Capítulo 4

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Maala caminhava silenciosamente ao meu lado. Mamadi e Baldi vinham um pouco mais atrás para nos dar privacidade e dadi vinha beeeeeeem mais atrás porque a lei do silêncio ainda imperava predominante.

Meu irmão e Sam haviam voltado para o Brasil á dois meses. Ravi achou que demoraria mais para me convencer, e por isso comprou a passagem com uma certa distância, mas quando decidi ele queria que mudasse a data. Não fiz isso por causa de Maala. Queria que ela se sentisse segura em relação a mim. Passaria três meses no Brasil e voltaria na semana de nosso casamento.

Maala ainda não estava convencida que ir era o melhor, mas não estava mais implicando. Conversei com ela sobre o que mamadi disse. Que talvez finalizando essa história com Alice, por fim eu tivesse a chance de ser feliz.

Ser feliz com ela.

Por mais que Maala soubesse que não estávamos casando por amor, ela tinha tanta esperança quanto eu que as coisas dessem certo entre nós. E verdade seja dita, ela estava se esforçando para caramba. Então, se ir para o Brasil podia nos garantir um ponto a mais nessa busca pela nossa felicidade, ela não implicaria.

Já havia despachado as malas. Minha noiva estava bastante encantadora usando um sari verde com detalhes de flores em dourado. Ela queria estar mais perto do meu trabalho. Ás vezes ia á loja comigo e me ajudava a criar essências. Fazia umas misturas engraçadas, mas que, surpreendentemente, davam bons resultados no final. Eu gostava disso. Compartilhar esses momentos com Maala me faziam ter esperança que nosso futuro justos seria no mínimo bom.

Ela suspirou ao meu lado. Fez isso quinhentas vezes desde que nos encontramos em minha casa para virmos ao aeroporto.

― Ei ― chamei adiantando dois passos e parando em sua frente de forma que ficássemos cara a cara ― vai dar tudo certo. Vou voltar para você, vamos casar e ter aquele time de futebol que me propôs.

Ela sorriu um pouco abaixando a cabeça. Toquei em seu queixo levantando o rosto para que pudéssemos nos olhar, olho no olho. Eu não a amava, mas gostava de sua companhia.

Ia dar certo.

― Acho bom você voltar para mim ― Maala passou a mão em meu rosto com um pequeno sorriso brincando em seus lábios ― e não se apaixone. Eu juro que posso fazer o possível para fazer você feliz, mas não posso competir se seu coração for de outra pessoa. Não posso te forçar a casar amando outra. Isso te faria infeliz. Eu não posso competir com isso, Raji... Não posso

Colei nossas testas fazendo um carinho em sua bochecha. Mamadi chegou até nos coçando á garganta para nos afastar, e por mais que Maala tenha tentado, não permiti. Colei nossos lábios. Estamos na Índia, então não pude aprofundar o beijo, mas foi o suficiente para que ela sorrisse de olhos fechados. Eu gostava disso. De fazer Maala sorrir.

― Vou voltar para você ― sussurrei.

Aparentemente mais animada, Maala caminhou ao meu lado até pararmos no portão de embarque. Ela se afastou para que pudesse me despedir de minha família. Baldi foi o primeiro a se aproximar. Deu tapinhas em minhas costas.

― Aproveite a estadia meu filho, descanse sua mente, em breve será um homem casado.

Assenti.

Djan, aproveite as férias, e não deixe de ser você. ― Mamadi pediu segurando minhas mãos contra as dela.

Sorri beijando sua testa.

Dadi se aproximou dando tapinhas em minha mão. Me abaixei para tocar em seus pés, ela me abençoou em nossa língua materna.

― Eu preferia que você não fosse, Raji ― tinha uma linha de preocupação no rosto. Estava tão nervosa quanto Maala ― Se algo der errado e você quiser continuar no Brasil com uma daquelas mulheres.

Tradicional Essência [Degustação]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora