Capítulo 44

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Att dupla pra curar a ressaca

Boa leitura!

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Pov Camila

— Kaki.

— Estou ocupada. - Respondi sem me preocupar em desviar os olhos do celular enquanto seguia para o meu quarto.

— Eu preciso te dizer uma coisa. - Renan apressou o passo para me alcançar.

— Me fala mais tarde. - Puxei o cartão-chave.

— Mas...

— Mais tarde. - Abri a porta e parei de repente quando vi meu pai sentado na beira da cama.

— Ela deixou o hotel. - Renan falou desnecessariamente, já que o bilhete da Bruxinha no espelho disse tudo.

— Quando? - Perguntei tentando não entrar em pânico.

— Um pouco depois das dez da manhã. - Meu pai respondeu se levantando. Olhei ao redor do quarto e observei que todas as suas coisas tinham sumido. 

Balancei a cabeça, mal me virei para ir atrás dela e meu pai me impediu, dizendo a única coisa que esperei durante os últimos oito anos, mas nunca pensei que ele realmente diria.

— Você fodeu tudo... - Falou parando meus passos.

— Papa. - Renan negou com a cabeça, mas meu pai não estava escutando.

— Você fodeu tudo e então fugiu como uma covarde.

Apertando a mandíbula, encontrei o olhar chocado do meu irmão e lentamente, me virei para que meu pai me chamasse de covarde na cara.

— Eu cometi um erro. - Disse calmamente. — Eu era uma garota e cometi um erro.

— Não. - Ele negou e se aproximou parecendo furioso. — Você não cometeu um erro. Você fodeu tudo. Fodeu sua vida e em vez de ser uma mulher e corrigi-la, fugiu como uma covarde! - Sem pensar, eu agi.

Acertei um soco no meu pai e continuei a socá-lo, sem me importar que ele estava apenas parado recebendo os socos ou que meu irmão estava tentando me puxar para fora. 

Não me importei. Havia muitos anos de dor e raiva para ignorar um comentário como esse. 

Meu pai havia me ignorado durante anos. Anos do caralho! E a primeira vez que realmente se dirigiu a mim era para me chamar de covarde?

— Solte-o! - Ouviu Daniel gritar, mas eu não conseguia parar.

Este era o meu pai e eu o amava. Eu o amava muito e tinha sido abandonada quando mais precisava dele. 

Ele virou as costas para mim e me fez sentir como uma merda, como se fosse uma inútil e fracassada. 

Isso foi ruim o suficiente, mas quando me alistei esperei que meu pai falasse comigo de novo, esperei que ligasse, visitasse, ou pelo menos, enviasse uma carta me dizendo que tinha agido errado, mas que tudo ficaria bem. 

Qualquer coisa, mas não houve nada. A mensagem foi clara. Meu pai lavou as mãos. 

Nada poderia ter sido mais claro do que o momento em que acordei e o encontrei de pé na porta me olhando com uma expressão distante. Em seguida, virou as costas e foi embora enquanto eu estava presa na porra de uma cama, lutando para não gritar de dor. Essa tinha sido o pior momento da minha vida e agora... eu não conseguia parar.

Eu só não podia e Deus, como eu queria parar os socos, mas não consegui. Apenas... havia muita dor. 

Então, quando senti meus irmãos me agarrarem e me puxarem para longe dele, fiquei incrivelmente grata. 

Mas à medida que minha respiração se normalizava, a gratidão se transformou em pura agonia. 

Pov Alejandro

— Respire, Kaki. - Falei tentando não me emocionar enquanto a observava lutar para respirar através da dor.

— Pai? - Renan me chamou, colocando muito significado em apenas uma palavra. 

Ele observava Camila e suplicou com o olhar, para lhe dizer que sua irmã ficaria boa. Aquele olhar que eu reconhecia muito bem.

— Ela vai ficar bem. - Disse com firmeza, distraído enxugando o sangue escorrendo pelo meu queixo e pela parte traseira do meu braço enquanto fitava minha filha.

— Fique quieta, mulher. - Juan ralhou, segurando a mão da irmã. — Basta aguentar firme.

— Chamem uma ambulância. - Daniel parecia calmo, mas suas mãos tremiam quando agarrou a camisa da Kaki e a puxou para cima.

Empurrei as mãos dele para longe e examinei o estômago de Camila. Quando meus dedos se moviam sobre sua cicatriz e ela gritou, muito e alto, tentei não entrar em pânico.

Por favor Senhor, ajude minha filha, rezei na minha cabeça, a mesma oração que fiz todos os dias durante os últimos onze anos. Por favor, olhe pela minha filha, por favor, olhe pela minha filha, por favor...

— Liam, vá buscar Lauren e nos encontre no hospital. - Falei tentando manter a calma, enquanto observava os primeiros sinais de hematomas se propagando e o inchaço ao redor da cicatriz, um sinal claro de que Camila precisaria de cirurgia, uma que ela não poderia atravessar. Oh, Deus!

— Alguém chama a mama. - Daniel disse e encontrou meu olhar.

— O que há de errado com ela? - Ele exigiu, segurando a outra mão de Camila.

O fato dela não tentar afastar nossas mãos e dizer que estava muito bem disse a nós tudo o que precisávamos saber.

— Foi um acidente. - Juan olhava para a irmã, balançando a cabeça em descrença. — Deus, foi um acidente.

— Está tudo bem. - Falei para todos com meu tom mais suave, aquele que eu usava com os pais assustados que eram obrigados a ficar observando impotentes, enquanto seus filhos sofriam.

— Ela não deveria ter batido em você. - Renan grunhiu, parecendo chateado mesmo quando deu a mão de Camila um aperto reconfortante.

— Eu merecia. - Murmurei, porque todos sabiam que eu merecia isso e muito mais pelo que tinha feito a ela.

— B-Bruxinha. - Sussurrou fracamente.

— Ei, o que está acontecendo? - Sofia perguntou entrando no quarto mas, parou quando viu Camila no chão. — Kaki? - Gritou correndo para o seu lado. — Oh meu Deus, Kaki! - Chorou, tentando segurar a mão dela no lugar de Juan, mas ele não soltou.

— Ela vai ficar bem. - Daniel tentou, forçando um pequeno sorriso tranquilizador enquanto pegava a mão de sua irmã e gentilmente a puxava de pé, para seus braços.

— Ela vai ficar bem.

— Eu não consigo sentir minhas pernas. - Camila falou segundos antes de finalmente, desmaiar e tudo virar um inferno.

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E vocês acharam que não teria drama?

Até o próximo

A VizinhaWhere stories live. Discover now