Touch It

Touché

- Lauren, você está bem? - Camila ficou mais próxima, Lauren continuava negando, parecia uma pessoa em meio uma catástrofe. - Lauren...

- Não! - Ela bateu na mão dela antes mesmo que a tocasse em seu braço.

Camila precisou do amparo de suas perspectivas. Gostaria que a revelação aguçasse em Lauren outro êxito, não aquele. Bastava olhá-la para considerar que nada ia bem.

- Vamos lá.. O que há? - sua mão fez menção em tocá-la. Lauren foi distanciando-se.

- O que há? - Ela enxugou as gotas de lágrimas. Sorriu. Não com vontade. - Me diga o que você está esperando agora? - Camila se pronunciaria, mas ela não permitiu. - Já sei! Você espera que eu a perdoe, certo?

- Eu espero que você me entenda, Laur.

- Entendê-la? - Ela estreitou os olhos, querendo esganá-la. - Mas que merda! Eu não posso me sentir mais enjoada do que já estou... - Tremendo muito, ela buscou a escora de uma cadeira. Seus lábios estavam brancos, a respiração imperfeita. Ouvir Camila dizer que a pediria em casamento e depois aprontar tudo aquilo, foi à cartada final. Ainda recordava o beijo que ela deu em Ariana. Não foi imposto. A cantora a beijou e ela correspondeu. - Se você pensa que dizendo isso irá mudar algo, está enganada, Karla Camila

- Mas que coisa! Eu só não sei o que fazer Lauren. Estou tentando, sabe? - Sem dar-se tempo para pensar, ela ergueu-se e sentou-se ao lado de Jauregui. - Me perdoe, pelo o amor de Deus. Mesmo se não for para continuarmos juntas. - Ela ampliou a mão para o ombro, tremulou, mas por fim tocou-o com inocência.

- Eu não posso perdoá-la! - Irredutível, Lauren bateu no braço dela. - Você me traiu. Isso dói, queima e estraçalha o meu coração. Você não pode nem imaginar como é isso. Nunca foi traída, não é? - Levantou. - Ainda bem que o pedido de casamento não veio. - ela confessou. - Seria o fim vê-la se agarrando com Ariana nessas circunstâncias.

- Eu não me agarrei a ela, Laur. Querida, eu entendo o seu ponto de vista... - Ela inspirou profundamente, imaginando como poderia expressar seus sentimentos sem tornar pior a situação. Por fim, resolveu seguir a linha reta. - Eu só queria mesmo que entendesse os meus sentimentos. Mas parece que é isso... Você não está disposta a tentar, tudo o que vê quando me olha é mágoa.

Lauren não a olhou, continuou encarando a parede da cozinha. Tudo dentro de si estava agitado.

- Você não entende nada. É imatura.

- Sou imatura? - Camila ergueu as mãos dando reforço às palavras. - Posso ser tudo, menos imatura. Estou correndo atrás do seu perdão há dias. Mas seu único interesse é colar meu erro em minha cara. Já basta!

Ela não respondeu seguidamente. Por alguns segundos, Lauren a fitou, como se estivesse ansiando que as coisas pudessem ser distintas entre ambas. Por fim, ela desabafou:

- Vá embora.

Camila recusou. Ela queria espernear-se no chão, gritar o quanto odiava aquela Lauren orgulhosa.

- Você me ama. É o suficiente para eu me manter aqui. - Lauren voltou os olhos avaliativos em sua direção. Eles estavam sem sentimentos. Camila arrepiou-se.

- Não irei pedir mais uma vez. - Ela disse e andou ao longo da sala. Seu íntimo estava às ruínas. Quanta merda! O vento forte começou a empurrar as folhas secas para dentro da sala. Choveria muito. Parecia perfeito se Lauren não quisesse sumir. Suas pernas ainda estavam bambas. Uma onda de enjôo a fez curvar-se diante os joelhos. Ela disse alguns nomes deselegantes. A mão aquecida de Camila a levou para o sofá.

- Não se preocupe. Irei embora

- Então vá de vez! - O fato de o protesto ter ecoado mais como uma resignação preocupou Camila. Jauregui dançava no sofá, parecia até que estava sentada em um formigueiro. Seu rosto era mais branco agora.