Capítulo 30

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Exausta é uma palavra que não expressa suficientemente como estava me sentindo nessa ultima semana que passou.

Tentei de todas as formas possíveis conversar com o pai do meu filho e explicar por A mais B que eu e Raji não estávamos namorando, que meu filho e eu continuaríamos morando no Brasil e que ele deveria parar aquele processo absurdo.

Não adiantou.

Parecia que quanto mais eu pedia para ele parar acabava incentivando que ele continuasse com essa palhaçada.

Durante a semana tinha conversado com mais advogados que em toda a minha vida. A maioria me dizia que ele não tinha motivos concretos para tirar meu filho de mim, mas quando eu mencionava que Marcos era advogado, a maioria deles parecia concordar que o homem era duro na queda e com boas influências.

Eu estava aterrorizada.

Tinha tanto medo de perder meu filho que quase não sobrava tempo para pensar no papel de boba que havia feito na frente do Raji.

Quase.

Todas as vezes que eu lembrava de como eu havia pedido que ele me beijasse, de como eu queria aquilo com todas as minhas forças e do Raji dizendo que não podia, que queria, mas não podia era como se meu coração diminuísse de tamanho.

Era pedir muito uma explicação? Era querer demais entender o motivo de ter sido assim rechaçada?

Tinha quase certeza que o problema era o Marcos.

Quem ia querer se envolver com uma mulher que vinha com um encosto daqueles no relacionamento?

A parte bem ruim de não viver com os pais dos seus filhos era ouvir dos homens que não se relacionariam em hipótese alguma com uma mulher que já tivesse filhos.

Acontecia de forma bem frequente, inclusive.

Uma vez, em uma das minhas raras saídas com alguns colegas de faculdade, um deles falou que nunca namoraria ou casaria com uma mulher que tivesse filho. Primeiro porque, de acordo com ele, a mãe não permitiria que ele ajudasse na educação da criança alegando que não era filho dele, segundo que não teria paciência para ouvir a criança dizendo que ele não era o pai quando fizesse birra, e terceiro e mais importante, se a criança tivesse contato com o pai não confiaria que eles não tivessem um revival.

Alguns colegas ririam, outros ficaram constrangidos por saberem que eu tinha um filho e que o comentário me atingia diretamente. Quando ele perguntou se eu tinha me sentido ofendida com a observação dele garanti que não, e também fiz questão de frisar que nenhuma mulher que tenha filhos ia querer sair com um babaca como ele. Depois levantei e fui para minha casa.

Então, quando Alice me mandou mensagem convidando a mim e Mateus para almoçar com ela e Alana no restaurante do hotel de sua melhor amiga eu fiquei muito desconfiada dela querer explicar os motivos do Raji.

Pra ser sincera comigo mesma, eu estava torcendo por isso. Quando não pensava que podia perder meu filho, tentava entender o que se passava na cabeça do Raji.

Estava tão sem cabeça que minhas aulas estavam indo de ruins a piores ainda. Meus planos de aula que sempre buscavam contemplar alguma atividade divertida estavam um porre até para mim mesmo.

― Que bom que vocês vieram ― falou ao levantar da mesa para me cumprimentar com dois beijinhos no rosto. Alice cumprimentou Mateus e eu Alana, logo em seguida as crianças estavam entretidas em uma conversa empolgante sobre sei lá o que.

Alice e eu conversamos sobre o que estávamos fazendo nos últimos dias, ela me contava sobre o próximo livro que lançaria quando o garçom chegou com o cardápio. Fizemos nossos pedidos já emplacando um e outro assunto.

Tradicional Essência [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora