Suspiro

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"Única sobreviventede uma casa desabada - só eu me achava acordada. (...) minha morte é diferente:eles não souberam nada. Só eu me achavaacordada. Mas quem sabe o que se sente, entre ir na casa afundada e ter ficado– acordada!? " 


   Angelic me fez prometer que eu sairia dali.

Mais do que isso, ela queria que eu não desistisse de ser livre.

Por que acreditar em algo me manteria viva.

Depois que os outros cativos morreram,

a condessa e o faisão por muito tempo não me

torturaram.

Porém o silencio foi o meu maior carrasco.

Sozinha na masmorra.

Sem poder nem mais escutar o grito dos outros cativos

por já terem morrido.

Apenas sentir o tempo passar.

sem nem saber porque passava.

Já que não havia mais nada, e nem também mais ninguém.

Somente comigo o vazio.

Sem nenhum sentido.

E foi me trancando cada vez mais

no vazio.

Na inexistencia.

e na inércia.

foi o mais próximo que cheguei de me tornar uma casca vazia.

Como Angelic dizia.

Porém guardei bem a minha raiva.

Para o dia em que eu finalmente,

quebrasse as correntes.

Deixei de ser uma menininha frágil e fraca.

Agora eu já era uma mulher.

Embora ainda fosse torturada,

agora era mais forte.

Usei todo a minha tristeza e raiva par me deixar mais forte.

Aguentei invernos

chuvas,

a dor no pulmão e a febres,

verões em que o calor na sela era insuportável.

Durante a primavera eu escutava o canto dos pássaros.

Um pequeno alento,

para uma alma dilacerada,

Aguentei tudo isso, até perceber

que a minhas correntes estavam bem frágeis,

muito mais próximas do ponto de quebrar.

Então por madrugadas e madrugadas,

Fiz força contra a correntes,

o máximo que eu podia.

Para destrui-las.

Sabia que a cada dia ficava mais perto.

De quebra-las

Nada na vida e fácil, e tudo e demorado.

Suportei e lutei,

Sem nunca me resignar.

Exílio de uma borboleta negraWhere stories live. Discover now