Capítulo 13 - Bia

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― Raji ― sussurrei quando notei os braços dele em volta de minha amiga. Ok, eu sempre disse que Dezza era um pouco intuitiva quanto á formação de casais, mas nesse caso, poderia dizer que rolou uma armação.

Qual a probabilidade dela resolver, casualmente, que queria vir a Lapa e encontrarmos Raji aqui?

― Eu... ― ele parou a frase se certificando de que minha amiga conseguia ficar de pé para soltar sua cintura ― Uau, que coincidência ― deu alguns passos em minha direção para me cumprimentar.

Algumas coisas simplesmente estão em nosso destino

Lembrei do que Andrezza falou para mim no começo da semana. Mas era impossível de todas as formas possíveis que meu destino tivesse alguma coisa a ver com o de Raji.

― Muita, muita coincidência mesmo ― olhei para Andrezza que pareceu quase ofendida com a minha frase sugestiva. Ela realmente não tinha nada com isso.

Dei dois beijos em sua bochecha e, droga, mais uma vez aquele formigamento. Dessa vez uma coisa mais ampla. Raji segurou minha cintura como que para se apoiar durante o cumprimento, mas queimou, meu corpo ardeu. Não era uma centopeia em meu estômago, uma manada de elefantes obesos andavam dentro de mim. Mil agulhas espetando e dançando segura o tchan em minha pele.

DROGA!

Isso é muito ruim.

― Vão ficar aqui? ― perguntou.

― Bem... Era o plano ― apontei para o espaço superlotado ― Não tem mais mesas disponíveis ― dei um sorriso fraco ― vamos algum barzinho aqui perto ― Apontei para lugar nenhum e todos os lugares ao mesmo tempo. Não queria mesmo dar alguma localização.

Segurei firme o pulso de minha amiga para que ela não tentasse fugir quando eu a arrastasse dali. Seus amigos, ou seja, os demais personagens do livro de Alice, estavam nos encarando. Me senti exatamente como Lizzie, interpretada pela Keira, quando vai a casa de Darcy, o maravilhoso Matthew Macfadyen, que engata uma conversa com a mocinha esquecendo dos tios presentes no local que os observavam atentamente.

Observada era uma palavra que nem chegava perto do que estávamos sendo naquele momento. Talvez centro das atenções se encaixasse um pouco melhor.

― Porque não fica conosco? ― sugeriu.

Franzi um pouquinho o cenho para ele, mas antes que conseguisse abrir a boca Dezza o fez.

― Aceitamos ― sorriu pra Raji ― eu sei que ninguém aqui pediu minha opinião, mas é que eu realmente adoraria comer o hambúrguer maravilhoso que eles fazem aqui.

Minha melhor amiga traidora me encarou com aquela carinha de cachorro na chuva pedindo abrigo, a mesma que ela havia ensinado a Mateus. O pior é que sempre funcionava.

― Por favorzinho, amiga ― juntou as mãos abertas como se estivesse fazendo uma prece ― Você sabe que o fim de semana é quando enfiamos o pé na jaca depois de uma enorme semana de privações das delicias cheias de gordura e carboidratos, e eu tô precisando desse hambúrguer.

Em nenhum momento Raji desviou os olhos de mim. Parecia até um pouquinho ansioso pela minha resposta. Revirei os olhos para minha amiga dramática.

― Ok ― respondi ― Mas se comporte ― sibilei para ela.

― Por aqui, senhoritas ― abriu a mão mostrando a mesa como se estivéssemos assim longe, ou como se ele não tivesse notado que, de forma bem indiscreta, estavam todos olhando para nós.

Tradicional Essência [Degustação]Where stories live. Discover now