Capítulo 26

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― Eu não posso acreditar que o Marcos tenha feito isso ― Dezza estava estarrecida. Nós duas estávamos na sala dos professores e eu tinha acabado de narrar a minha amiga o que aconteceu detalhe por detalhe.

Ri pelo nariz.

― Eu não duvido de mais nada que venha daquele salafrário. ― Afirmei. ― O pior é que agora o Mateus não quer falar com mais ninguém que estava lá e também me proibiu de falar com o Raji. Está morto de vergonha, tadinho. ― Passei as mãos pelo rosto descendo até o pescoço.

― Ai, amiga ― Dezza pousou as mãos sobre as minhas, depois apertou com um pouco de força querendo mostrar que estava comigo. ― Eu sinto tanto por vocês! O Mateus não merecia ter que passar por isso, nem você!

― Só de pensar que isso tudo é culpa minha ― apoiei a cabeça no encosto da cadeira.

― Culpa sua? ― De olhos fechados não podia ver, mas sem dúvida Andrezza estava com cara de quem não estava entendendo nada.

― Claro que minha! Se eu não tivesse aceitado a proposta dele de perder a...

― Não! ― Andrezza puxou meu corpo me fazendo sentar ereta ― chega disso, tá certo! O fato de você ter transado com ele e engravidado não torna você culpada de todas as péssimas atitudes dele! ― Dezza segurou minhas mãos ainda mais firme ― Você não tem culpa dele ser um cafajeste que não pensa em nada a não ser nele mesmo!

― Mas meu filho podia ter tido um pai...

― Para! ― Andrezza falou mais alto ― Olha só, se não fosse com o Marcos, você não teria o Mateus que é a pessoa mais importante da sua vida, certo? ― confirmei balançando a cabeça ― então você para, amiga! Para porque eu sei que você não se arrepende do seu filho, e ele não deve, nem por um segundo, pensar sobre isso.

Balancei a cabeça em negativa assimilando suas palavras.

― É por isso que eu preciso continuar sozinha, sabe? Imagina colocar um homem na vida de meu filho que possa decepciona-lo ainda mais?

― Bia...

― Não, Dezza... Eu conheço o Marcos, devia ter evitado essa confusão! Não podia ter permitido o Mateus sair com o Raji assim... Eu achei que seria bom para ele, mas olha só como tudo isso acabou ― finalizei desanimada.

― Amiga, para! Você é uma mãe maravilhosa que sempre faz o melhor pelo seu filho! O Mateus precisava sair com alguém que não fosse o avô para se divertir. Você mesma disse que ele amou o passeio...

― Mas sempre que lembrar daquele jogo, vai acabar lembrando do pai estragando tudo também.

― Bia, eu tenho certeza absoluta que o Mateus sabe que tudo que você faz em sua vida é sempre pensando no melhor para ele, e eu também tenho certeza que ele sabe que ir para aquele jogo foi muito bom, que ele curtiu, e que iria novamente, se pudesse. Ele pode até lembrar da idiotice do pai dele, mas tenho certeza que ele vai lembrar ainda mais de todo seu esforço para vê-lo feliz.

Minha amiga me abraçou e eu fiquei feliz em ver como ela estava certa. Eu amo o meu filho, e se pudesse mudar o meu passado, mas tivesse como consequência perder a pessoa mais importante da minha vida, então eu faria tudo igual.

Cometeria as mesmas coisas apenas para ter meu filho comigo, sempre. 

 

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