Capítulo 8

596 103 28
                                    


― Mateus ― Balancei seu corpo pela terceira vez ― acorda, filho. Está na hora!

Mateus resmungou alguma coisa incompreensível virando de lado e fechando os olhos mais uma vez.

Todo santo dia é essa luta diária. Fica enchendo meu saco pra ver Tv até tarde e me promete que vai acordar de cara quando eu o chamar, e todos os dias é a mesma coisa. Uma novela mexicana para acordar.

Passei os olhos pelo seu quarto. As paredes azuis, cor que ele mesmo escolheu quando viemos morar com meus pais, começavam a perder espaço para as prateleiras recheadas de livros. Diário de um banana foi a primeira série que ele realmente se interessou e, devo isso especialmente a professora dele do segundo ano. Um projeto de leitura acabou despertando esse gosto em meu filho. Para mim não era nenhum sacrifício gastar uma pequena fortuna mensal para que ele seguisse se desenvolvendo nesse aspecto.

A coleção de carros também já tomava grande parte da parede em frente a sua cama em prateleiras enormes. Meu filho podia dizer o nome de todos os carros existentes no mundo, eu ficava impressionada, especialmente levando em consideração que não entendia absolutamente nada sobre o assunto. Apesar do pai amar carros, não costuma compartilhar dessas coisas com Mateus. O que poderia uni-los Marcos não é sequer capaz de aproveitar.

― Mateus ― puxei o edredom expondo seu corpo a temperatura gelada graças ao ar condicionado novo que havia comprado para que meu filho não precisasse passar mal de calor durante a noite. E daí que vou levar duas vidas pagando? O que importa é que meu filho dorme fresquinho. ― filho eu juro que se você não acordar agora vai passar duas semanas sem ir para aula de futebol.

Outra coisa que Mateus ama na vida é jogar bola. Ele diz que quer ser um grande jogador de futebol e se consagrar em times internacionais como Barcelona. Sempre que possível costumo leva-lo aos treinos no Centro de Treinamento e aos jogos do Fluminense, time que ele tanto ama. Ele adora, e é muito mais fácil, para mim, entender de futebol que de carros.

Resmungando ele abre os olhos e joga o travesseiro na cara.

― Vou contar até três ― informei cruzando os braços ― UM...

Mateus levantou reclamando que estava super cedo e que daria pra ele dormir dez minutinhos a mais. Se já é essa luta pra ele acordar agora, se dou mais dez minutos nunca íamos sair de casa. Enquanto meu filho estava no banho corri para preparar seu nescau, colocar queijo e presunto no pão e preparar um misto quente ao mesmo tempo que ia engolindo meu café da manhã malmente tendo tempo de mastigar.

Assim que Mateus liberou o banheiro foi a minha vez. Água gelada para me despertar, embora e prefira sentir o morninho batendo contra minha pele depois do dia exaustivo de ontem eu realmente precisava de uma ducha gelada.

Mais uma vez o infeliz do pai de Mateus desmarcou com o menino em cima da hora. Sinceramente, não sei o que aquele homem tem na cabeça. Alias, não sei o que tinha na cabeça quando comecei a namorar com aquele irresponsável, mas, quando o cara mais gato da escola te convida pra sair á gente se sente a mais especial das garotas.

Sabia que Marcos era um pegador nato, já tinha visto milhares de meninas chorando de coração partido por ele, mas eu, apaixonada por livros e romances desde sempre, acreditei que a regeneração do bad boy estava em minhas mãos. Saímos algumas vezes, e numa dessas ele me garantiu que perder a virgindade com ele seria o máximo, uma experiência como nenhuma outra na vida. Depois de me convencer disso, me garantiu que a pílula do dia seguinte era um método tão bom quanto á camisinha.

Ele estava certo e errado. Bom, descobri que a pílula não era assim tão eficaz, e sim, foi inesquecível, afinal, foi naquela mesma noite que Mateus foi concebido.

Tradicional Essência [Degustação]Where stories live. Discover now