Capítulo 14

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― Acho que sua cunhada não gostou muito de mim ― Bia comentou parecendo tentar entender de onde veio á antipatia de uma pessoa que nem conhecia.

― Ela está... ― suspirei tentando encontrar uma forma de explicar o que passa na cabeça da Sam ― ela está brava comigo, na verdade. ― comprimi os lábios ― Minha cunhada não quer que eu faça muitas amizades por aqui para não dificultar na hora de ir embora.

Bia mordeu os lábios como se não fizesse sentido, depois seu rosto se iluminou.

― Eu entendo ― ela dá uma risadinha ― em Diário, Alice demonstra que ela é uma amiga muito protetora mesmo.

Eu ri.

― Você sempre vai nos analisar pelo que leu? ― questiono. Bia ficou um pouco sem graça com a pergunta ― Não estou dizendo que é uma coisa ruim, é o seu parâmetro, mas é que é engraçado sempre que você faz alguma comparação com o livro.

Deu de ombros.

― É o meu parâmetro ― Pegou uma batata frita e colocou na boca.

― E eu sou como no livro? ― Perguntei com um sorriso de lado. Bia passou a mastigar com mais cuidado como se estivesse ganhando tempo para pensar na resposta.

Quando engoliu semicerrou os olhos para mim antes de falar.

― Acho que ainda não te conheço o suficiente para saber ― piscou me fazendo rir.

― Justo. ― respondi pegando algumas batatas e colocando na boca como ela havia feito anteriormente.

Alice e Alfonso nos observavam de forma discreta. Alice estava aninhada nos braços do marido, e, estranhamente, eu não estava incomodado com isso. Talvez aquela conversa realmente tivesse surtido algum efeito.

Andrezza, que antes dançava como se não fosse ter pernas para aproveitar nunca mais na vida, agora estava agarrada ao rapaz com quem exibiu seus passos de samba. Eu queria perguntar se não havia problema deles ficarem se beijando assim no meio da rua, mas lembrei que não estava mais na Índia.

― Acho que você merece me conhecer um pouco melhor para tirar suas conclusões ― falei quando engoli a comida.

Bia gargalhou. Foi um som tão espontâneo que preencheu meu coração de uma forma como eu não imaginava que aconteceria.

― Como se fosse uma pesquisa científica? ― brincou.

― Exatamente ― dei um longo gole na bebida que estava começando a esquentar ― vai que você também acaba escrevendo um livro para contar sua experiência de conhecer com seu personagem de livro favorito ― pisquei para ela que deu aquela risada gostosa novamente.

― Ainda não conheci o Heathcliff ― falou tranquilamente como se eu soubesse exatamente do que ela estava falando.

― O... quem? ― Quis saber franzindo o rosto por já nem lembrar o nome do sujeito que ela falou.

― Heathcliff. ― repetiu ― É o meu personagem favorito. ― ergueu uma sobrancelha ― De Emily Brontë. O morro dos ventos uivantes, uma história linda e trágica.

Balancei a cabeça mostrando para ela que estava tremendamente decepcionado com sua declaração.

― Eu realmente acreditava que você tinha um gosto melhor, Bia. ― Olhei para Alice que cochichava alguma coisa com Alfonso ― Poncho ― chamei. Ele me encarou. Seus olhos estavam com uma diversão estranha.

Habla.

― Tem como você conseguir mais duas entradas pra aquele show que vocês estavam falando mais cedo?

Tradicional Essência [Degustação]Where stories live. Discover now