1 | i'm a mess you don't want to get in

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Encarei o portão principal da minha nova escola e respirei fundo, fechando os olhos por alguns segundos. Não queria estar aqui, não queria carregar esse peso no coração, não queria ter me mudado. Para ser sincero, eu não queria mais existir, estar nesse mundo ou viver.

Deus, se você existe mesmo, pode me levar, não oferecei nenhuma resistência.

Um grupo de amigos passou por mim rindo alto e me tiraram do transe. Fechei mais o zíper do meu casaco e adentrei o colégio.

Seria loucura achar que todos naquele pátio me encaravam? Pois era isso que eu estava sentindo. Um peixe fora d'água, um estranho perdido naquela escola. Ignorei os olhares, aumentei o volume da música que escutava e segui até a secretaria para buscar meu horário das aulas.

A simpática secretária procurava entre as várias pastas colocadas no balcão e sorriu para mim assim que puxou um papel.

- Aqui, querido. – Disse, me esticando o papel em seguida. – Sua primeira aula é de Literatura, na sala 19. – Ela apontou para o fim do corredor e eu assenti. – Bem-vindo.

- Obrigado. – Respondi baixo e segui na direção da sala.

Entrei na sala e senti, mais uma vez, todos os olhares recaírem sobre mim. Reprimi a vontade de rolar os olhos e procurei um assento vazio. Por sorte, ou obra do destino, encontrei um no fundo, onde me sentei e deitei minha cabeça sobre a mochila.

Meu estômago doía um pouco pela fome, afinal, eu havia saído de casa sem tomar café. Mas eu resolveria isso no intervalo. Ouvi um leve alvoroço e levantei minha cabeça, vendo três caras entrarem na sala, sendo cumprimentados por outros que estavam sentados. Um deles se abaixou até selar seus lábios nos de outro que estava sentado.

Alguns fatos podiam ser analisados: eles eram extremamente animados e eu, definitivamente, odiava tanta alegria logo pela manhã. Pelo amor, era exatamente sete horas e um deles parecia que tinha sido acordado por um ursinho carinhoso de tão feliz. 

É, eu realmente não tinha saco para tudo aquilo.

Reprimindo, pela segunda vez no dia, a vontade de rolar os olhos, eu quis deitar novamente a cabeça em minha mochila e teria feito isso se não tivesse sentido os olhos gritantes do loiro atrás do rapaz animado recaído em mim.

Meu olhar se encontrou com o dele e eu senti um pequeno arrepio na espinha, como se ele, com tamanha intensidade, estivesse observando minha alma e não a mim. Cocei a nuca incomodado com a situação e soltei o ar, que eu nem sabia que estava segurando, quando o rapaz com os cabelos verde menta o chamou, fazendo com que ele desviasse seu olhar do meu.

Afundei meu rosto na mochila sentindo minha boca seca e fechei os olhos tentando esquecer aquela sensação estranha.

Antes que eu pudesse me perder em pensamentos, a professora entrou na sala, fazendo com que o grupinho se dispersasse e fosse cada um sentar em seu respectivo lugar. Abri a mochila, retirando de lá meu caderno e duas canetas, colocando-as em cima da carteira. A professora arrumou suas coisas na mesa e encarou a sala, parando seu olhar em mim, dando um sorriso em seguida.

- Bom dia, turma. – Ela disse e recebeu alguns resmungos em resposta. – Hoje temos um novo aluno entre nós, então se apresente por favor, querido.

Mais uma vez, todos os olhares se viraram para mim. Sorri sem graça e respirei fundo, encarando a classe.

- Meu nome é Jeon Jungkook, tenho 17 anos e acabei de me mudar para Seul. – Dei de ombros e abaixei a cabeça, ainda envergonhado com tanta atenção.

Wreck Of A Boy • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora