Segredo

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   O camponês impetuoso continuou me visitando vez ou outra.

Trazendo alguns itens que tinham lá a sua utilidade.

Nicolau havia voltado para seu pais local.

E toda vez que o camponês vinha, ele me dizia

que eu não deveria me esconder do mundo

naquela cabana velha.

Da segunda vez que me visitou ele me disse:

— A propósito mesmo que não tenha perguntado meu nome é Alexandre.

Como a cidade antiga perdida?

Indaguei.

Ele fez que não entendeu.

— Você não conhece muita de história não é mesmo?...

Esse e o problema das pessoas, elas não sabem de nada, no entanto são bem rápidas para julgar.

— Isso não tem nada a ver comigo.

Ele retrucou.

— E como você conhece tanto de história?

Tendo vivido cativa.

Indagou-me

— Uma velha amiga chamada Angelic ensinou-me

Respondi.

Ele sempre me motivava a sair daquele lugar e viver na cidade.

Ao que eu sempre negava. segura na única companhia que eu sabia, que nunca me trairia.

Apenas a minha própria companhia.

Porém dentro de mim.

Sentia algo,

uma coisa que lutava em sair.

que percorria-me, e arrepiava-me o corpo.

Batia em minha boca e voltava

para o fundo de meu corpo.

Uma verdade indizível.

Que eu própria não era capaz de olhar.

Por estar escondido tão dentro de mim.

E eu mesma ter medo de procurar.

E das coisas que eu iria achar.

Como um segredo.

As coisas que eu não disse,

e que vivi todos aqueles anos no exilio,

e que ficaram trancadas.

Comigo e com os que já haviam morrido.

Um segredo, que só eu guardei.

E que eu nunca contei

Para ninguém

por nunca ninguém

seria capaz de escutar.

Tamanho sofrimento e dor.

Guardar um segredo e como guardar borboletas,

dentro de si.

Carrega-las com sí.

E como todo bicho vivo,

luta para sair.

Como uma verdade que quer se revelar.

Como borboletas querendo voar.

E se libertar.

As borboletas lutam par sair,

e voarem livres.

Todos os dias eu lutava.

Nessa sanha brava.

para impedir as borboletas querendo sair,

de dentro de mim.

Guardam-doas

e levando-as sempre comigo.

Eu e minhas borboletas

negras.

Até não poder lutar mais.

As vezes uma ou outra escapava,

da minha boca.

Quando eu falava com Alexandre

Ou quando escrevia algo.

E formavam a verdade

que queria se revelar.

Aos poucos percebi

que não podia mais esse

segredo guardar.

E de súbito me lembrei

da carta de Angelic

Exílio de uma borboleta negraWhere stories live. Discover now