19 | never felt this good

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AVISO: pode conter gatilho com bulimia e visão sobre o próprio corpo.

PARK JIMIN

A água quente envolvia todo o meu corpo e os sais de banho que eu havia colocado na banheira ajudavam a me acalmar. Taehyung ouvia um jazz calmo e a música baixinha ao fundo ajudava a criar um clima agradável.

Fechei os olhos, com a cabeça apoiada na beira emborrachada, e respirei fundo, tentando esvaziar minha cabeça. Aceitar que coisas boas poderiam ocorrer comigo sempre foi um grande problema meu, porque muitas vezes eu sentia que não merecia ou que nunca aconteceria.

A luta por ser aceito começou muito cedo na minha vida, lá quando eu estava na pré escola e fui ridicularizado por ser o único aluno da sala a não ter um pai. Alguns alunos haviam perdido os pais, mas eu nem sequer sabia quem ele era, já que sou fruto de uma inseminação artificial.

Eu nunca culparia minha mãe, pois ela fez o que era a vontade dela e me criou com todo amor e carinho, tanto que eu não sentia que precisava de um pai. Mas, ser excluído por isso doeu.

Conforme fui crescendo, comecei a questionar a minha sexualidade e, mais uma vez, eu me sentia excluído. Tinha também o medo de falar e ser ridicularizado, agredido ou taxado como alguém errado. Eu cresci em uma família onde tranquila, com a minha mãe me ensinando a respeitar todos, independente de gênero, orientação sexual, cor da pele etc. Mas, indo no sentido contrário dela, a sociedade me dizia que era errado e que ser gay era uma desonra.

Tirando minha mãe, a primeira pessoa para quem eu me assumi foi Taehyung. Nós crescemos juntos e ele era a única figura que eu podia chamar de amigo. Mesmo morrendo de medo de ser rejeitado mais uma vez, eu me assumi para ele, e recebi um abraço apertado, um beijo na testa e ele me dizendo que me amava.

Eu chorei muito naquela noite, mas de felicidade, porque foi a primeira vez que eu senti que alguém me aceitava cem por cento mesmo sabendo quem eu realmente era. Quando eu mudei de escola para começar o ensino médio, resolvi que era hora de me assumir para todos e começar em um novo lugar sendo eu mesmo.

E foi a melhor coisa que eu fiz.

Depois de conhecer Hoseok, Namjoon e Seokjin, e ser aceito por eles sem nenhum questionamento, piada ou preconceito, eu ganhei confiança em mim e comecei a me importar menos com a opinião dos outros. Pois, além de Taehyung, eu tinha mais três amigos incríveis que estavam do meu lado para o que quer que fosse.

E o melhor de tudo foi que eu me dei bem na nova escola. As pessoas gostavam de mim, queriam ser minhas amigas e demonstravam se importar comigo. Talvez parte disso se devesse ao fato de que os três já eram populares e nós tínhamos nos juntado a eles.

Terminei o banho e me enrolei na toalha, indo em direção ao meu closet. Peguei meu creme corporal e despejei um pouco na mão, começando a passar. Assim que cheguei no meu quadril, passei o indicador por algumas estrias que estavam ali e respirei fundo.

Meu corpo não era problema até eu começar a ouvir pequenos comentários que diziam ser 'para o meu bem'. No começo, eu sorria e ignorava, mas aí aquele medo de ser excluído voltou a aparecer mais uma vez.

A cada vez que eu ouvia, ficava pior. Minha visão sobre meu corpo e a obsessão por ser aceito e amado tomaram conta de mim. Eu precisava que gostassem de mim, não podia voltar a ser ignorado.

Então, de tanto querer estar no padrão, eu transbordei.

***

Meus batimentos cardíacos ainda estavam acelerados e a respiração pesada, enquanto eu tentava processar o orgasmo recente. Passei a mão pelos cabelos grudados na minha testa e os joguei para trás.

Wreck Of A Boy • jikookOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz