Capítulo 46

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Pov Camila

— Querida. - Ouvi de longe o pai de Lauren dizer: — Abaixe o pudim.

— Afaste-se dela! - Ela gritou e assim eu registrei a sensação de seu corpo rastejando sobre a cama ao meu lado. Houve um suspiro cansado quando alguém disse:

— Eu lhe disse que ela estava fingindo.

— Como iríamos saber isso? - Daniel resmungou. — Já se passaram quatro horas desde a sua última dose!

Meus lábios curvaram para cima preguiçosamente em um pequeno sorriso, quando percebi que minha Bruxinha ainda estava drogada.

— É preciso doze horas para sair do seu sistema. - Sussurrei com a voz rouca quando consegui abrir meus olhos, não exatamente surpresa ao encontrar Lauren em uma roupa de hospital de grandes dimensões pendurada no seu corpo, ajoelhando-se ao meu lado na cama, segurando uma colher de pudim de chocolate ameaçadoramente na sua frente.

— Afaste-se! - Retrucou, usando a colher como arma.

— Bruxinha. - Chamei colocando a mão em suas costas, acariciando a pele nua e apreciando a sensação.

Ainda segurando a colherada de pudim, ela olhou para trás e me viu. Acenou com firmeza e voltou sua atenção para o pequeno grupo que se aproximava dela. 

Abri a boca para dizer-lhes pra se afastarem, mas me sentia à deriva, antes que pudesse conseguir vocalizar as palavras apaguei.

-*-

— Ela precisa ficar em sua própria cama. - Ouvi uma mulher dizer algum tempo depois.

— Ela está bem. - A voz do meu pai apareceu quando registrei a sensação de um corpo prensado ao meu lado, sua cabeça descansando em meu peito e seus roncos suaves me embalando de volta a um sono profundo.

— Eu sinto muito, mas temos de movê-la para sua própria cama. - Continuou a mulher. — Política do hospital.

— E eu estou modificando a política. - Meu pai falou com firmeza. — Ela fica.

-*-

— Vocês a quebraram!

— Pare de nos bater!

— E nós dissemos que foi um acidente!

— Ai! - Escutei um dos meus irmãos, talvez Juan, gritar seguido pelo gemido de dor da Lauren. Era um grito de angústia que me fez abrir os olhos e tentar me concentrar nas figuras desfocadas ao redor dela.

— Bruxinha? - Chamei com a voz rouca, procurando desesperadamente por ela.

— Ela está bem aqui. - O vulto da esquerda disse.

Olhei naquela direção e pisquei, pisquei novamente, até que a imagem borrada se dissipou e pude ver meu irmão Liam lutando para segurar Lauren, enquanto ela tentava avançar em Renan.

— Pegue as restrições! - Liam gritou soando um pouco desesperado, enquanto tentava colocar a Bruxinha de volta na cama ao meu lado, mas ela não estava facilitando.

— Vocês a quebraram! - Gritou em tom de acusação.

— Foi um acidente! - Liam gritou de volta, mas isso só pareceu irritá-la mais. Eles seriam expulsos do hospital desse jeito. — Será que alguém poderia pegar as restrições? Merda!

— Bruxinha. - Chamei fracamente, tentando levantar os braços, mas com as drogas que estavam me injetando, o movimento tornou-se impossível.

— Camz! - Falou parecendo aliviada de repente, e mudou sua atenção de Juan para mim.

— Graças a Deus! - Liam murmurou, pegando-a e colocando-a cuidadosamente sobre a cama ao meu lado.

Com um último olhar para Liam, ela se aconchegou no meu tronco, colocando seu braço ferido no peito e sua cabeça no meu ombro. 

Em poucos minutos, eu estava mais uma vez cochilando, distraidamente me perguntando por que eles estavam me mantendo drogada.

-*-

— Camila? - Meu pai me chamava distante. — Camila? Eu preciso que você acorde agora.

— Cansada. - Murmurei virando a cabeça para o lado, tentando voltar a dormir, mas ele não deixou.

— Camila, eu preciso que você tente mover os dedos dos pés. - Meu pai falou, quando tudo o que eu queria fazer era voltar a dormir.

— Vá embora... - Murmurei me sentindo como se estivesse me afogando em uma névoa.

— Karla, mova os dedos dos pés. - Disse com mais firmeza. Balancei a cabeça, apertando os olhos fechados quando o movimento ameaçou me fazer vomitar.

— Vamos, filha. Basta mexer os dedos para mim e você pode voltar a dormir. - Repetiu meu pai soando desesperado.

— Eu não posso. - Murmurei começando a adormecer, quando ouvi a voz rouca mais doce do mundo dizer:

— Camz, mexa os dedos.

— Bruxinha. - Meus lábios se levantaram em um sorriso satisfeito.

— Mova os dedos dos pés, Camz. - Disse quando registrei a sensação de seus lábios macios roçando os meus.

— Dói. - Murmurei entorpecida, percebendo que estava dolorida, em todos os lugares.

— Eu sei, amor. Mas preciso que você mova seus dedos para mim.

— O que eu ganho se fizer isto? - Perguntei ainda lutando para abrir os olhos, mesmo quando reprimi um gemido de dor que disparou por minha espinha.

— O que você quer? - Perguntou com a voz embargada.

— Você. - Disse simplesmente. Houve uma fungada, antes dela dizer:

— Você me tem, Camz. Agora é só mover os dedos dos pés, ok? - Balancei a cabeça, mesmo quando me senti à deriva na névoa de novo e desta vez quando tentaram me acordar, eu foi capaz de ignorá-los.

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Voltei pessoal, o próximo já é o último. 

Eu falei que vou consertar alguns capítulos mas não deu tempo, quero fazer isso antes de finalizar a história.

Até o próximo...

A VizinhaWhere stories live. Discover now