Capítulo 36

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Voltei com um capítulo especial

Boa leitura!

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Pov Alejandro

— Então... - Falei de frente para Lauren que me observava com curiosidade.

Sem nenhuma ideia do que dizer à mulher que minha filha estava obviamente e cegamente apaixonada. Ela piscou adoravelmente para mim.

— Você já foi a Disneyworld antes? - Perguntei só para quebrar o silêncio cada vez mais estranho. Nada. Apenas piscou.

— Trouxemos Kaki aqui quando ela tinha dois anos, mas logo depois a proibição começou... - Disse esperando um comentário ou pergunta sobre a proibição, mas em vez disso ela simplesmente ficou parada piscando e começando a me assustar um pouco.

— Quando eles finalmente retiraram a proibição há alguns meses atrás, Sinu decidiu que era hora de trazer as crianças para cá. Nós...

— Por que você odeia tanto a Camz? - Perguntou de repente, me assustando pra caralho.

— Eu não a odeio! - Falei negando ferozmente.

— Você não fala com ela. - Rebateu me olhando com curiosidade. Esfreguei as mãos pelo meu rosto algumas vezes e admiti:

— Eu não sei o que dizer a ela.

— Você não olha para ela. - Suspirei profundamente, agora eu desejava não ter prendido Daniel e ameaçado espancá-lo até a morte, senão me dissesse onde Camila estava hospedada.

— Eu olho para ela. - Queria saber quando o medicamento agiria e a derrubaria em um sono profundo.

— Não, você não. - Disse simplesmente, não parecia com raiva, apenas curiosa. — Por quê? - Ri sem humor e verifiquei duas vezes, para me certificar de que a porta estava trancada. 

Passei pela pequena mulher, parando apenas o tempo suficiente para lhe dar um tapinha na cabeça, simplesmente porque não pude resistir e me sentei no sofá.

— Ela não quer ter contato comigo.

— Por quê? - Esfreguei as mãos pelo meu rosto novamente e me encostei no sofá enquanto a estudava.

— Você vai se lembrar disso pela manhã? - Perguntei observando ela ir até a cama, se sentando e fazendo uma careta.

— Lembrar-me do que pela manhã? - Parecia adoravelmente confusa. Rindo eu indaguei:

— Camila já lhe disse como foi parar na Marinha? - Balançou a cabeça em negativa, se encolheu e deixou-se cair para o lado com um pequeno suspiro.

— Camila era uma garota arrogante, mas uma boa garota. Eu nunca tive que lhe pedir para ajudar sua mãe a cuidar de seus irmãos e irmã. Ela sempre tirava boas notas. Não usava drogas. Nunca causou problemas reais e depois... - Olhei pela janela negando, ainda incapaz de acreditar que estraguei tudo.

— Então, a primeira vez que ela fez uma besteira, uma besteira séria, eu me descontrolei. Isso me assustou muito e eu reagi mal. Estava tão determinado a ter certeza de que ela nunca mais fizesse algo tão estúpido de novo, que acabei deixando tudo pior. Eu arrastei a pobre garota para fora do hospital e a fiz fazer as provas da faculdade, quando ela deveria estar apenas recebendo uma bronca de sua mãe. Eu a forcei e quando ela se saiu mal nos testes, eu continuei a empurrando. Estava com tanta raiva que Camila fez algo tolo, que poderia ter lhe custado a vida, mas acabou me custando a minha filha. 

Grunhi fechando os punhos e desejando mais do que tudo, poder voltar àquela manhã quando encontrei minha filha mal respirando no chão do banheiro, para fazer as coisas de forma diferente.

— Quando ela se juntou aos Fuzileiros Navais... - Fiz uma pausa, respirando fundo e apertei minhas mãos trêmulas juntas. — Eu estava apavorado por ela e não parei de me preocupar até que ela foi levada para casa, há três anos, quando enviaram o seu corpo de volta aos Estados Unidos. Então, meu terror se transformou em algo que não existem palavras para descrever.

Olhei para cima e encontrei Lauren mordendo o lábio inferior enquanto me observava.

— Você sabia que a enviaram para casa para morrer? - Negou arrastando a cabeça contra o colchão.

— Ela levou um tiro para salvar seus homens e uma unidade médica com um caminhão cheio de pacientes. Camila deveria ter morrido no hospital de merda que eles tinham lhe enviado, mas a sua companhia pediu alguns favores e uma vez que ela estava estável o suficiente para viajar, eles a mandaram para casa... para outro hospital de merda.

— Minha filha estava morrendo Lauren, por minha causa. - Falei esfregando as mãos pelo meu rosto. — Eu a tirei daquele hospital e a trouxe para o meu, pelos dois meses seguintes, passei um inferno, para me certificar de que ela não só sobreviveria, mas andaria novamente. Eu a mantive em coma induzido para que não tivesse que lidar com a dor e para lhe dar uma chance melhor de sobrevivência por causa das operações que tínhamos que fazer.

— O melhor momento da minha vida foi quando ela abriu os olhos, mas também o pior, porque eu sabia que não havia nada que pudesse dizer para compensar o que ela tinha passado.

— Você a ama? - Perguntou com um sorriso triste. Balancei a cabeça olhando para baixo quando falei:

— Mais do que minha própria vida.

— Eu vejo. - Disse segundos antes das coisas tomarem um rumo desastroso e a pequena mulher, que fez minha filha sorrir pela primeira vez em anos, me mostrou o que era o verdadeiro inferno.

Pov Camila

— Pare de chorar! Por favor, pare de chorar!

— Que diabos? - Perguntei forçando minha chave eletrônica no leitor enquanto eu lutava para segurar todos os sacos de comida no meu outro braço.

Aterrorizada, de que Lauren estivesse com dor ou que meu pai tenha dito algo para incomodá-la, abri a porta e quase tropecei em meus próprios pés quando avistei Lauren, enrolada em um cobertor no colo do meu pai, chorando copiosamente.

— O que você fez com ela? - Perguntei deixando cair os sacos na mesa de café para que pudesse me ajoelhar na frente dela. 

Corri as mãos trêmulas sobre seu pescoço e braços, procurando uma razão para as lágrimas.

— Eu não fiz nada! - Meu pai gritou, soando um pouco histérico quando a entregou para mim. 

Felizmente, a tomei em meus braços e me levantei para que pudesse me sentar no sofá ao lado dele.

— Shhh, Bruxinha, está tudo bem. - Dei ao meu pai um olhar de questionamento e o encontrei enchendo a boca de batatas fritas.

— Em um minuto ela estava bem. - Empurrou mais comida na sua boca. — E em seguida, estava ao lado chorando sem parar!

— Ele... foi tão... meigo! - Disse chorando histericamente contra meu peito. — É tão triste!

— O que é tão triste? - Perguntei encarando ele, vendo dar uma mordida grande em um dos hambúrgueres que comprei. Meu pai deu a Lauren um olhar nervoso e murmurou:

— Nada.

— Tão... - Fungou. — Triste. - Murmurou agarrando minha camisa e mais uma vez escondeu o rosto contra meu peito.

Olhei para o meu pai que tomava um dos shakes. Ele deu de ombros e terminou a bebida enquanto eu ficava sentada, segurando Lauren e me perguntando o que eu tinha perdido.

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Gostaram de saber o outro lado?

A VizinhaWhere stories live. Discover now