Levei alguns minutos para perceber que o meu celular estava tocando de verdade e não só no meu sonho. Abri os olhos, ainda atordoado pelo sono e pisquei algumas vezes, começando a procurar o aparelho.
Tateei a cama até achá-lo no meio da coberta, ainda com o fone de ouvido puglado, porque eu tinha dormido enquanto assistia série e alguns vídeos no youtube. Depois eu tinha a coragem de reclamar que meu fone estragava, mas agora mesmo ele estava todo enrolado de um jeito que eu demoraria uma meia hora para conseguir desenrolar.
Desisti de tentar arrumar e só o joguei para o lado, atendendo de uma vez, antes que a ligação caísse.
- Alô?
- Jungkook? – A voz embargada de Jimin invadiu meus ouvidos, me fazendo acordar na hora.
- Jimin?
Ouvi ele fungar algumas vezes e fiquei ainda mais preocupado. Tirei o celular da orelha para ver as horas e descobri que eram 2h30 da madrugada.
- Me ajuda, Jungkookie.
- O que aconteceu? – Me sentei na cama, começando a ficar nervoso com o seu tom de voz.
- Eu tô passando muito mal. – Respirou fundo. – Perdi um pouco do controle e comi todos os meus doces enquanto assistia um filme. – Escutei seu soluço. – Eu ainda não vomitei, mas está difícil segurar.
Me levantei na mesma hora, já tirando o meu pijama e trocando de roupa, enquanto ouvia Jimin chorar baixinho ao telefone.
- Ei, calma, não faz nada, eu estou indo aí te ajudar, ok? – Coloquei o celular no viva voz e troquei minha camiseta.
- Você vem mesmo? Já é tão tarde...
- Você quer que eu vá? – Indaguei, mas ele ficou em silêncio. – Se você não quiser ou se sentir desconfortável, eu não vou.
- Eu não quero te dar trabalho. – Disse bem baixinho, quase inaudível.
- Então eu vou, não se preocupa.
Corri para o banheiro e escovei os dentes rapidamente, então joguei uma água no rosto para acordar. Peguei minha carteira e coloquei a ligação no modo normal novamente.
- Acabei de pedir um táxi e estou saindo de casa, eu chego aí rapidinho. – Falei, ainda ouvindo os soluços de Jimin. – Está me escutando, bonitinho?
- Fica comigo na ligação? Eu tenho medo de fazer merda se ficar sozinho. – Pediu, sussurrando, e eu sorri.
- Eu estou aqui, não se preocupa.
Menos de cinco minutos depois eu já estava a caminho da casa de Jimin, ainda escutando ele chorar baixinho, quase como se não quisesse me preocupar.
- Eu não acho que vou conseguir segurar, Jungkook. – Choramingou, fazendo meu coração se apertar mais.
Ver Park Jimin chorando havia se tornado insuportável para mim e eu odiava cada segundo em que eu estava longe sem poder consolá-lo. Mas, além de não querer que ele vomitasse porque fazia mal, ainda tinha a questão de que ele se culparia e isso me agoniava. Saber que ele iria descontar toda sua frustração em si mesmo, com pensamentos de que ele era fraco e não conseguiria melhorar, era ainda pior.
Porque recaídas são normais em qualquer processo de cura e às vezes podem até te fortalecer, mas ele não enxergava assim. Para Jimin, uma recaída era um sinal de que ele era fraco e não conseguiria. A terapia o ajudaria nisso, mas ele ainda estava muito sensível e vulnerável.
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Wreck Of A Boy • jikook
RomanceApós o suicídio de seu namorado, Jeon Jungkook se muda para Seul buscando fugir das lembranças que tanto o machucavam. Lá ele conhece Park Jimin, um dos garotos mais populares da escola, que para ele era um poço de futilidade. Ainda abalado por sua...