O grito da Alma

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   Sempre tive medo.

De deixar as coisas escuras

e escondidas

dento de mim, a vista.

De dar o grito

da minha alma.

E depois de deixar a coisas escondidas

da minha boca escaparem.

Pensei que nenhuma palavra

para se dizer haveria mais.

Nunca mais.

Que esse grito me esgotaria

e secaria,

em palavras

e em vida.

Como se depois

de revelada a minha alma

ela se dissiparia.

Mas eu estava enganada.

Depois do grito da alma.

Muitas outras novas palavras

se formariam em mim.

E eu precisei de muito silêncio, e tempo

para descobrir isso.

De que serve-me a folha branca

toda vazia?

Sem nenhuma palavra escrita?

Sem nada para expressar.

De que me serve o silêncio.

Se não para preenchê-lo

de pensamentos?

De que adianta viver no vazio?

Pensei então assim...

Que inevitavelmente

As borboletas

se estavam indo.

O silencio me esmagava.

Eu precisava liberta-las...

Dirigi-me então a cidade.

A estranha e antiquada Salém.

Logo que adentrei a cidade.

Avistei Alexandre,

na companhia de uma dama.

Logo as outras pessoas da cidade

Perceberam a minha presença,

E passaram a me observar

Acompanhando-me com o olhar,

Dessa vez não por nenhuma chaga no corpo.

Ou acharem que eu fosse uma bruxa.

Olhavam-me com curiosidade

a alguém que sobrevivera ao cativeiro.

Alguém que ainda estava forte e de pé

depois de muito sofrimento.

Eu não me sentia preciosa.

Nem superior.

Nem inferior.

Só sentia que estava viva.

E precisava libertar

a minha voz aprisionada.

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⏰ Last updated: Aug 15, 2018 ⏰

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Exílio de uma borboleta negraWhere stories live. Discover now