Vem comigo?

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- Vocês poderão fazer uma viagem ao Japão em outra oportunidade, querida. - Mercedes com seu jeito calmo, tentava ajudar Camila a distribuir as emoções em sua cabeça.

- Sim, vovó. - Camila cobriu a mão da anciã com a sua e através das janelinhas do avião tentou não pensar na brusca mudança de planos de Lauren. Naquela mesma manhã a morena acordou e lembrou-se de um compromisso inadiável que teria em Montana. Camila não era tão ingênua a ponto de não fazer suposições. Ela sabia que Lauren era muito responsável, mas chateou-se. Queria muito chorar, mas segurou. Não faria na presença da avó. Contudo, Mercedes identificava todos os seus gestos e trazia a viagem ao Japão para a pauta, colocando palavras de conforto em cima dela. Para ela, Mila estava bem triste por não poder viajar com a amiga. Não que ela estivesse errada, mas só queria esquecer que fizeram planos juntas, porém, para tal efeito, teria que sorrir e conversar coisas amenas.

- Você quer conversar a respeito disso?

- Não, não mesmo. - Sorriu. - Vejamos pelo o lado bom. - Os olhos da avó ficaram olhando-a, ansiosos. - Irei ver mamãe, Sofia...

- Titia... - Incluiu-a. - Oh, querida. Ela fala muito em você.

- Tia Dolores... - Repetiu, lembrando-se de sua tia-avó. - Ela dirá: Mila, querida, ainda lembro-me de o dia em que a levei no hospital, você estava com febre. - As duas uniram-se em uma risada e Mercedes conseguiu o que queria: Vê-la sorrir espontaneamente. - Eu sinto saudades de vocês. Estou tão longe... - Para muitos, a família era importante, vinha em primeiro lugar. Mas Camila aprendeu que precisava ser independente, sem claro, esquecer a família. O trabalho tomou-lhe muito tempo e acabou afastando-se.

- De qualquer modo, não importa o quão longe você esteja. - Falava olhando-a nos olhos, com simpatia. - Não importa o que esteja fazendo, enquanto você acreditar nisso, terá o meu apoio.

- Obrigada por ser tão maravilhosa. - Os momentos com a avó eram únicos, provava o gostinho do simples e agradável.

Desembarcaram em Miami, muitas horas depois. Camila conhecia a cidade como a palma da mão. Tudo ali lembrava Ariana. Ela adorava aquele lugarzinho, embora raramente tivesse a oportunidade de curti-lo.

A casa de sua avó era grande, com muitos vasos de plantas de todos os tipos e formatos. A sala equipada para abrigá-los em noites de inverno rigorosos estava bem arrumada, os sofás alojavam muitas almofadas. Camila sorriu, nada havia mudado.

- Mamãe não está em casa, meu bem. - Mercedes segurou uma xícara com chá e passou-a para neta. - Ela com certeza deu um jeito de escapar de Greg. - A latina ficou cheia de dúvidas. - Oh sim, Greg é o namorado de sua mãe.

- Mamãe... - Sinceramente não soube o que dizer.

- Sim, não fique tímida. - Deu uma viradinha de lado, apoiando a xícara na segurança de uma mesinha. - Sua mãe é nova, tem tempo. Você é adulta meu amor. - Camila deu risada, horrorizada. - Você precisa relaxar, Mila.

Sentou em postura. Não queria relaxar e sim caminhar, pensar um pouco.

- Sofia?

- Mandou-me uma mensagem. Mas não entendo bem esses telefonezinhos. - Mostrou o aparelho na palma de sua mão. - São muitas coisas em algo tão pequeno.

- Concordo!

- Mas então... - Mercedes segurou nos braços dela. - Ela vem vê-la. Está com o namoradinho. Ele é uma bom rapaz, mas não sei não.

- A senhora sempre desconfiou dos relacionamentos dela.

- Essa menina tem um dedo podre para rapazes. - Resmungou. - Seu primo pregou-nos um susto dizendo que tua irmã era lésbica.

Touch ItWhere stories live. Discover now