Capítulo 23

289 71 54
                                    

Estava na cara que o homem alto, forte e de traços bem marcantes era o pai do Mateus. Afinal, eu achava o menino parecidíssimo com a mãe até aquele momento.

― Mamãe, o moço falou uma palavra feia ― Alana sussurrou para Alice que respondeu algo que não consegui ouvir. Eu só conseguia pensar em duas coisas. Bia e Mateus.

― Eu falando com você, Bia! ― Ele gritou se aproximando mais ― O que foi? Agora o gato comeu sua língua?

Ele não fazia a menor questão de ser educado, e estava nem aí para o fato de que estava, claramente, deixando Mateus envergonhado. Bia parecia estar muito surpresa com a inconveniência do homem.

― O que você tá fazendo aqui? ― Perguntou de forma cautelosa e educada ainda sentada.

― O que eu tô fazendo aqui? ― gritou como se quisesse chamar atenção de todos que estavam no estabelecimento ― Recebi uma foto de um amigo em que o MEU filho estava no estádio com esse cara aí que eu nem sei quem é ― apontou o dedo para mim ― E não satisfeita ainda vem se exibir com o moleque e esse cara que com certeza você deve tá levando pra sua cama. Sabe o que meus amigos vão falar sobre isso? Você não pensa em mim, Bia? Em expor o Mateus dessa forma?

Percebi quando o maxilar de Bia travou e não tive como ignorar seus olhos enchendo de lágrimas.

― Olha aqui, amigo ― Meu irmão levantou e disposto a caminhar na direção do cara, interferir e acalmar as coisas.

― Você fica na sua porque não é meu amigo porcaria nenhuma ― Levantou a mão para Ravi em um gesto claro que ele deveria ficar de fora daquilo ― meu papo aqui é com aquela mulherzinha que não vale nada! Eu tô tentando fazer o meu papel de pai, mas ela não deixa!

― Pai, para! ― Mateus pediu baixo.

― Você também fica na sua que em casa a gente conversa ― direcionou o olhar para o Mateus que ficou ainda mais constrangido por ser tratado daquela forma ― Você não se emenda, né, Bia? Deixando meu moleque saindo assim com um cara aposto que você nem conhece direito... Já quando eu quero ver meu filho, sempre tem mil desculpas!

― Marcos, para com isso! ― Bia pediu com a voz estrangulada.

― Senhor ― levantei também, mas não sabia exatamente o que fazer ― posso garantir que...

― Olha aqui, maluco ― Ele apontou o dedo em riste pra mim dando alguns passos em minha direção ― Tô nem aí pro tipo de relação que você tem com a mãe do meu filho, mas tu fica longe do Mateus. Se ele quiser ir ver jogo, ele tem pai pra isso.

Depois olhou para Mateus que estava assustado.

― Tá ouvindo, Mateus? ― gritou ― Você tem pai para isso!

Meu sangue estava fervendo.

Eu.

Queria.

Matar.

Ele.

― Marcos, para com isso! ― Bia se levantou se pondo entre nós dois ― Você não tá vendo que está envergonhando seu filho?

― Ah, agora ele é meu? ― ironizou ― muito conveniente para você, não é mesmo? Mas na hora de passar o moleque na mão de uns e outros parece até que ele não tem pai.

― Senhor ― Tentei mais uma vez.

― Olha aqui, maluco, ― apontou o dedo na minha direção mais uma vez ― Já mandei tu ficar na sua.

A atenção de todos estavam voltadas para nós, e Bia parecia querer desaparecer. Eu nunca gostei de briga, mas, mais que tudo na vida, queria quebrar a cara daquele projeto de homem.

Tradicional Essência [Degustação]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora