Capítulo 15

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― A vista aqui de cima é linda, né? ― Ravi me perguntou encostando na mureta de pedras. Ambos estávamos admirando o Cristo. 8 metros de pedestal acrescentados aos 30 metros de altura da estátua e 28 metros de largura contando de mão a mão. ― O escultor franco-polonês Paul Landwski fez a estátua em Paris em blocos de argila e depois foi trazido ao Brasil para fazer um molde de concreto. Ele pesa 1.145 toneladas.

Apesar de termos a opção da subida pelo elevador, fiz questão se subir os duzentos e vinte degraus. Agora, obviamente, estava meio morto. Alice tentou me avisar que era uma ideia ruim, mas Ravi e Poncho juraram que era moleza. Fico me perguntando como vamos sobreviver á descida.

Olhei para a o elevador que acaba de abrir. Pessoas saindo, pessoas entrando.

― Uma das sete maravilhas do mundo moderno ― Poncho se aproximou entregando uma garrafinha de água para cada.

A vista do alto é uma das mais bonitas que já vi na vida. De lá, os rapazes me mostraram o Leblon, Ipanema, a Lagoa Rodrigo de Freitas, a Pedra da Gávea e o Pão de Açúcar.

O vento era muito forte aqui de cima.

A vista, completamente apaixonante.

― Vem tio Raji ― Alana chamou abrindo e fechando os dedinhos me chamando ― vamos tirar uma foto comigo.

Estava uma mocinha de short jeans e camiseta amarela. Um lacinho branco na cabeça e o sorriso leve como o da mãe no rosto.

― Vai se arrastando, amigo ― Poncho colocou a mão em meu ombro ― minha filha, aquele docinho que você conhece, é capaz de vir aqui te puxar pelos cabelos.

Olhei mais uma vez para o elevador. Mais pessoas saindo, mais pessoas entrando.

Fui.

Literalmente me arrastando. Minhas pernas quase não respondiam aos meus comandos.

Coloquei Alana sentada em meu pescoço e ela estendeu os braços como se fosse brincar de roda com o Cristo. Tinha que admitir que Sam era bastante criativa. Antes de ter o meu momento de descanso após subir os mil degraus, fui obrigado a tirar muitas, muitas fotos.

Alana me arrastou de um lado a outro repetindo mil vezes como aquele lugar era lindo e como o Rio era uma cidade ainda mais. Maigdinifica como ela ouviu sua mãe dizer.

Alice estava tomando conta das crianças no carrinho enquanto a amiga era a fotógrafa da vez. Sam amava isso. Ainda não estávamos nos melhores termos, mas parecia mais leve quando fotografava e com certeza queria que eu voltasse com a maior quantidade de memórias – desde que não envolvessem mulheres – possíveis.

― Acho que já podemos ir ― anunciou colocando a mão aberta em cima dos olhos fazendo sombra.

― Eu gostaria de ficar um pouco mais ― respondi me aproximando dela que pegou a sobrinha me passando a câmera para que eu pudesse ver as fotos ― gostei da vista.

Sam assentiu indo para o lado dos rapazes. Alana pediu para ficar comigo, depois insistiu que eu a ensinasse a tirar fotos. Mostrei a ela os melhores ângulos para uma boa fotografia, ensinei a enquadrar e depois quando aprendeu direitinho a esquandrar pediu para que eu fosse seu modelo.

Alana sabia que era impossível dizer não a ela e se aproveitava bastante disso. Já havia notado. Foi á impossibilidade de dizer não para aquele sorrisinho que me fez ficar de pé, com minhas pernas doloridas e sorriso congelado, para que Alana me usasse como cobaia.

― Raji ― uma das vozes que eu estava esperando ouvir finalmente me chamou. Bia não confirmou nem negou. Disse que talvez viesse. Olhei para trás a tempo de ver Mateus acenando e correndo em minha direção. Sua mãe, um pouco mais atrás, parou para cumprimentar Alice colocando o óculos de sol preso na blusa.

Tradicional Essência [Degustação]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt