Tradicional Essência [Degustação]

Capítulo 12

― Você está diferente, irmão ― Ravi comentou no jantar. Estávamos apenas nós três. Amisha estava dormindo tranquilamente. Felizmente havia melhorado.

― Estou igual ― Enfiei mais uma garfada de sei lá o que na boca. Sam me disse que eu não voltaria para o Índia sem antes comer todas as comidas que ela considera maravilhosas ― o que é mesmo isso? ― perguntei apontando o garfo para meu prato.

― Ficassé ― Sam respondeu depois de um gemido de satisfação com a comida ― Dessa vez a Nete caprichou ― completou.

Nete é a mulher que vem fazer a comida para eles quase sempre. Sam, depois que Amisha nasceu me disse que aderiu ao congelamento, mas que ao invés de realizar mensalmente como a maioria das pessoas, ela preferia fazer o semanal.

Ficamos em silêncio novamente cada um concentrado em sua comida que realmente estava maravilhosa, mas Ravi não conseguiu ficar calado muito tempo.

― Como foi o passeio hoje? ― quis saber.

― Ah, eu amei ― Bebi um gole do suco da fruta estranha chamada mangaba antes de continuar ― Aquele lugar é maravilhoso, é incrível para estar um pouco mais perto da natureza. Eu realmente amei!

Meu irmão sorriu satisfeito como se estivesse muito feliz por eu ter gostado de algo que ele havia programado.

― Eu sei que as coisas não foram como nós planejamos e você acabou indo com Alice, mas...

― Não se preocupe, irmão ― interrompi ― as coisas foram exatamente do jeito que tinham que ser.

Ravi sorriu em resposta. Sam estava estranhamente calada, não era do feitio dela, mas talvez fosse o cansaço por passar o dia inteiro com a filha doente. Meu irmão, por outro lado, não parava de falar e contar os planos que havia feito para nós. Queria que eu conhecesse cada pequeno lugar do Rio.

― Ah, Alfonso comentou comigo que você viu o Mateus por lá ― comentou casualmente enquanto ria de alguma coisa no celular.

― Sim, ele estava em um passeio da escola ― expliquei.

― Entendi ― meu irmão pôs fim á conversa.

Sam suspirou com raiva e eu entendi o motivo do silêncio.

― Alana disse que você estava conversando com uma mulher ― Falou pausadamente me encarando como se eu fosse um detento que ela havia acabado de encontrar cometendo um furto.

― Sim, a mãe dele ― Coloquei uma garfada daquela comida maravilhosa na boca mastigando lentamente apenas para irritar minha cunhada que parecia a ponto de explodir. Quando terminei dei um gole no suco para provoca-la ainda mais ― ela é professora na escola que o filho estuda ― concluí.

― Satisfeita, meu amor ― Ravi perguntou a esposa que ainda me encarava friamente.

― Eu só quero que você lembre que é noivo, Raji ― Estava com muita raiva ― Eu já fui traída, e sei como isso doí! Eu não vou permitir que você faça qualquer coisa que possa magoar Maala e estragar ainda mais sua vida.

Ela levantou jogando o guardanapo na mesa.

― Perdi a fome ― anunciou caminhando bem chateada em direção ao quarto.

Ravi riu.

― Aprendeu a ser dramática assim nas novelas ― sorri balançando a cabeça em negativa, mas uma coisa que ela falou não conseguiu sair da minha mente.

Estragar ainda mais a vida de Maala.

Eu precisava descobrir os segredos que a minha noiva guardava.