Vinte e quatro horas.

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- O... Quê? - deixou a repugnância de o momento tomar-lhe a fala.

- Por que você me beijou? - A cada um passo que dava, Camila andarilhava para trás, com receios. Estava tão evidente. - Ouça-me. - Colocou o capacete no chão, sem deixar de olhá-la. - Eu preciso de uma razão para entender tudo. Não malfazejo sua precipitabilidade.

- Apenas a beijei. Não me pergunte o porquê, apenas o fiz. Foi impensado. - Puxou a toalha dos cabelos e a levou para o rosto, encobrindo-o. - Lauren, pelo o amor de Deus, eu estou tão envergonhada.

- Camz... - Não se aproximou, apenas queria a sua atenção. - Não estou fazendo quaisquer julgamentos.

- Sim. - Tomou coragem e a olhou com os olhos seguros. - E eu não me arrependo.

Lauren sentou no braço do sofá e pusera suas duas mãos no colo, ficando quieta.

- Entenda, eu a respeito acima do que qualquer outra coisa no mundo. - Sentiu um frio no estômago e apertou as costas contra o papel de parede, mantendo a boa e longa distância. - E sei que você é boa demais, não irá importar-se ou improvisar prejulgamentos. - Recobrou o ar e continuou. - Se você não se sentir mais á vontade para continuar mantendo o contato comigo, juro que irei entender. Estou sendo sincera aqui.

De tudo o que Camila articulou para Lauren, ela só havia prestado a atenção em uma parte. A latina de olhos castanhos com a voz acanhada não estava arrependida de beijá-la. Cabello jogava com autenticidade e para ser sincera não esperava por menos. A atriz sempre atuou com o realismo tanto dentro, como fora dos sets.

- Eu não me importo. - Negou. - Apenas queria o motivo. Mas você não entende o porquê não é?

Camila mexeu as sobrancelhas.

- Não permitirei que um mero beijo acabe com o nosso apego.

- Eu... - Camila falhou e ajeitou os cabelos para trás, revelando seu rosto. - Você já tem meia resposta. - Pressionou os lábios com força, aderindo um arzinho intransigente. - Não me sinto a vontade para conversar.

- Você se satisfaz com meias réplicas, Camz? - Blasonou um sorriso.

- Quando é algo mais adiante do que eu adoraria compreender, sim. Realmente me contento.

- Eu não sou assim. - Levantou, ainda equilibrando o sorriso nos lábios como se fosse uma malabarista. - E também não vim aqui para conversar. Busquei por uma única resposta. - Fez uma voz um tanto espetaculosa e abriu os braços, observando as direções, em aversão. - Um motivo para prosseguir? - Girou a mão no ar, depois a bateu em sua coxa por cima do jeans. - Quem sabe.

- Um motivo para prosseguir. O que eu devo entender?

Após o que pareceu um século de silêncio, Lauren respondeu:

- Suas vontades. - Aproximou-se. - Seus desejos. - Cuspiu-lhe o melhor de seus muitos sorrisos. - O que a ciência humana visivelmente não explicaria. O que você não me explicou em palavras, vai explicar-me em gestos. - Camila mudaria de lugar, mas ela não permitiu. - Eu exijo. - Sua mão fechou-se em volta do pulso quente dela. - Quem iniciou esse jogo não fui eu.

- Não se trata de jogo. - Em toda a sua carreira jamais pensou que fosse discutir com alguém do elenco, mas o fato estava mais próximo e sentiu muito por ser com Lauren, a quem tanto gostava. Girou o punho entre os dedos dela, e livrou-o.

- Não? Então me mostre o que se trata, preciso entender.

- Eu nunca pensei que fosse nos desentendermos algum dia. - O cansaço rendeu-lhe algumas lágrimas. - Olhe para nós? - Sorriu e conseguiu afastar-se. - Isso está tão irreal, que não sei se devo ficar parada ao invés de procurar pelas câmeras. - Sentou no sofá, limpando as gotinhas de lágrimas.

- Não estamos nos desentendendo, Camila, por favor, eu apenas tenho o direito de entender o porquê daquele beijo surpresa. - Suspirou, controlando seus impulsos. - Você está apaixonada por mim? É isso?

- Apenas te beijei, Lauren.

- Será essa a sua resposta?

- Não tenho outra, para ser sincera. - Jogou a toalha ao lado e deixou os olhos pairarem ali mesmo.

- Sinto muito, Camila. - Ela deu um avanço significativo onde à mulher estava e puxou-a junto a si, de pé. - Nunca me dê meias respostas.

- O que você quer? Uma experiência lésbica? Pelo o que sei você é heterossexual e tem deixado isso bem claro em entrevistas.

- Não se trata de jaezes sexuais. - Só não riu do que estava fazendo para não submergir o estilo. - Muito menos de experiências. Eu estou te ansiando neste exato momento, não como lésbica ou qualquer denominação que você venha a pensar. - Explicou. - Podemos ser adultas e esquecer quem somos? - Encostou a boca em sua bochecha. - Não tem atrizes ou gêneros. Somos apenas dois humanos com desejos semelhantes.

Devido ao estado nervoso pelo qual estava passando, as pernas de Camila amoleceram de verdade, dobrou-as perdendo todo o sustento do corpo. Lauren a segurou e riu, não adquiriria aquela circunstância como um mero experimento lésbico. Não era mulher de tais atitudes. O desejo e a indiscrição a preenchia como se fosse um copo vago.

- Você só pode estar brincando com a minha cara. - Camila sentou no sofá mais uma vez e Lauren ajoelhou em sua frente, colocando seus cabelos para trás. - Se eu soubesse desse drama todo, jamais teria a beijado.

- Não estou. - Prendeu o queixo fino entre os dedos e arquitetou o caminho até os lábios naturalmente carnudos. A boca de Camila estava fria. Os lábios duros explanavam o irritamento ali. Aos poucos ela foi aceitando o beijo, com estranheza. Lauren ignorava todo o desabrochar de sentimentos que empipocavam dentro de si e afastou-se um centímetro. - Isso não vai dar certo.

- Eu sei que não. - Ela realmente sabia, entretanto sorriu mais aliviada. - É melhor que vá embora antes que as coisas se agravem. Depois não terá mais voltas.

- Não disse que quero regressos. - Circulando os braços em torno de sua cintura, a trouxe para mais perto. - Dane-se o depois, o que ficará... Foda-se. - Camila assentiu e segurou em seu rosto. Aquele aceno foi como uma resposta para o que cometeria a seguir. Antes de levantá-la, abraçou-a transmitindo sua total confiança em andamento. Deslizava a palma da mão em suas costas, no instante em que o queixo dela se afundava em seu ombro. A outra mão segurava a grenha castanha, com cuidado.

Com os lábios unidos sem a velha estranheza, as duas estavam deitadas na cama. Lauren queria sentar e olhar Camila por um tempo duradouro, mas em compensação não o fez. Apenas a beijava de todas as formas possíveis, ela movia-se com naturalidade em cima de seu estômago, os dedos apertavam as curvas de seu pescoço sempre que o beijo intensificava-se. Lauren riu e perderam as rédeas do beijo.

- Você vai se arrepender agora? - Camila deu descanso ao pescoço dela e apoiou as mãos nos dois ombros largos.

- Por que demorou tanto tempo para me beijar? - Ela sorriu, cheia de dentes. Os lábios já vermelhos pelas mordidas se destacaram e Lauren a beijou levemente, dando espaço a sua resposta na sequencia.

- Digamos que Camila Cabello é tímida e Lauren Jauregui reservada demais. - A posição deixou seus braços fracos e ela deitou o rosto nos seios da morena

- O fato de eu ser impenetrável não a impediu que me beijasse. - Alisou os cabelos castanhos.

- Quando quero sou irredimível. - Mordeu o lábio com força e sorriu mexendo a cabeça para cima. - Vamos brincar?

Lauren deu uma risada, impactando os ombros para frente.

- Eu nunca brinquei com meninas dessa forma. - Foi deixando a risada e adotando logo uma fisionomia oprimida.

- Há sempre uma primeira vez para tudo. Concorda comigo? - Fez pressão com o corpo em cima do dela. Jauregui uniu os supercílios e a olhou de esguelha. - Por favor, me diz que isso não é uma filmagem... - Fechou os olhos como quem buscava a resposta na escuridão.

- Não é e não importaria caso fosse. - Dominando as batidas de seu luminoso interior, Lauren relaxou. - Você estaria em cima de mim, com esse semblante incrivelmente único.

- Shh. - Pediu, roubando um beijo para lá de cinematográfico. Só interromperam-se quando buscaram por ar. - Eu quis beijá-la durante aquela maldita seção de fotos.

- Mm... - Lauren roçou o nariz na boca dela e ganhou um beijo ali mesmo. - Percebi Cabello. Você não esconde muito bem as suas cravelhas.

- Como não? - Gargalhou de forma espirituosa. - Sou boa com isso. Verdadeiramente sou.

- Quis beijar-me ontem no Top of the Rock...

- Não!

- Confesse. - Fez cócegas em seus quadris e ela agitou-se em cima de si.

- Eu fiquei terrificada. - Olhou-a. - Pensei bastante em seu áudio. - Balbuciou. - Você nunca sentiu vontade de me beijar?

- Duas únicas vezes.

- E quando?

- Em Berlim. - Ouviram Lern miar e riram da gatinha. - E ontem em meu carro.

- Como você se sente no momento?

- Em paz.

- Por que eu quero rir do que disse? - Já o fez e ganhou um olhar reprovativo.

- Por que isso é insanamente afável?

- Dios! - Camila saiu de cima dela. - Não responda assim.

- Não a entendi. - Feitou de lado, correndo os dedos desde o ombro ao punho dela. - O que houve?

- Estou pensando em coisas que certamente abalaria seu mundo heterossexual.

Jauregui observou-a exibir um complexo de emoções em silêncio. Os olhos estavam vermelhos, fundos. Não soube identificar o mistério que fazia sombras por trás dos olhos da latina, era tudo tão instigante.

- Um exemplo?

- Não sou de falar. Prefiro te mostrar para que entenda sem ouvir protótipos. - Lauren sorriu. - E se continuar deitada em meu leito por mais vinte segundos, não irei contrapor pelos meus atos.

- Isso é um aviso prévio bem arcaico. - A adrenalina perfurava-a por dentro, mas manteve-se ali, deitada e imóvel.

- É um pouco tarde para compunções e tenho dito. - Camila introduziu-se ao meio das pernas dela. - Tem algo a dizer, Lauren? - Ela respirava descompassadamente. - Foi o que eu esperei. Você queria que eu mostrasse em gestos, não foi? - Sem mais timidez, puxou a calça dela, com gentileza. Lauren foi voltando à realidade e entregou-se ao que sentia: Ansiedade e prazer. Os olhões castanhos estavam tão pesados pelo desejo, que Camila demonstrou todo o seu lado desconhecido até então.

- Admirável. - Murmurou, Lauren.

- Eu apenas tirei sua calça... - A risada infantil a deixou tão irresistível que, Lauren não pode se conter. Trouxe-a para junto de seus lábios e a beijou com gana. O fogo do beijo moveu as mãos de Camila como se fossem duas serpentes deslizando pelo tronco de uma árvore. Elas apalmaram as coxas macias com vigor, necessidade.

O que Lauren sentia não seria batizado nem pelas divindades do amadorismo. Incomum, único, perfeito. O jeito que Cabello a tocava abria cada célula de seu corpo, deixando seu íntimo úmido, completo para o que seria desfrutado naquela noite. Aquela dança erótica dos lábios em seu pescoço levou-a ao empíreo. Camila não tinha afobação qualquer, sabia precisamente o que estava fazendo. Em um conciso momento perguntou-se se ela assim com a namorada e sentiu-se atormentada. O toque arrebatador que estava experimentando deveria ser exclusivamente de seu privilégio. - Garota... - pausou-se e rangeu os dentes. - Você é extraordinariamente boa.

- Shh... - Beijou seus seios por cima da blusa. Camila não queria olhá-la, pois trazia lágrimas nos olhos. Não estava prestes a transar com qualquer pessoa, era com sua amiga, aquem tanto prezou, idolatrou, a mesma mulher que a ensinou como relaxar diante das câmeras. Lauren Jauregui. Aprendera tanto com ela, cresceu como humana, atriz. Agora a ensinaria a arte de ser querida, por pelo menos uma vez. Por suas mãos, seus estimules. Beijou cada porcentagem de sua pele tenra, bem cuidada e abrasadora. - Eu aprecio toda vez que você prende a respiração quando percebe que estou prestes a tocá-la. - Distribuiu um beijo em sua barriga branquinha e aproveitou para sacar-lhe a blusa. - Você é tão incrível, te venero tanto, Laur - apertou o dedo indicador nos lábios vermelhos e o beijou. - Como se sente?

- Determinada. - Pendeu suas testas. Camila tinha os olhos molhados. Jauregui piscou em lentidão e sorriu. O depois categoricamente tornou-se nulo, jamais cogitou a possibilidade de ir parar em uma cama com uma mulher. Deixou de lado o que antes anulou e entregou-se ao momento mágico que estava existindo. Desceu a mão pelo rosto de Camila e limpou as lágrimas. - Eu te venero o tanto quanto. - Sorriram. - Me mostre o que perdi por esperar, Camz.

- É o que eu mais quero. - Confessou, beijando-a pescoço abaixo. - É o que irei fazer. - Apesar da pouca luz, memorizou cada pedacinho das curvas de Lauren. Com muitos beijos, toques e olhares, ela podia sentar e desenhá-la ou planejar um monumento de seu lindo corpo. O cheiro daquele corpo radiava seus sentidos como a extensão do sol pela manhã. Lauren era muito além do que os olhos enxergavam, do que as mãos tocavam. Com timidez, encostou a ponta do dedo em sua entrada, conhecendo, moderando. Cabello soubera que a pressa era inimiga da perfeição, mas dali em diante não tardou em embrenhar-se dentro dela.

Lauren oscilava como se fosse uma gata. Seus gemidos não vieram de forma forçada. Ela estava deitada no manto do prazer desconhecido, totalmente inovador. Os dedos que lhe tocavam com bonança acordava cada músculo de seu sexo. Camila conectava as sobrancelhas, suas bochechas estavam tão vermelhas, a áurea que a cercava clareava o rosto cândido. Tão linda, concentrada. Os quadris de Lauren estavam em seu colo, a sensualidade alagada por muito pouco não se encostava à barriga dela. - Você é boa no que faz.

- A melhor parte vem agora. - Trazendo os dedos para fora da cavidade dela, Camila molhou os lábios sensualmente com a ponta da língua. Lauren ainda trajava o sutiã preto, este valorizava seus seios de uma maneira enlouquecedora. Os olhos verdes faiscavam, lindos. Encurvando os joelhos na cama, Camila conduziu a boca à lubricidade da parceira, seus olhos fecharam-se e a impressão que teve foi de pura alacridade, o gosto da morena ia além do inexplicável. Fazia devagar para não machucá-la. Os olhos se encontraram em parceria, Lauren sorriu e estendeu o braço, tocando-a na face. O que sentia era tão lindo que levou tempo para chegar ao ápice. Se tivesse que escolher um único momento em toda sua vida, sem dúvidas escolheria este momento. Camila a bebeu com tranquilidade, sempre a olhando nos olhos. A conexão fora tão forte que piscavam na mesma magnitude.

- Esse teu lado me deixou em mal estado. - Lauren a aninhava nos braços. - Não descreveria o que senti com você nem se fosse preciso. Isso foi inexplicável.

- Cansou? - O dedo abusado de Camila circulava a borda do sutiã, enquanto ela tentava não pensar no que faria quando o dia raiasse. A outra fez que não. - Foi só um aquecimento.

- Ensine-me.

Camila a olhou e faria uma piada. Lauren falava sério. Desistiu.

- Não tenho o que ensinar-lhe, você só precisa seguir suas vontades. É assim que funciona.

- Nunca fiz amor com uma mulher antes. - Ela disse naturalmente.

A dor inflou no peito da latina. Foi uma porradaria sem fim.

Amor. Amor. A-M-O-R!

- Eu entendo, querida. No entanto, você saberá o que fazer. - Respondeu sem deixar que o abalo emocional tomasse conta de todo o seu ser.

Lauren a fez rolar na cama e arrancou-lhe as roupas. Um beijinho estrondoso em seu ventre ressoou ligeiramente. Camila morria de cócegas ali também. Jauregui a varria com os cabelos negros, surtindo risadinhas fofas. Cansada de só quere-la, vinculou suas bocas em um beijo apaixonado. Suas mãos perdiam-se entre as pernas e os seios, a cena com Erin veio em sua mente e então ela soube o que fazer. Declinando-se sobre a atriz, colocou as pernas dela em cima de seus ombros, ficando frente a frente com seu sexo. Ele era tão sensível aos olhos e precioso ao toque. A primeira coisa que pensou em fazer foi penetrá-la com a língua, Camila jogou-se para trás, os gemidos escalavam as paredes de sua garganta, manhosamente. O entra e sai ficava cada vez mais intenso. Lauren era rápida e aplicada, o que cometia ia além de sua intenção. Camila acabou sendo seu alvitre favorito, o sabor alimentava sua alma, rejuvenescia suas expectativas em se desempenhar naquela noite, estava conseguindo.

O oxigênio que chegava ao seu cérebro vinha carregado das feições de Lauren. Assim como o orgasmo que a pouco tivera, os espasmos faziam com que seu corpo tremesse, o jeito de escarnecer-se foi avassalador. A companheira fez aquilo com tanta fúria e desejo que chegou a duvidar se aquela era de fato sua primeira vez com uma mulher.

Logo depois, uniram os corpos e fizeram com que ambos os sexos dançassem juntos. Lauren mantinha-se firme e Camila permanecia reluzente perante de seus lindos olhos verdes. Amaram-se. Descobriram o prazer de cada uma e ainda assim não foi o suficiente, notando o quanto Cabello estava cansada, Lauren deu-lhe repouso e aproveitou para dormir junto a ela, com o rosto escondido em seus lindos cabelos castanhos.


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Camila foi a primeira a despertar no dia seguinte. Lauren dormia com tranquilidade, agarrada a um travesseiro, o edredom escondia seu bumbum, mas revelava a nudez de suas costas. De longe, Camila beijava suas margens com os olhos, vagarosamente, saltou para fora da cama. Procurou fazer todo silencio possível para não acordá-la. Recolheu uma roupa casual e foi tomar um banho no banheiro do quarto de hóspedes. Mirou seu semblante no espelho e sorriu desacreditando em muita coisa.

Na cozinha praticou a arte de cozinhar e queimar tudo. O cheiro do torrado saturou por todo o apartamento, torcendo o nariz para o cheiro horrível, Camila sentou no balcão pensando no que mais poderia dar errado.

- Bom dia! - A voz de Lauren a fez pular para o chão, assustada. - Você andou queimando algo? - Os olhos ainda sonolentos procuraram por evidências e muitas delas estava todas empilhadas dentro da pia. Sorriu e cruzou os braços.

- Péssimo dia. - Não soube como reagir. - Desculpe por não ser alguém que prepara um impecável desjejum.

- Seria pior se você não se esforçasse... - Peregrinou até ela, devagarinho. - O cheiro está enjoado, mas valeu a pena. - Com um abraço envolvente, deixou-a mais tranquila e aconchegada.

- Isso é para que eu me sinta melhor? - Cheirou seus cabelos, meneando seus corpos.

- Não. - Zombou. - Sente-se. - Soltou-a para organizar a arte falha dela. - Não olhe assim para as minhas pernas.

Camila apertou a garganta com a mão e olhou em outra direção. Lauren trajava apenas uma blusa e calcinha. Ela não resistiu e olhou-a mais uma vez, já que estava de costas, não tinha problemas. O contorno de seu traseiro deixou-a redondamente cáustica. Curtindo toda aquela concentração, Lauren cuidou de preparar todo o café da manhã tradicional. Camila fazia questão de roçar os braços aos seus quando lhe pedia uma colher ou até mesmo um copo.

- Obrigada. - Camila agradeceu pelo segundo french toast que Lauren colocou em seu prato. Logo veio a sentir o gostinho da canela, mastigou demoradamente, saboreando o sorriso da mulher incrível que estava ao seu lado. Não falaram muito durante o café da manhã. Aos olhos de Lauren, a latina estava pensativa demais, sabendo o que aquele sigilo todo significava, entendeu que era melhor continuar como estava: Muda.

- Você pode tomar um banho, irei arrumar toda a cozinha. Não terei trabalho, Laur.

- Sendo assim, não protestarei. - Vigiou-a lavar todas as louças. - Tudo bem?

- No momento sim... - Lavou pela quinta vez o mesmo copo.

- Camz. - Encostou a mão no ombro tenro. - Olhe-me por um instante, anjo.

Camila o fez.

- Eu estou feliz por estar aqui. Não pense que irei sair por aquela porta e fingir que nada aconteceu.

- Não estou insinuando nada, você é bem-vinda. - Emergiu um sorriso. - Pode usar algo meu.

- Volto em instantes. - Deixou uma piscada no ar.

Organizou a cozinha no mais profundo silêncio. Não pensava em nada no momento. Guardava os pratos e os talheres, perdida em um mundo vago de ditados.

- Minha blusa ficou tão curta em seus braços. - Camila sentou de joelhos no estofado da sala e ponderou suas risadas. Lauren brincava com a gatinha no tapete, fugindo do ataque de risadas dela.

- Sou maior, dê um desconto. - Analisou-se por meio tempo. A blusa de Camila era vermelha com uma estampa sem real importância, todavia era aprazível, ainda estava somente de calcinha. Não usaria as calças de pijama da latina, pois não se sentiria bem, só gostava de dormir nua ou com seus pijamas flanelados.

- A calcinha ajustou-se em você. - Afundou as mãos nos cabelos e riu cinicamente.

Lauren passou Lern para ela e sentou próxima.

- Você quer me deixar sem graça?

Camila apertou o animalzinho e olhou o celular.

- Não, Laur. Você está brilhante. - Exclamou, ligando a câmera do celular. - Sorria para nós. - Sustentou a felina entre o peito e apontou o aparelho para o rosto de Jauregui. Ela jogou os cabelos para o lado e deu um sorriso discreto. Camila riu e pressionou o dedo no ícone da câmera, capturando-a em uma bela foto.

- Deixe-me ver... - Fez uma careta e pediu: - Apague isso, Camz.

- Não.

- Por favor, estou horrível. - Implorou exasperada.

- Quanto eufemismo. - Bloqueou o dispositivo. - Minha filhinha e eu adoramos a foto. Você é linda. - Apertou a bolinha de pelos. - O sorriso foi para nós, então acho lindo.

- Lern é nossa filha e acho que ela não gostou a julgar pelo miado sofrido que está a soltar...

Camila a soltou no chão e enrubesceu.

- Porra! - Lauren deu um salto do sofá. - Que hora é essa?

- São onze horas da manhã. Tem algum encontro? - Perguntou em tom de adivinhação.

- Sim! E esqueci até o nome do cara, é realmente sou bem insólita.

- Um cara? - Sua cara deve ter sido a pior do mundo, pois Lauren a olhou em submerso. - Suponho que esteja atrasada. - Abriu uma gaveta próxima, tirou o roteiro da série e leu semelhando muito interesse no teor do enredo. As folhas foram alçadas para cima por Jauregui.

- Estou sendo grosseira?

- Não. - Fez sinal de quem queria as folhas. - Você tem um encontro. - Sacudiu a mão. - Dê-me aqui.

- Camila... - Sorriu de lado, escondendo a papelada toda atrás das costas. - Desculpe. - Sentou, de repente.

- Desculpá-la pelo o quê?

- Por parecer indiferente. - Disse e estendeu os scripts. Ela os segurou. - E de agora em diante irei perguntar-me o que acontecerá entre nós. O que ocorreu ontem não foi um simples caso de uma noite.

- O que acontecerá entre nós? - A pergunta correu em desespero, afetando Lauren a ponto de fazê-la sorrir. Os olhos infantis de Camila estavam brilhantes e intrigados.

- Eu não sei, mas não quero que fique um clima estranho. Nós ainda somos amigas. Certo?

- Sinceramente eu preferia tê-la como inimiga. - Levantou, procurando pelo carregador do celular. Seus pensamentos empilhavam-se dentro de sua cabeça mas ela não os deu ouvidos e fingiu que tudo estava bem. A vida lá fora estava linda, no lugar da chuva fraquinha imaginou um sol escaldante, pessoas felizes nos parques aos arredores, a inexistência da fome no mundo. Tudo estava perfeito no seu mundo de ilusões. - Seria o momento ideal para alguém bater a claquete e gritar: Corta. - Pensou um pouco alto. - Vai atrasar-se. - Desistiu de procurar pelo carregador, tendo a certeza de que por ali ele não estava.

- Espere. - Lauren sumiu pelo corredor, dando uma carreirinha.

Cabello deitou no sofá, cruzando os braços em cima de seu estômago.

- Muito bem! - A morena estava bem próxima. - Nós podemos fazer alguma coisa? - Procurou Camila e sem oscilar abriu um sorriso ao vê-la deitada. Sentou na beirada e abraçou-se a ela. - Desculpe se a chateei. Não é e muito menos será a minha intenção, você é importante para mim.

Os cabelos fizeram cócegas em seu pescoço. Dando adeus a cara amarrada, Camila venceu-se e deu risada.

- Costuma chatear tanto as pessoas, Lolo? - Lauren riu na curva de seu pescoço. - Levante a cabeça daí, eu morro de cócegas. - Ela não se mexeu. - Lauren! É sério. - Vendo por este lado, Jauregui ergueu o rosto e a olhou nos olhos. - Estou tentando não te olhar tão de perto, desse jeito as coisas ficam complicadas. Afaste-se.

- É só ter autocontrole. - Ponderou, arqueando sorrisos infinitos.

- Impossível... - Limpou a garganta, olhando o teto, que ficou tão sem graça. - E seu encontro?

- Não importa, é com você que passarei o meu dia. - Beijou a bochecha dela. - Apenas Alexa sabe onde estou... Eu acho.

- Ooow! - Sentou, fazendo Lauren ir ao chão. - Alexa... - perdeu as palavras por um segundo. - Sabe...

- Ela minha melhor amiga, não minha mãe. Jamais se voltaria contra a mim por isso mas com certeza despejará um saco de perguntas em minha cabeça. - Ajeitou os cabelos e esfregou as costas. - Nós somos usuárias do bom senso.

- Dios! - Prensou as costas no sofá e abraçou os joelhos junto ao peito.

- E... - Fez desdém, revirando os olhos. - Você tem Ariana.

- Se você quer saber como me sinto por traí-la, acompanhe-me ao terapeuta quinta-feira às dez da manhã. - Camila falou simplesmente. - Ela saberá. - Suspirou. - Não esconderei.

- Eu nem sei o que dizer. - Mesmo sentada, sentiu um estonteamento. - Espero que não tenhamos problemas.

- Não iria te sujeitar caso fosse mais delicado. Ari e eu temos uma envoltura, digamos... Revolvida? - nem ela soube. - Eu espero que tenha sido bom para você. - Mudou de assunto.

- Cabello, você me confunde. - Tirou a gatinha que subiria em seu colo e levantou. - Não pode guardar só entre nós?

- É o que quer?

- É o que eu prefiro. - disse sem fôlego.

- Já podemos fingir que nada aconteceu? É até preferível. - Ela indagou, tentando parecer casual.

- Aconteceu e foi bom demais para fingir que nada existiu!

Houve uma pausa bastante difusa, então por fim Lauren controlou-se.

- Não posso esquecer. - Puxou-a pelas pernas, fazendo com que caísse de bunda no chão. - Desculpe. - Sorriu pelo empecilho.

- Por favor, só não nos deixe ficar como Erin e Zoe. - Abraçou-a pelo pescoço. - Não sobreviveria. Você é sinônimo de calmaria e eu de intensidade.

- Acho até que seria uma mistura envolvente. - Bateu a testa contra a dela. - Você só precisa gostar de UFC, deixar os doces de lado e vencer o medo de chegar perto de Dyson.

- Ele me odeia. UFC é muito escasso para os meus interesses esportivos e doces; é um mar apraz para mim. - Enrugou o nariz. - Somos opostas.

- Os opostos se atraem. - Foi clichê e ganhou um beijo mordaz por isso. Camila prendeu os lábios dela entre os dentes e os puxou para trás. - Mm! - Achou ruim, mas conseguiu sorrir.

- Encontrei algo melhor do que simples doces. - Enlaçava suas pernas, ao falar.

- Não perguntarei o que é. Tenho um conceito e irei crer nele. - Alegou como se isso explicasse tudo. - Podemos assistir à reprise da luta de ontem?

Camila revirou os olhos e levantou para sentarem no sofá.

- Olha, preferiria uma luta corporal entre nós. Como a cena em que filmamos na biblioteca. - deitou no peitoral da sua companhia.

- Esse evento de sexo lésbico ainda é uma novidade para mim. - Deixou no canal, após ligar a televisão, seus dedos foram parar nos cabelos lisos de Camila

- Não fale assim, use outra qualificação. - Fechou os olhos, puramente adorava quando mexiam em seus cabelos.

- Podemos criar uma. Uau! - Dividia a atenção entre a luta e Camila.

- Sexo é direto. Amor... Ok, não se trata disso. - Lauren a pinicou. - Afeto! - murmurou, quase dormindo.

- Soa muito bem. - Ficaram quietas.


╭═────═⌘═────═╮

Quinze minutos depois Camila já adormecia. Lauren realizava gestos leves em seus cabelos, descendo e subindo as mãos gentilmente. Sentimentos delicados desabrocharam em seu interior, acelerando até mesmo sua respiração, buscou todos os eventos que passou ao lado de Camila e inquiriu a si mesma o porquê de nunca olhá-la daquela forma. Os braços a protegeram como se ela fosse à coisa mais preciosa do mundo em seu colo, ergueu-a mais um tanto e beijou-a na testa. Sem que intuísse, adormeceu ingenuamente.

Camila ouviu o ruído de trovões e abriu os olhos. Tudo ao redor estava escuro, devido ao atenuado lá fora. Lauren abraçava seu corpo com força, proteção, deu risada e levantou, despertando-a.

- Tudo bem? - Estava curiosa e confusa.

- Sim, querida. - Pisou no chão. - Estamos sem energia.

- Não gosto do escuro. - Esfregou os olhos e riu um pouco. - Não contarei qualquer história sobre fantasmas.

- Grata.

Olharam-se. Lauren encarava seus lábios irradiando cobiças, ela mordeu o próprio e aproximou-se. Rápida, Camila a beijou primeiro e riu, sustaram o beijo com leves beijinhos.

- E agora, por que ri tanto? - Encostou a testa em seu queixo e fechou os olhos, sentindo o cheiro de seu corpo. Camila cercou-a com as mãos, enquanto a boca já se pressionava contra a testa pálida.

- Não sei. Acho que estou feliz. - A moça exclamou alegremente.

- Hm. Não é certeza?

- Eu não sei, já sentiu uma confusão de sentimentos em torno de uma pessoa? - Lauren olhou-a e bastou.

- Entendo o que disse, mas quero uma certeza. Eu estou feliz, isso é fato. Você está feliz?

- Sim! - seguramente, replicou. - Por você estar aqui. - Surtiu um beijo terno da morena.

- O que a felicidade puser na mesa beba sem medo. - Sussurrou contra o beijo.

- Ela colocou você. Devo bebê-la? - Ela agitou a cabeça positivamente e baixou as pálpebras beijando-a com paixão. A familiaridade de tocá-la era tão intensa que quase doía. Não por causa da desenvoltura física, mas sim da emocional. As línguas tocaram-se e uma deslizou sobre a outra, em um vínculo quase perfeito. Camila segurou no pescoço dela e aprofundou o beijo, em seu tempo, desceu a mão direita por todo o ombro de Lauren, parando nas coxas despidas, arranhou sentindo toda quentura daquela pele.

Jauregui gemeu, apartando as bocas. A vida embolsava uma extensão nova e o experimento deixava-a em êxtase. Camila era maravilhosa, calma, procurava respeitá-la a todo o instante. Primeiro a tocava e aguardava por uma reação antes de continuar.

- Estou deixando-a viciada?

- Sim, é claro. - Riram por um breve momento. - O que você está fazendo comigo?

- Eu ainda não fiz. - A voz mansa deixou Lauren eriçada, a resposta teve muitas divisões. Abafando algumas dúvidas, Camila riu mais um pouco e a deitou no sofá. Ajeitou as pernas na parte superior do estofado e deixou-a aleitada com a coluna reta. Se Jauregui quisesse, ficaria de ponta cabeça. Os cabelos escorreram para baixo, quase tocando o chão. Camila livrou-se das roupas e a olhou nos olhos. Lauren sabia o que ela estava fazendo, mas os olhos castanhos a magnetizaram.

De joelhos no carpete, Cabello sorriu e recebeu uma pergunta:

- Você vai me beijar como aquela garota no filme do homem aranha?

- Isso só pode ser piada. - Deu-lhe um selinho rápido. - Não posso acreditar que você assiste a este tipo de filme.

Lauren sorriu para valer.

- Me beijará ou não?

- Eu irei sentar em seu rosto, mas não quero assustá-la. Tudo bem? - Usou toda a educação, não queria soar vulgar demais.

- Camz! - Adorou a ideia, mas não deixou transparecer como deveria. - Não precisa ser tão cerimonial.

A latina levantou e riu, negando. Afastou um pouco as pernas e foi chegando mais perto do rosto de Lauren. Encostou seu sexo na altura do queixo dela e esperou, imergindo outra vez em seu olhar, analisando se estava ou não sendo aceita.

Ela mordeu o lábio e apreciou toda a nudez delirante da colega de elenco. A visão era tão feminina, erótica. Os olhos verdes piscaram pausadamente, consentindo. Camila foi encaixando-se em sua boca, flexionando os joelhos. Lauren avistava os cabelos no alto de sua cabeça, eles se moviam junto ao remexo de seu corpo, sua língua já reconhecia o gosto de Camila. O sabor dela ainda era o mesmo, com as mãos inquietas, alisou-a entre os seios, cintura.

Camila espalmou as duas mãos contra a espuma encoberta do sofá e sugou o ar, pois o perdia tão rapidamente, assim como a razão. A língua ávida de Jauregui a estocava carinhosamente, do mesmo modo em que suas mãos pincelavam seu corpo, as luzes piscavam tão forte naquele instante, associou o fenômeno aos seus sentidos e fechou os olhos, se friccionando nos lábios úmidos. - Dios... Sii! - Lauren sorriu, apreciando seu desenvolvimento com a língua. A novidade já não era tão espantosa assim. A experiência era inebriante, Camila virou-se de frente e nessa breve pausa, passou a língua em seus lábios, limpando todo o prazer que os deixaram banhados.

Agora de frente, as duas se olhavam. Ela gravava todas as expressões de Camila, desde o unir das sobrancelhas às mordidas nos lábios toda vez que movia a língua em seu nervo rígido. O prazer que sentia a fez fechar as pernas e apertar as coxas. Seu sexo já pulsava incontrolavelmente, um grito manhoso de amadorismo purificou toda a sala. Lauren pressentiu que Cabello gozaria em poucos segundos, pois o corpo dela relaxou com ardor em cima de seu rosto, atenuou o atinja e correu os dedos pela lateral da cintura fina, para em seguida cultivar os seios, foi recompensada por uma lubricidade aguada, tomou-a, lambeu-a e distribuiu alguns beijos em sua virilha. Aos poucos, Mila foi saindo daquela posição e sentando no sofá, com as pernas cruzadas.

- Foi maravilhoso. - Disse, colocando todos os cabelos de Lauren no lugar e a colocou deitada com a cabeça em seu colo. A ponta de seu dedo contornava os lábios rubros, a seguir, desceu pelo pescoço, seios, ali demorou um pouco mais, duplicou-os e invadiu-a por debaixo da blusa.

- O que está fazendo? Sinto cócegas.

- Não é óbvio o que estou fazendo? - Com a mão cheia, apertou-a nos seios e prendeu um dos mamilos entre os dedos. - Te tocar é muito significativo para mim. Já almejei antes e ainda acho que estou sonhando.

- Se for um sonho, eu suponho que estamos juntas nele também, pois consigo senti-la beliscando o meu mamilo direito.

As duas não aguentaram e riram cumplices.

- Isso é ruim? - Apertou-o.

- Fiquei mais excitada do que já estou. - Foi sincera.

Camila utilizou a mão livre, escorregando-a para dentro da calcinha dela, sem nem se quer um aviso prévio. Lauren estava tão molhada, que o tecido da peça íntima ganhara uma aguada leve, adentrou-a rápido demais.

- Desculpe por deixá-la esperando. - Fez o movimento bem fundo, como se empurrasse todo o prazer de dentro dela contra as paredes de seu sexo.

- Você faz isso ficar interessante. - Procurou concentrar-se no vaivém dos dedos e nos beliscos em seu seio.

- O quê? Conversar durante o ato? - Lauren não respondeu e gemeu. - Responda-me, Laur...

- Sim... - Arrebitou os quadris e inclinou-se para frente, procurando mais contato. Camila entendeu que precisava ir mais veloz.

- Poucos conseguem essa habilidade. - Beijou-a no pescoço algumas vezes. - Você é tão linda. - Diminuiu as estocadas e com a ponta do polegar pincelou o clitóris austero. - Olhos, boca, nariz... - beijou-o na pontinha. - É uma obra de arte dos Deuses. - Lauren sentia o coração tamborilar. Camila estava levando-a ao desconhecido, entretanto confino. Homem nenhum havia conseguido tais feitos. - Deixe vir...

Lauren levantou o olhar e cerrou os olhos, olhava a outra com devoção e sendo assim atingiu o orgasmo mais significativo das últimas horas. Experiente, ela logo retirou os dedos inclusos de si e os elevou até a boca, naturalmente.

- Obrigada, Jauregui. - Lauren riu daquilo e ficou um pouco quieta, de olhos fechados. Os lábios macios da outra tocaram os seus. Beijaram-se. O barulho do estômago de Camila quebrou o clima de romantismo.

- Alguém está com fome.

- Você pode alimentar-me de outra forma. - Vestiu apenas uma blusa e a calcinha. Ela e Lauren zanzavam pelo apartamento assim, desde então.

- Pense nisso como sobremesa. - Beijou-a levemente. - Depois, você sabe.

- Você sabe... - imitou. - Certo. O que você irá preparar? - Camila abraçou-a pela cintura e foram andando até a cozinha.

- Quem lhe disse que eu prepararei algo?

Afastaram-se e Camila fez beicinho.

- Tudo o que sei preparar é macarrão instantâneo.

- Surpreenda-me. - Fechou o aspecto e cruzou os braços.

- Fala sério?

- Sim, Camz. - Sentou no mármore da pia e ficou muito séria.

- Esse seu... - apontou-a e colocou-se entre as pernas dela. - Arzinho mandão está me deixando muito temível. Não funcionará assim, perderei as rédeas e queimarei tudo.

- Vejo que é de seu feitio incendiar alimentos. - Sem resistir, deu-lhe um beijo lento.

- Ok. - Foi a procura dos preparativos. - Nós estamos sem energia. - Mostrou-a. - Não enxergarei muito bem.

- Ah, qual é... - Riu, roucamente. - A luz está entrando aqui através das janelas. Não é tão evidente?

- Amor, eu só precisava de uma desculpa qualquer... - Inocentemente, disse.

Lauren coçou atrás da orelha e desceu de onde estava sentada.

- Deixe comigo.

Camila levantou a mão para ela bater.

Lauren encontrou na dispensa muitas coisas que certamente Camila não usaria e fez um pequeno almoço. A dona da cozinha bem que tentou, mas não teve sucesso com a faca. Jauregui preferiu que ela ficasse longe, apenas olhando-a trabalhar. Camila perguntava-lhe tudo, igualmente comparada a uma criancinha curiosa.

Aspargo pochê com molho holandês, saladas e bolinho de legumes com confit de paleta, complementaram o almoço descolado das duas. Lauren colecionou todos os elogios vindos da amiga. A cada garfada, Camila sorria e gemia, encantada.

- Você já pode casar!

- É o que Clara diz toda vez que eu cozinho para ela. - Deixaram a cozinha em ordem e seguiram para o banheiro, onde escovaram os dentes. - E não pretendo casar. - Fez que não com as mãos, já de fora do banheiro.

Camila apagou a luz e sorriu.

- Não sonha em construir uma família como a sua? - Deram as mãos, chegando à sala.

- Não conheci alguém que despertasse este mérito em mim. - Olhou-a e alisou o rosto terno. - E você?

- Olhe para mim. - Riu. - Não tenho cara de quem quer casar ou ter uma família grande.

- Minha família é grande. - Rebateu. - Somos unidos.

- Sua família é incrível. Você é abençoada. - respondeu distraída, olhando as unhas pintadas.

- Hey... Chateei? - com os dedos, levantou o queixo dela.

- Não, Laur, não me chateou. - fungou, apertando os lábios. - Minha família também é grande mas somos afastados. Quando nos reunimos pela última vez foi no funeral de meu avô. Somos atarefados demais para encontros abaixo de eventos abaladores. - falou.

Sem mais, Jauregui a beijou para sanar sua visível tristeza.

- Você me cura de uma forma tão assustadora, Lolo

Ela brincou com os lábios.

- Quero que venha comigo a um lugar... - Meditou um pouco. - Podemos cancelar nossos eventos amanhã e ao cair da noite partiremos.

- Amanhã? Cancelar nossos eventos? - divagava, confusa.

- Sim. Meryl entenderá. Ela mesma sugeriu-me algo. - Sentou direito. - Mas enfim, se você vier comigo, não irá arrepender-se, podemos negociar os nossos compromissos. Não ficaremos fora por muito tempo. Dois dias será o suficiente e além do mais, eu acho que você gostará.

- Eu não sei o que dizer, Laur eu...

- Por favor. - olhou no fundo dos olhos azuis. - Não recuse, farei para que se sinta melhor. E sei que irá me agradecer por isso. - Camila estava confusa. - Confie em mim, apenas aceite.

- Ok... Mas não sei como darei a desculpa de que preciso viajar com você.

- Hm... - Riu, a espera de ser acompanhada, quando conseguiu o que queria, encheu-a de beijos. - Desfaça esse bico. Cuidarei de tudo.

Entardecia quando a energia voltou. Lauren se dispôs a ensinar Camila a jogar cartas e como somar os pontos de acordo com o jogo. A latina aprendeu de forma rápida e puderam se divertir por muitas horas. Desligaram os celulares e conectaram-se entre si. A atmosfera entre as duas fluía tão perfeitamente, tinham gostos musicais parecidos, como preferência por filmes e livros. Camila a deitou no sofá e fizeram com que seus corpos se envolvessem mais duas vezes. Muitas horas depois, deitaram na cama da latina e assistiram a clássicos antigos. Camila tinha tanta facilidade em dormir, que Lauren já havia perdoado o fato de assistir a tudo sozinha.


╭═────═⌘═────═╮

- Preciso ir, Camz. - Colocou a jaqueta e fechou-a. - Alexa está nervosa com meu esvanecimento. - mostrou-lhe as mensagens e Camila coçou a garganta, empurrando a mão dela. - Você não vai dizer nada?

Camila enrugou o rosto e cobriu-se ainda mais.

- Eu quero que fique. Não há nada demais.

- Eu passei todo o dia com você, querida. Lucy está em meu apartamento, preciso vê-la. - esperou que ela entendesse.

- Desculpe. Tem razão, desculpe... Mesmo. - sentou na cama, envergonhada pelo comportamento. - Estou tão acostumada a ficar sozinha aqui e quando aparece alguém... Eu... - atrapalhou-se.

- Vem comigo. - Rodou o celular nas mãos.

- Não. Olha, tudo bem. Você precisa de um momento com suas amigas. - gritou em pânico. Porém, encurtou o tom de voz e sobrepôs: - Vou ficar bem. Apenas vá.

- Eu quero que você venha comigo, Camz. - Disse, irredutível.

- Laur. Não sei como olharei para suas amigas. Alexa nos matará. - Mordeu o lábio, incerta.

- Ela está brava comigo, mas eu abraço-a e fica tudo bem. Vamos!

- Por que faz questão que eu a acompanhe?

Lauren bufou.

- Eu quero sua companhia. Custa acreditar? Espere. - Riu. - Estou pegajosa demais?

- Deus! Às vezes você é tão... Desculpe a sinceridade...

- Hm? - aguardou.

- Idiota. - disse muito rápido e Lauren só ouviu o final de sua pronuncia.

- Só consegui ouvir o final. - Desconfiou, fazendo uma cara engraçada. - Vamos logo.

- Ok!

Camila levou ainda mais tempo para vestir-se, a cada peça que escolhia, pausava e abraçava a morena. Lauren estava encantada com esse lado que desconhecido de Camila. Ela era a mulher mais afetiva e doce que já conheceu. Quase uma vida depois, as duas finalmente seguiram para o apartamento de Lauren.

- Finalmente! - Alexa abriu a porta, mas parou ao olhar a cara das duas. Ambas sorriam desavergonhadas. - Lauren Michelle, eu quase morri de preocupação aqui!

- Você realmente deixou alguém nervosa. - Lucy deixou a bebida no descanso e levantou imediatamente para abraçar a amiga. - Tudo bem? - E olhando Camila, sorriu. - Mila, olá. Como está?

- Estou bem. E você? - Retribuiu o abraço e sentou ao lado de Lauren, ela já servia um drink em dois copos.

- Eu estou ótima, querida. - Olhou Lauren. - Onde se meteu? Alexa chamaria o FBI.

- Eu estive no apartamento da Camila. - Disse e entregou a ela um copo. Camila tremia, queria pedir para ela não dizer nada. Sentia medo, receios. - Amiga, eu sinto muito, tem todo o direito de ficar chateada. Eu no seu lugar teria me batido.

- É uma boa! - Tomou a oportunidade. - E aquela mensagem? Poxa! Não entendi nada, Lauren. Preocupo-me muito com você, levei o que fez como falta de apreço.

- Huh, não. Não... Por favor, foi um descuido, me sinto tão mal por não ter ligado... - Virou a bebida na boca.

- O que você esteve fazendo de tão importante? Dependendo da resposta, decido se irei perdoá-la ou não.

Lauren olhou Camila que, olhou Lucy, essa olhava todas.

- Eu estive ajudando a Camz em um assunto pessoal.

A latina relaxou tanto que quase gemeu.

- Mentira! - Lucy, cerrou os olhos, rindo muito. - Analisei sua mensagem de ponta a ponta.

- Por que é que você faz isso, hein? - Lauren jogou as mãos na direção dela. - Alexa!

Camila estava tão perdida, que sentiu vontade de chorar em desespero.

- Ela pediu para ler e deixei, afinal, estávamos preocupadas.

- Ok.

- Lauren! - Lucy insistia. - Mila, o que houve? Desculpe a pergunta.

- Lauren e eu estávamos juntas. - Na confusão toda, entregou tudo. Era o que fazia quando se sentia nervosa. Era do contrário mesmo.

A boca das duas mulheres se abriu e se fechou ao mesmo tempo. Perguntas viriam, mas não no momento.

Lauren a beijou na bochecha, não se importando muito.

- Alguém quer explicar? - Alexa indagou abruptamente, entrelaçando os dedos com nervosismo.

- Eu e Camz estivemos juntas... - Falou com cautela.

- Juntas sexualmente? - Lucy divertia-se sem pesar.

- Dios! - Camila pedia ajuda a Lauren com os olhos tristes.

Virando-se para ela, Jauregui a beijou nos lábios até que ela se acalmasse.

- Certo, Alexa. Isso explica.

Alexa ignorou a amiga e piscou muitas vezes.

- Lauren... Mila?

- Eu poderia ter mentido mas vocês me conhecem bem. - Apertou a mão de Cabello e encarou as amigas. - Não prezo a mentira e cultivo a verdade. Camz e eu passamos a noite juntas, como o restante do dia todo. - Deu mais um gole para tomar coragem. - Nós somos amigas, acima de tudo e não estamos namorando, muito menos pretendemos isso.

Camila puxou a mão e juntou as duas no copo, pensando na vida lá fora.

- Vocês estão se descobrindo? - Lucy queria muito saber. - Como funciona isso, Alexa?

- E por que eu saberia? Não estou entendendo até agora!

- Lauren quer dizer que sentiu atração por mim por pelo menos uma vez e transamos! - Foi nua e crua, já entediada. - Mas não pretendemos seguir por esse caminho, foi algo... Bom. - Riu, achando engraçado o fato de estar sendo idiota demais. - Provisório.

Jauregui furiosa com a explicação trivial concordou no mesmo instante, afoita.

- É exatamente! - Bateu palmas. - ela tem razão.

- Ah, então eu tenho? - sorriu, debochada ao extremo.

- Vocês estão discutindo como um casal. - Alexa ainda tentava entendê-las.

- Não estamos. - Garantiu Lauren.

- Somos parceiras de elenco e sentimos fascínios uma pela outra. - Camila arriscou ser indiferente. - Espero que isso não seja constrangedor entre vocês. Peço desculpa, caso seja. Mas não vejo a relação entre duas mulheres abominável.

- Eu só não acredito que Lauren... - Lucy, reformulou. - Ela estava conhecendo uma pessoa nova.

- Ela ainda está. - Camila, cruzou as pernas. - O fato de ela ter transado comigo não mudará a condição sexual dela. - Aquilo a rasgava por dentro, mas não iria cair naquela armadilha de sentimentos.

Lauren Jauregui sentiu muito, ficou reservada com a revelação e a resposta de Camila. Não havia pensado na pessoa com que havia saído. A mulher ao seu lado apagou todo o rastro dos que passaram por sua vida.

Ficaram em silêncio.

- Você está bem? - Inclinou-se para observá-la melhor.

- Estou Lauren.

- Desculpe Mila. - Alexa só então notou o constrangimento dela.

- Tudo bem, eu ficaria semelhante a você. Entendo-a. - Levantou. - Eu preciso ir.

- Não! Não tem por que ir embora. Eu a convidei, então você fica. - Lauren segurou em seu pulso.

- Você está bem Camz? - a morena perguntou mais uma vez.

- Eu estou! - Repetiu com mais vigor do que era necessário. - Acho que você precisa de um tempo com suas amigas.

- Você é bem-vinda, Mila. - Lucy disse.

- Desculpe se te aborreci. - Jauregui abraçou-a. - Desculpe.

- Acho que equivoquei-me falando a verdade. - Espiou por cima dos ombros dela. - Suas amigas estão aterrorizadas.

- Elas estão bem.

- Estamos não se preocupe Mila. Perdoe-nos pela falta de jeito mas não somos acostumadas a ver Lauren com outra mulher, não fora de cena. E ainda estou muito chateada pelo sumiço dela. Toda essa situação é um pouco diferente para nós.

- Sinto muito. - Empurrou Lauren. - Não faça isso na frente delas. - sentou pela segunda e última vez.

Apesar da atmosfera estranha, todas sorriram.

Durante toda a noite, Lauren se manteve afastada de Camila. Porém, a troca de olhares fora inevitável. O assunto foi variado entre as quatro, não tocaram em questões que deixassem Camila ou Lauren desconfortáveis. Viram fotografias de quando a morena ainda era uma pequena criança e tiraram sarro ao encontrar uma em que ela estava em uma peça de teatro da escola fantasiada com uma roupa de vaquinha. Camila ria que contagiava as outras. Tomaram vinho e pediram pizzas. Lauren fez cara feia para a massa e foi convencida por uma certa garota a comer um pequeno pedaço.

Alexa despediu-se de Camila pois partiria com Lucy para Los Angeles em um voo na madrugada. Ambas aguardariam no aeroporto. As amigas de Lauren a encheu de desculpas e recusaram a carona até o aeroporto.

Sozinhas, as duas juntaram todas as fotografias e ficaram sem assunto até o momento em que Camila decidiu que era hora de ir.

- Você pode ficar.

- Não. Preciso ir mesmo... - Procurou pela bolsa. - Desculpe o desenrolar na frente de suas amigas

- Fique. - Fez como não ouvisse o que ela dizia.

- Laur, Ariana chegará pela manhã e passará em meu apartamento. - Já que a morena não trabalhava com mentiras, por que ela o faria?

- Você acorda cedo e vai. - Aproximava-se. - Aproveito e irei com você, minha moto ficou lá. Ou não lembra?

- Sim, mas... - Um beijo a calou.

Dez minutos depois...

- Você é um perigo em tratando-se de convencer. - Cabello fazia desenhos imagináveis em seu braço. Já jaziam na cama espaçosa de Lauren.

- Vinte e quatro horas. - Contou em meio a um bocejo.

- O quê? - Camila bocejou também.

- Estou ao seu lado tem vinte e quatro horas.

- Há-há. - Implicou, disfarçando o tremor em seu coração. - Você contou. - Olhou o celular e colocou na foto que tirara mais cedo. - Eu amo essa foto.

- Apague isso, Camz.

- Hmm. Não! - desligou o celular e deitou a cabeça no peito que subia e descia a cada respirar. - Boa noite.

- Boa noite.


╭═────═⌘═────═╮

- Vocês chegaram agora? Não... Não tem problema. - Lauren falava ao celular com a irmã. - Irei busca-los, não tomem um táxi.

Camila esperava já pronta para ir para o seu apartamento.

- Ok. Certo, vejo vocês, tchau. - Encerrou. - Eu não poderei ir com você, Taylor está me aguardando no aeroporto.

- Não tem importância. - Se abraçaram. - Dê um beijo nela por mim.

- O farei. - Sem soltá-la exatamente, sorriu. - Vejo você hoje à noite? Podemos jantar com minha irmã, assim organizaremos nossa viagem. O que me diz?

- Conversarei com Eloise, depois te mandarei uma resposta. - Abriu a porta. - Necessito ir.

- Obrigada. Vá com cuidado. - Deixou-a sair.

- Deixa comigo. - Soltou uma piscadinha.

Abraçaram-se demoradamente e Camila deu um beijo em seus lábios.

- Eu te vejo mais tarde. - Disse e foi embora, não sem antes olhar para trás e sorrir. Lauren esperou que ela entrasse no elevador antes de voltar para dentro.

No próprio apartamento, Camila sorriu ao ver Ariana. Abraçou-a bem forte e foi levantada no ar.

- Você parece ainda mais feliz. - Deixou-a de pé. - Tudo bem?

- Sim. De verdade.. Muito bem. - Riu um pouco. - Fez boa viagem? E o show?

- Foi um máximo. - Pegou Lern no colo e beijou-a. Quando inventou de devolvê-la ao chão, visualizou o capacete de Lauren e estranhou. - Alguém esteve aqui?

- Sim. - Disse e ficou séria.

- Quem?

- Lauren, ela passou a noite aqui.

- Vocês ficaram juntas? - Estreitou os olhos.

- Desculpe. Você já sabe a resposta.

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