2 | messed up in heart and mind

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Encarei as diversas caixas espalhadas pelo apartamento e suspirei. Eu já estava em Seul há quase uma semana e ainda não havia criado coragem para desempacotar as minhas coisas.

Lutando contra a vontade de ficar jogado no sofá pelo resto da tarde, me levantei e abri a primeira caixa, encontrando meus livros. Comecei então a tirá-los dali e organizar tudo na estante da sala. Com a lerdeza de uma tartaruga, fui arrumando de um em um, tentando deixar as sagas todas juntas.

No fim da primeira prateleira eu já estava em um tédio absurdo. Saquei o celular do bolso e liguei uma música, tentando animar aquele apartamento vazio. Terminei a primeira caixa e abri a segunda, encontrando os últimos livros, os quais ganharam o mesmo destino dos outros.

Quando a estante já estava completa, abri a caixa com utensílios de cozinha e comecei a guardá-los. Finalmente eu poderia viver de outra coisa que não fosse salgadinho ou comer fora de casa, já que a preguiça de procurar as panelas para preparar algo era maior que tudo.

Desencaixotar minhas coisas foi o que eu fiz o resto da tarde. Quase no fim, pensei em deixar para arrumar as últimas três caixas no dia seguinte, mas resolvi prosseguir com a arrumação.

Antes tivesse deixado.

Assim que tirei a fita que lacrava a caixa, dei de cara com um porta retrato com uma foto minha e de Kihyun. Meu coração deu um salto no mesmo instante, começando a bater desesperadamente rápido, como seu tivesse acabado de sair de uma corrida.

Eu não estava preparado para aquilo.

Três meses sem ver qualquer foto dele e agora uma tinha simplesmente pipocado na minha cara. Meu corpo parecia não querer responder aos meus comandos e eu sentia o ar ficar mais pesado a cada momento.

Aquela sensação de aperto no peito me atingiu em cheio enquanto eu encarava cada detalhe de Kihyun naquela foto. Minha preferida, diga-se de passagem.

Eu em lembrava exatamente desse dia. Nosso primeiro encontro, como eu poderia esquecer? Os detalhes de um dos melhores dias da minha vida estavam gravados em minha mente e não sairiam tão cedo.

Respirei fundo e joguei o porta retrato para o outro lado da sala, tentando me livrar daquilo. Meu coração queimava e eu segui para o banheiro. Joguei a água gelada no meu rosto, tentando me acalmar, e falhando miseravelmente. O estrago já estava feito e a imagem de Kihyun voltava a cravar adagas imaginárias em meu peito.

Merda.

Eu não desejaria essa dor nem ao meu pior inimigo.

Até ele merecia piedade.

Cacei minha carteira no quarto e saí do apartamento, desesperado por um pouco de ar. Senti meus olhos marejarem e não me segurei quando a primeira lágrima escorreu por minha bochecha. Me sentei no banco da primeira praça que encontrei e senti um soluço escapar por meus lábios. Aquilo doía como se eu estivesse sendo esfaqueado mil vezes.

Yoo Kihyun.

Seu rosto não saia de minha mente e eu sentia falta dos mínimos detalhes, desde sua risada arrastada quando falava algo para me deixar sem graça, até o jeito como ele ficava animado quando eu lhe prometia comprar sorvete de morango. Respirei fundo, encarando o céu estrelado e meu olhar focou na estrela mais brilhante que pairava acima de mim, brilhando como se fosse a única por ali.

- É você, Yoo? Está aí de cima vendo a desgraça eu me tornei depois que você foi embora? – Perguntei tendo a certeza de que eu parecia um idiota falando com uma estrela. – Até hoje têm dias que eu acordo e me esqueço por alguns segundos que você se foi, então a realidade me atinge como um banho de água gelada. – Senti mais algumas lágrimas correrem por meu rosto.

Wreck Of A Boy • jikookWhere stories live. Discover now