Capítulo 22

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Eu gostaria disso

Devo ser o maior de todos os ulus!

Claro que eu ia gostar de ter Bia e Mateus na Índia. Eles amariam aquele lugar. Conseguia, sem dificuldade alguma imaginar as reações deles ao conhecer os principais pontos turísticos do meu país. E se Mateus achou o hotel de Raji tão legal, isso é porque ele não conhece o hotel do meu pai.

Are, ele ia amar.

Mas eu estava noivo. Bia não sabia disso, então leva-los a Índia estava fora de cogitação. Eu não conseguiria jamais esconder de Maala o que meu coração fazia perto dela, e por mais que não a amasse, eu não gostaria de ve-la sofrer. Maala não merecia.

Depois do show os dias passaram depressa. Bem, talvez não seja tão verdade... Acho que os dias passaram em uma velocidade normal, até. Mas o fato de saber que eu veria a Bia mais uma vez fez com que tivesse essa impressão.

Íamos levar o Mateus para o jogo hoje.

Ele estava ansioso e falou comigo durante a semana toda, possivelmente pensando que eu poderia furar com ele. Eu entendia seu temor... Depois das conversas que tive com a Bia, ficou fácil notar que o pai dele é um ulú.

Eu jamais faria uma coisa dessas se tivesse um filho. Priorizaria minha família antes de qualquer coisa.

Bia, mais uma vez, perguntou se eu tinha certeza que levar o Mateus não atrapalharia meus planos com minha família, e novamente, garanti que seria um prazer passar um tempinho com ele.

Como o passeio era para garotos, Alice ficaria com Bia em sua casa. Minha cunhada preferiu não se envolver. Mais uma vez ela disse que eu não deveria estar fazendo isso e alimentando esperanças que eu não poderia cumprir no coração da garota, que eu devia pensar em como tudo aquilo podia afetar a todos nós, em especial a Maala.

Ela não conseguia me entender. Estar perto da Bia fazia com que eu me sentisse vivo.

Eu não estava fazendo nada errado, não estava traindo Maala. Minha relação com Bia não envolvia beijos, não envolvia uma relação física. Mas não podia obrigar meu coração a deixar de sentir aquelas coisas pela Bia, e também não podia evitar de gostar de sentir aquele turbilhão dentro de mim.

Era tão bom me sentir vivo. Então, qual o problema da Sam entender isso?

Eles dois iam almoçar conosco, mas o Mateus me mandou uma mensagem avisando que tinham tido um imprevisto e que chegariam mais tarde. O jogo ainda estava de pé. Depois nos encontraríamos em uma lanchonete com Alice e Bia para comermos alguma coisa.

Podia sentir a animação pela voz do garoto. Aposto que mal dormiu essa noite e que amanhã vai dar o maior trabalho para acordar, mas a Bia sabia o quanto aquela experiência faria o filho feliz. Essa é uma das coisas que eu mais gosto nela, Bia é o tipo de mãe que eu gostaria que a mãe dos meus filhos fosse. Ela é dedicada e pensa na felicidade do filho acima de tudo, mas isso não quer dizer que passe a mão pela cabeça do Mateus. Muito pelo contrário, estava sempre instruindo o filho a respeito do certo e errado e por isso que aquele garoto era tão incrível.

Alana, que finalmente havia escolhido um time para torcer, deixando a mãe frustrada ao ouvi-la repetir a frase de Mateus falando que só haviam times tricolores do mundo. A pequena estava ansiosa para ver o novo amigo e dizia que eles iam torcer juntos pelo melhor time que existia.

Alice perdeu feio.

Cada segundo que passava era uma agonia a mais em meu coração. Especialmente porque Mateus não explicou muito sobre o imprevisto que tiveram.

Tradicional Essência [Degustação]Where stories live. Discover now