Capítulo 29

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Estava em silêncio esperado o que meu irmão ia me dizer depois que contei a ele os acontecimentos da noite passada. Estávamos sentados no escritório do meu irmão em sua casa enquanto eu narrava a ele cada detalhe da noite. Bia tinha tentado me beijar e eu estava tentado demais a ceder.

Eu queria ceder. E isso fazia com que eu me sentisse o pior homem da face da terra. Onde estava a minha honra?

Eu não estava me reconhecendo. Meus pensamentos estavam embaralhados e tudo em meu peito parecia confuso.

De certa forma me arrependia de ter desistido. Meu coração se arrependia, mas minha cabeça insistia em dizer que havia feito o certo. Eles deviam ao menos entrar em consenso.

Eu queria poder voltar no tempo e não ter pedido a Maala em casamento. Não... não, eu queria voltar no tempo e não ter ido a aquela praia. Tudo estava bem até aqueles olhos invadirem a minha mente.

Eu ficaria com meu irmão um tempo e depois ganharia a minha família onde seguiríamos todas as tradições do meu país. Era um plano tão simples.

― Você tem certeza que quer mesmo casar com a Maala? ― Ravi perguntou como se uma negativa fosse resolver todos os meus problemas.

― Arê, eu tomei uma decisão. Pedi a Maala em casamento, não posso desistir agora, isso seria injusto com ela, seria humilhante.

Meu irmão suspirou.

― Se eu fizesse isso, você sabe que ela não teria mais nenhuma opção, eu jamais faria com que ela sofresse dessa forma. Mas...

Fiquei em silêncio.

― Mas... ― Meu irmão ergueu a sobrancelha para mim me incentivando a falar o que eu não queria admitir.

― Eu não sei... eu ― suspirei ― os lábios dela ali tão perto dos meus, nós dois queríamos aquilo. Eu queria, irmão! E era tão errado e tão certo ao mesmo tempo...

― Você beijou ela? ― Sam entrou de supetão no escritório. ― Eu não acredito que você fez isso, Raji! ― gritou!

― Eu não...

― Você não MESMO! Você não ouve ninguém! ― disparou antes que eu tivesse a chance de me defender agarrado uma caneta que estava na mesa do meu irmão e jogando em mim em seguida.

Felizmente foi uma caneta.

― Eu disse a você um milhão de vezes que não devia brincar com fogo! E agora, hein, sabichão, o que você vai fazer?

― Sam ― Ravi chamou a esposa ― não é...

― Claro que é preciso! Esse anta! ― grunhiu ― Raji eu... ― Sam virou de costas completamente irada comigo.

Samara não falou mais nada permaneceu de costas controlado a respiração. Eu estava cansado de ser tratado como uma criança por ela. Como se eu não fosse responsável pelas minhas ações. Como se ela tivesse que, o tempo inteiro, me falar o que eu devia ou não fazer.

Arê, eu já era bem crescidinho.

― Você consegue perceber ao menos o quanto está sendo egoísta, Raji? ― perguntou ainda de costas para mim. As mãos espalmadas na mesa do meu irmão como se estivesse sustentando o peso do seu corpo ― Você não vai apenas magoar a si mesmo ― minha cunhada mudou de posição, desta vez estava bem de frente para mim como se quisesse testar a minha reação ― Vai arrastar junto com você a Bia, o Mateus e a Maala.

Eu ri pelo nariz balançando a cabeça.

Arebaguandi, quer falar sobre egoísmo? Vamos lá então! ― abri os braços ― Você por acaso está pensando a felicidade de quem insistindo tanto nesse casamento? ― questionei.

Tradicional Essência [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora