― Ele é um crápula! ― Alice falou no estacionamento bastante irritada enquanto andávamos até onde nossos carros estavam estacionados.
― O que é um caprula, tio Raji? ― Alana, que vinha um pouco atrás andando de mãos dadas comigo perguntou. Era mais seguro saber de mim que da sua mãe naquele momento.
Alice estava assustadoramente irritada. Surpreendentemente, minha cunhada compartilhava de sua consternação.
― Crápula, meu amor. ― corrigi ― É uma pessoa muito ruim. ― Expliquei analisando as feições de Alana se suavizarem depois da explicação.
― Huuuum ― Alana mordeu os lábios demonstrando que estava pensando em alguma coisa. ― Sabe tio, ― Me olhou como se estivesse prestes a falar a mais sábia das constatações ― eu achava que os homens eram príncipes como nos contos de fada e que só tinham bruxas más femininas no mundo, mas o papai do Mateus é bruxo muito, muito mau!
― Eu também acho, princesa ― concordei com ela ― ele é mesmo um bruxo mau.
― O senhor não ficou com medo? ― os olhinhos brilhavam em expectativa pela resposta.
― Claro que eu tive ― fui sincero.
― O senhor teve medo que ele batesse no senhor também? ― os olhos estavam agora enormes. Parecia que ela tinha acabado de descobrir que adultos também tem medo de coisas.
― Eu tive medo que ele machucasse alguém que era importante para mim, princesa ― Ela sorriu quando bati o indicador na ponta de seu polegar.
― Igualzinho aos super-heróis. ― o sorriso da pequena se alargou ― Eles sempre querem proteger alguém que amam.
Balancei a cabeça em concordância.
Alguém que amam
As palavras ressoaram em minha cabeça. Eu estava preocupado que algo pudesse acontecer com Bia e Mateus, mas não queria dizer, necessariamente que eu a amava, certo?
Quer dizer... eu podia amar Bia como amiga. Eu a admirava, gostava de sua forma de pensar e agir. E com certeza eu amava o Mateus.
Como não? Ele era uma criança maravilhosa.
Mas não era aquele tipo de amor, certo?
Não podia ser.
Entrei no carro em silencio e fui calado por todo o caminho até a casa do meu irmão.
A única coisa que conseguia pensar era como a Bia conheceu aquele ulú. Será que ele sempre foi um cara sem noção, ou ele parecia ser alguém decente e só mostrou sua verdadeira face depois de conseguir o que queria com ela?
Eu entendi a vergonha que a Bia diz sentir e o medo de ser julgada pelas pessoas por seu filho, um garoto maravilhoso, ser filho de um tipo daquele.
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Tradicional Essência [Degustação]
RomanceRaji, um talentoso perfumista, descobriu que não nasceu para o amor. Depois de duas decepções amorosas, sendo obrigado a assistir a vida de todas as pessoas que amava seguindo em frente, decidiu que a única coisa que precisava era arrumar um casame...