4 | at the edge of the precipice

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A voz do Baekhyun, do EXO, invadia meus ouvidos enquanto 'Monster' ecoava pelas caixas de som. Nas minhas mãos, a cerveja já começava a esquentar, visto que eu passava mais tempo pensando do que bebendo o líquido.

Dei um gole, sentindo a bebida amarga descer por minha garganta e suspirei. Olhei em volta, Taehyung se agarrava com Jaewoo em um canto, Yoongi, que estava ao meu lado, conversava animadamente com Hoseok, sobre algum dorama que os dois haviam assistido. Eu não prestava muita atenção, mas já havia ouvido o nome de Lee Minho pipocar na conversa.

Sequei o resto da cerveja e coloquei a long neck em um dos lixos que estavam espalhados pela casa. Me encostei na muretinha, onde estava antes, e Yoon me encarou, franzindo o cenho.

- Tá tudo bem? – Indagou, fazendo um carinho em minha nuca e eu assenti. – Quer ir embora?

- Não, Yoon, tá tudo bem. – Sorri.

- Tem certeza? – Perguntou.

Assim que eu assenti, ele sorriu, voltando a conversar com Jung. Agora a conversa estava em outro ator, que eu não havia prestado atenção no nome. Aproveitei a distração de ambos e caminhei lentamente para o interior da casa, tendo alguma dificuldade por conta da superlotação.

No caminho, peguei mais uma cerveja e encontrei um espaço vazio no sofá, onde me joguei. Dei um longe gole no líquido amarelo, sorvendo quase metade da long neck de uma só vez. Respirei fundo, passando os olhos ao meu redor. A casa estava lotada, haviam pelo menos umas 100 pessoas ali, para mais até, havia bebidas de sobra para tanta gente e a música estava tão alta que era preciso gritar para falar com qualquer um que estivesse ao seu lado.

Eu estava cercado de pessoas, mesmo que não as conhecesse, mas cercado, por todos os lados, e ainda me sentia sozinho. Bebendo mais um pouco da minha cerveja, passei a encarar os rostos desconhecidos, me frustrando com suas aparências. Nenhum deles se parecia com o que eu queria ver.

Estava acontecendo de novo. Eu estava, mais uma vez, me auto sabotando e procurando o rosto de Kihyun nas pessoas ao meu redor. Meu inconsciente sabia que eu não encontraria, eu sabia também, mas algo dentro de mim gritava por ele. Eu não sabia dizer se era a saudade dilacerante que eu sentia daquele sorriso, ou apenas minha sanidade se esvaindo, enquanto eu me entregava a loucura.

Não me parecia má ideia. Enlouquecer, àquele ponto, me parecia até convidativo demais. Afinal, se eu realmente sucumbisse às loucuras de minha mente, talvez não passasse tanto tempo sentindo saudades de uma realidade que já havia sido minha, mas que não voltaria nunca mais.

Soltei uma risada desacreditada e fechei os olhos, desejando voltar para minha realidade dos sonhos. Aquela que havia sido real um dia, mas que fora arrancada de mim como um band-aid, abrindo uma ferida permanente e dolorida.

Ali, de olhos fechados, eu conseguia projetar Kihyun em minha mente, lindo como eu me lembrava, sorrindo para mim daquele jeito que sempre derretia meu coração. Então, todas àquelas sensações que eu estava adiando me atingiram em cheio. A saudade queimava minha pele como brasa, tudo ardia e meus ossos pareciam latejar. Nada do que eu tinha vivido até ali poderia ter me preparado para tamanho desespero.

Sequei o resto da cerveja, já sentindo dificuldade para respirar. Meu coração estava acelerado e as palmas de minhas mãos começavam a suar, o que nunca era um bom sinal. Levantei, me enfiando no mar de gente, tentando procurar um banheiro. Eu precisava urgentemente lavar o rosto e ficar sozinho, nem que fossem por alguns minutos.

Sem conseguir me locomover direito, subi as escadas em direção ao primeiro andar da casa. Encontrei um corredor cheio de portas, estava silencioso, apenas ecoando o som alto da música que tocava abaixo.

Wreck Of A Boy • jikookWhere stories live. Discover now