguei.

Exílio de uma borboleta negraWhere stories live. Discover now