65° Capítulo

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"O que aconteceu? O que é que ele estava fazendo?" o Liam pergunta depois de eu finalmente parar de soluçar.

"Ele estava com a Molly, e depois beijou ela na minha frente, literalmente a cinco passos de mim." digo.

"Ouvi ele dizer que te ama?" ele pergunta calmamente.

"Sim... não sei o porquê disso. Ele estava tentando fazer uma cena ou algo assim." ainda não consegui pensar numa explicação lógica.

"Não sei... não fique chateada comigo... mas já pensou que talvez seja mesmo? Sabe, ele te amar?"

"O quê? Claro que não. Nem tenho certeza se ele gosta de mim, quer dizer, quando estamos sozinhos ele é tão diferente, e eu penso que talvez ele se preocupa comigo, mas depois quando estamos perto de outras pessoas ele é totalmente diferente. Mas eu sei que ele não me ama. Ele não é capaz de amar alguém sem ser ele próprio." explico.

"Estou do teu lado Tessa, estou mesmo. Mas eu vi o olhar na cara dele enquanto nos afastávamos, ele parecia de coração partido e não se pode ficar de coração partido se não está apaixonado." o Liam diz. Não pode ser verdade, senti o meu coração se partir quando ele beijou a Molly, mas eu não o amo.

"Você ama ele?" ele pergunta simplesmente.

"Não, não o amo... ele é... bem... ele é um idiota. Eu conheço ele à menos de dois meses, ou metade isso... por acaso, temos passado esse tempo todo discutindo. Não pode amar alguém passados apenas dois meses que o conheceu."a minha voz saí tensa e as minhas palavras rápidas demais. "Além disso, ele é um idiota."

"Já disse isso." o Liam diz e eu noto a ponta de um sorriso nos seus lábios enquanto ele tenta manter a sua expressão normal.

Não gosto da pressão que sinto no peito enquanto falamos sobre eu amar o Harry. Faz me sentir enjoada e o espaço no carro parece muito mais pequeno. Desço um pouco o vidro e deito a minha cabeça contra a janela.

"Quer voltar para a minha casa ou para o teu dormitório?" ele pergunta. Quero ir para o meu dormitório e me enrolar como uma bola na minha cama, mas tenho medo que a Steph ou o Harry apareçam lá. A hipótese de o Harry ir para a casa do seu pai é tão escassa, que parece ser a melhor opção.

"Para tua casa, mas podemos passar pelo meu quarto para pegar algumas roupas? Desculpa por te pedir para me dar carona desta maneira." digo com sinceridade.

"Tessa, nunca me pediu muito. A viagem é curta e você é minha amiga, para de me agradecer e de pedir desculpa por te dar carona." ele diz severamente mas o sorriso querido dele me faz rir.

Ele é a melhor pessoa que eu conheci aqui e tenho tanta sorte por ter ele.

"Bem, me deixa agradecer mais uma vez por ser um grande amigo." digo e ele franze as sobrancelhas na brincadeira.

"De nada, agora vamos lá." ele diz e eu acinto com a cabeça.

Corro para ir ao meu quarto para reunir um conjunto de roupas e os meus livros. Sinto como se nunca vou ficar no meu quarto. Esta vai ser a primeira noite em cinco dias que vou passar a noite sem o Harry. Estava começando a me habituar, que tolice minha. Pego o meu telefone na minha gaveta e volto para o carro do Liam.

Quando chegamos a casa dele já passa das onze horas. Estou exausta e agradecida que o Ken e a Karen estão dormindo quando chegamos. O Liam põe uma pizza no forno para nós e eu como outro cupcake de à pouco. Ter cozinhado com a Karen parece ter sido à semanas, não à horas. Tenho tido um dia tão longo e começou tão bem com a minha manhã com o Harry, o estágio, e depois ele arruinou tudo, tal como ele faz sempre. Depois de comermos a pizza, o Liam e eu subimos as escadas e ele me mostra o quarto de hospedes que eu fiquei da outra vez. Eu não fiquei bem aqui porque acordei com um Harry gritando. O tempo não tem feito sentido desde que o conheci, aconteceu tudo tão rápido e fico tonta ao pensar nos melhores momentos que tivemos. Agradeço ao Liam outra vez e ele rola os olhos para mim antes de me deixar e ir para o seu quarto. Ligo o meu telefone e vejo mensagens do Harry, Steph e da minha mãe. Apago todas, exceto as mensagens da minha mãe, mas não as leio. Já sei o que elas vão dizer e já tive o suficiente por hoje. Coloco no silencioso e escrevo notificações em silêncio e coloco o meu telefone na mesa de cabeceira.

Visto os meus pijamas e deito na cama, é uma da manhã. Tenho que acordar em quatro horas, amanhã vai ser um dia longo. Se não tivesse perdido as minhas aulas hoje de manhã, eu ficaria em casa, bem, aqui. Ou ia para o meu dormitório. Porque é que convenci o Harry a voltar para Literatura? Depois de estar de volta na cama, me viro para ver as horas. São quase três. Tirando o fato que hoje deve ter sido o melhor dia da minha vida, mas também o pior, estou cansada demais até para dormir.

Antes perceber onde estou indo, estou parada à frente da porta do quarto do Harry. Sem ninguém à minha volta sem ser eu para me julgar, abro a segunda gaveta e pego numa t-shirt branca, posso dizer que ela nunca foi usada mas não me importo. Tiro a minha t-shirt e substituo-a. Deito na cama e enterro a minha cabeça na almofada. O cheiro a menta do Harry enche as minhas narinas e eu finalmente adormeço.

Harry's POV.

"Vamos lá Niall... me deixa usar o teu telefone." imploro.

"Ela não atendeu o teu número, o número da Steph, ou do Tristan, não vai atender o meu." ele diz. Rolo os olhos e retiro o telefone das mãos dele.

"Não vou ligar." atiro enquanto os meus dedos marcam o número dela. Eu sei que ela não vai atender agora, mas não consigo evitar. Ela é teimosa demais, ela vai com certeza me evitar durante dias, se ela chegar a falar comigo outra vez. Quando chega ao voicemail desligo e dou o telefone ao Niall. Ele pega nele com sorrisos jogados pela cara dele.

"Não olhe para mim assim." aviso. Ele levanta as mãos de forma defensiva e vai embora.

Vou até ao sofá onde a Molly, a Steph e o Tristan estão sentados e me sento.

"Porque é que não vai ao nosso quarto? Tenho certeza que ela está lá estudando ou a dormindo." a Steph me diz.

"Ou chorando." a Molly adiciona. Olho para ela fixamente. "Tenha calma, não é que ela seja algo que se perca, ela é hipócrita, irritante..."

"Foda-se cala a boca Molly! Porra cala a boca!" grito. Ela olha para longe, obviamente assustada mas não ligo.

"Não se esqueças do que posso fazer Harry." ela diz através dos dentes.

"Posso fazer coisas muito piores que isso Molly, por isso presta atenção à porra da tua língua." digo e me levanto.

"Me de a chave." mando e seguro a mão enquanto a Steph procura na bolsa. Logo quando está na minha mão vou para o carro. Não tenho visto o Zayn à pelo menos trinta minutos, é melhor que ele não esteja com a Tessa.

Ninguém mencionou a minha declaração de amor pela Tessa, eles devem saber. Não sei no que estava pensando em dizer aquilo daquela forma, apenas não conseguia aguentar ver ela indo embora pensando que eu não me preocupo com ela. Eu a amo, tenho amado desde a primeira vez em que acordei para encontrar com os seus pequenos braços em volta da minha cintura. Nem tinha percebido que sentimento era quando aconteceu, mas me encontrei atraído por ela de uma forma inexplicável. Amo a forma como ela olha para mim, especialmente quando ela pensa que não percebo. Amo a forma como ela grita comigo e como rola os olhos quando lhe digo comentários brutos. Ela tem estado lá para mim mesmo depois de todas as coisas horríveis que lhe fiz, de uma forma que ninguém esteve. Gostaria de ter uma explicação para lhe dar por tratá-la desta maneira ou por deixar a Molly se sentar no meu colo, mas não tenho. A melhor coisa que posso dizer é que não sei como lidar com a intensidade dos meus sentimentos por ela, não gosto de estar vulnerável para ninguém e amar a Tessa lhe da mais controle sobre mim do que aquele que eu posso lidar por isso a afasto. Não vai fazer sentido para ela, porra nem sequer faz sentido para mim mas é tudo o que tenho.

Quando chego ao meu carro, tento ligar mais uma vez. Eu sei que ela vai estar zangada quando aparecer no quarto dela, e eu espero que ela grite comigo e até me bata outra vez. Não me importo com o que ela faça desde que me deixe entrar. E se o Zayn estiver lá com ela? Não a vejo a deixá-lo estar no quarto dela, mas ela estava tão zangada comigo que talvez ela deixe só para me irritar. Imagens deles se beijando estão em toda a minha mente, nunca tive ciúmes de ninguém na minha vida. Não preciso de ter, tenho sempre o que quero. Exceto com a Tessa, primeiro tive que lidar com o namorado desagradável do liceu, e agora tenho que me preocupar com o Zayn. Se ao menos pudesse lhe contar como ele é, mas não posso porque eu sou igualmente culpado. Se ele estiver lá com ela, não vou ser capaz de parar de bater nele, sendo meu amigo ou não. Adoraria o fato de eu ser uma das duas pessoas que ela tinha realmente beijado, e agora o Zayn arruinou isso.

Chego ao quarto dela e coloco a chave. O quarto está todo preto, me deixando saber imediatamente que ela não está aqui. Ligo para o Zayn mas ele não atende. Ela deve estar mesmo com ele, a ideia me deixa mal do estômago. Porque é que tenho de ser tão fodido? Se não fosse um idiota ela estaria deitada comigo na cama agora mesmo, eu estaria no colo dela enquanto ela passava os seus dedos pelo meu cabelo, uma coisa que nunca deixei ninguém fazer antes. Vou até à cama dela e reparo que os livros dela não estão, não vejo o Zayn a trazendo ela aqui para vir buscar os livros da escola. Liam! Ela está com o Liam, ela tem que estar. Como é que não pensei nisso? Os ciúmes preenchem a minha cabeça e começo a pensar na possibilidade do Liam e da Tessa, admito que eles eram perfeitos juntos. Ele parece estar mesmo apaixonado pela sua namorada e não me preocupo o suficiente para me lembrar do nome dela, por isso espero que ele mantenha as mãos longe da minha namorada... ela podia ser a minha namorada se eu não tivesse sido um idiota quando ela confessou que pensava que era.

A viagem para a casa do meu pai é curta e eu praticamente corro para a porta. Está trancada, podia me preocupar menos em acordá-los mas não quero uma audiência quando encontrar a Tessa. Deslizo para um número que pensei que nunca iria ligar.

"Olá?" o Liam responde, obviamente acabado de acordar.

"Hey... é uhm o Harry, preciso que abra a porta da frente." murmuro.

"Não acho que isso seja uma boa ideia." ele diz.

"Vem abrir a porta ou vou partir o vidro e abro eu mesmo." resmungo.

"Está bem, vou estar aí em baixo num segundo." ele desliga.

Cumprindo a palavra, ele aparece à porta em trinta segundos e a abre.

"Onde é que ela está?" pergunto e passo por ele para dentro.

"Ela está dormindo, acho que não devia incomodá-la. Ela nem entrou no quarto antes da uma." ele me diz.

"Onde é que raio ela esteve antes?" pergunto, dando um passo para perto dele.

"Estivamos comendo pizza, relaxa." ele diz e começa a subir as escadas.

"Tenho que falar com ela." digo, nem sei porque é que estou falando com ele.

"Ambos sabemos o que é que vai acontecer se acordar, mas se não quer saber, ok." o Liam diz e eu abro a porta do quarto de hospedes à frente do meu.

Ligo a luz, a cama está vazia. Os lençóis estão mexidos e a bolsa dela está na cadeira, mas o quarto está vazio.

"Ela foi embora?" entro em pânico.

"Não, ela não podia, eu teria ouvido e ela nem tem carro."

Se ela está por aí andando sozinha às três da manhã, vou perdê-la. Os meus olhos se movem para a minha porta atrás do Liam e passo por ele para a abrir. A pequena lampada na mesa de cabeceira está acesa e eu tropeço em algo enquanto ando pelo quarto. Uma t-shirt? A t-shirt da Tessa. Ela está enrolada de lado usando uma t-shirt branca, o meu coração salta quando vejo que uma das gavetas do armário está ligeiramente aberta. Ela está usando uma das minhas t-shirts, deitada na minha cama, agarrando a minha almofada com o seu longo cabelo espalhado acima da cabeça dela como uma auréola. 

"Encontrei ela." olho para o Liam que está na porta, e depois olho para a Tessa. Quero suavizar os vincos na testa dela que sei que eu causei, e beijar a tensão para fora dos seus lábios. Não posso acordá-la, já causei dor suficiente hoje. Desligo a luz e saiu do quarto até ao quarto de hospedes.

"Não merece ela." o Liam diz calmamente.

"Eu sei." respondo.

AFTER (Tradução Português/BR)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora