" E preferível morrer do que viver sem liberdade "
A sensação de estar sufocada por paredes escuras e grades
e agoniante e atordoante.
E não ver mais a luz do sol,
o azul do céu,
ou o branco das nuvens.
E não sentir, não saber o passar das horas,
dos dias.
E a impossibilidade de não fazer nada
além de ficar presa entre quatro paredes.
A minha sela porem era diferente das demais.
Ela era muito cumprida.
Mais do que os muros das outras selas.
E tinha um pequeno buraco lá no alto.
Mas era tão pequeno e tão alto que mal dava pra ver o sol ou o céu.
Apenas passavam pequenos raios esparsos
em dias bem ensolarados
por esse buraco.
O que já era um pequeno resquício de alegria para uma cativa.
Em dias de chuva porém
entrava água pelo buraco,
e a minha sela ficava toda alagada.
O que me deixou por muitas vezes, doente.
Com o corpo ardendo em febre.
E os pulmões doloridos.
Delirando sobre como seria estar livre.
Depois dormindo sonhando com a liberdade.
Acordada ou delirando meu pensamento era sempre o mesmo.
Me libertar do cativeiro.
Quebrei quase todos os ossos do meu corpo, tentando alcançar o buraco no topo do muro.
Que era pequeno, mas tinha o tamanho suficiente para que eu pudesse passar.
Meu corpo de criança, pequena, e cada dia mais magro e debilitado,
passaria perfeitamente por aquele buraco.
Muitas vezes, cheguei bem perto de alcançar o buraco.
Porém sempre caia
quando estava perto
me debilitando ainda mais.
Mas mesmo debilitada e quebrada
eu continuava tentando de novo.
Ah, se eu fosse um pouco mais alta...
Se meus dedos fossem um pouco mais compridos...
Se meus braços fossem um pouco mais fortes...
Se meus ossos não doessem tanto...
Pensava, me lamentava.
Toda vez que fracassava novamente em escapar de meu exílio.
As vezes o carrasco me algemava, pra impedir que de novo eu escalasse o muro e me machucasse.
As vezes só ficava olhando com escarnio
se divertindo em me ver caindo e quebrando os ossos de novo.
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Exílio de uma borboleta negra
PoetryTodos os dias vinha o carrasco e dizia: Curve-se ou terá as pernas e os braços, Quebrados. Os que não se curvavam tinham os braços e as pernas quebrados. Todos os dias eu escutava. Os gritos dos que tinham ou não, se curvado. Os que não se cu...