Capítulo 6

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O trajeto até a praia não era dos mais longos, por isso chegamos bem rápido. Prestei o máximo de atenção no caminho, pois planejava voltar caminhando. Seria bom respirar um pouco de ar puro. Provavelmente me arrependeria depois de dois passos.

O sol estava a pino, o céu azul contrastava com o verde azulado do mar e o cinza da areia molhada da praia. Meu irmão me fez usar uma bermuda folgada com uma camisa sem manga. Disse que se eu mesmo escolhesse minhas roupas seriamos a atração da praia. Duvido muito mesmo. Com a quantidade de mulheres trajando roupas minúsculas, eu duvido que alguém prestaria atenção em mim. Meus olhos mesmo quase não conseguiam desgrudar da quantidade de bundas e peitos expostos livremente.

Enquanto lá na Índia as roupas de banho eram quase burcas, aqui parecia que faltava panos por todos os lados. Algumas eram pouco mais compostas que outras, meu irmão disse que eram os maiôs. Olhando pelas costas pareciam grandes e comportas, mas quando as mulheres viravam de frente, as costas tinham muito mais panos... Ravi disse que eram conhecidos como engana mamãe. O nome era auto explicativo.

Eles colocaram três cadeiras e depois me levaram para mais perto do mar onde a areia estava mais fria. Começamos a fazer embaixadinhas. No começo só ficamos zoando, como eles costumam dizer, uns aos outros mesmo. Depois Alfonso começou a perguntar sobre a minha vida e meu trabalho. Ficava me perguntando o quanto ele sabia sobre mim e Alice, mas não parecia se incomodar com o fato de eu ser o ex dela, isso me incomodava um pouco. Talvez ele ache que eu não tenha sido importante o suficiente para ela, e por isso não se importe comigo.

Alice tinha sido importante para mim, mas será que eu também havia significado algo para ela? 

Alice tinha sido importante para mim, mas será que eu também havia significado algo para ela? 

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O sol ainda estava alto quando sentamos um pouco. Alfonso foi pegar uma água de coco pra gente beber enquanto Ravi foi dar um mergulho. A praia havia enchido mais, mas eu estava tão perdido em pensamentos que nem tinha notado a canga estendida ao nosso lado, só percebi quando duas pessoas andavam nessa direção. Uma mulher e um garoto.

― Mãe, vamos brincar mais um pouco ― um menino que aparentava ter mais ou menos dez anos tentava puxar a mãe de volta para o local de onde tinham acabado de vir.

― Mateus, por favor, a mamãe está morta ― respondeu com uma voz realmente exausta ― me dá pelo menos dez minutos pra mãe descansar, filho.

― Mãe...

― Mateus, sua tia daqui a pouco chega com seu primo, por favor, filho, deixa a mamãe descansar um pouco.

O garoto suspirou resignado jogando as raquetes de frescobol na areia.

― Toda vez é assim, ― resmungou ― o pai desmarca comigo sempre, ele nunca vem me ver, e você nunca pode brincar comigo! ― sentou na pontinha da canga ― Que droga! ― sussurrou para que a mãe não ouvisse a ultima frase.

Tradicional Essência [Degustação]Where stories live. Discover now