10 | appearances can be deceiving

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Eu sempre fui mestre em fazer escolhas erradas, ou concluir coisas antes de qualquer explicação e minhas conclusões serem as piores possíveis. Com Park Jimin não foi diferente, antes de trocar meia dúzia de palavras com ele, deduzi que ele era um idiota, completamente vazio e fútil, o que acabou se provando uma mentira sem tamanho.

Eu, com um leve preconceito enraizado, o julguei como uma pessoa sem conteúdo, pelo que ele aparentava, pelas fotos das suas redes sociais e pelo que ouvia das pessoas ao redor. E eu não poderia estar mais errado.

Nas semanas que seguiram à nossa promessa, nós acabamos nos aproximando um pouco e a cada pedacinho de Jimin que eu descobria, a vontade de me dar um soco na cara para nunca mais julgar os outros de uma forma tão leviana, aumentava.

No final das contas, Park era uma pessoa incrível. Sempre disposto a ajudar os outros, atencioso, paciente, tinha um ótimo gosto para música e daria sua vida por Kim Taehyung, sem precisar pensar. Ele gostava de uma festa, já havia beijado muita gente daquela escola e muitos haviam se apaixonado, o que resultou em vários corações partidos, porque ele não tinha a intenção de retribuir. E foram nessas semanas que eu entendi que a culpa desse sofrimento não era dele, afinal, ele nunca tinha dado esperanças, mas o que podia fazer se era, de fato, apaixonante?

Apesar da nossa aproximação, Jimin não tocava no assunto do banheiro e desviava sempre que eu tentava levar nossa conversa para esse lado. Por isso, resolvi não pressionar e cuidar dele de longe, tentando ser discreto ao segui-lo após o intervalo e, disfarçadamente, pulando em sua frente e o levando para longe quando ele ia para o banheiro.

Sendo sincero, eu não era nem um pouco discreto. Além de que tinha a leve desconfiança que Jimin sabia o que eu estava fazendo e não se importava, porque ele se deixava ser conduzido para longe, sob as desculpas mais esfarrapadas e sem noção possíveis. Como por exemplo, nesse momento, em que eu puxava seu braço, jurando para ele que o banheiro estava interditado porque haviam achado uma cobra lá.

- Eu estou falando sério, Jimin. – Falei, tentando passar uma falsa seriedade. – Ouvi o diretor comentar.

- Uma cobra? – Park perguntou e eu assenti. – Fala sério, Jungkook.

- É sério! – Retruquei. – Infelizmente você não vai poder usar, talvez mais tarde. – Sorri e enfiei minha mão no bolso, retirando a cartela de chiclete de lá. – Quer um chiclete? Ai mais tarde você escova os dentes.

Park arqueou uma sobrancelha e me encarou, com um sorriso doce surgindo em seus lábios. Ele pegou o chiclete que eu o oferecia e colocou na boca, ainda sorrindo, e balançou a cabeça para os lados.

- Obrigado. – Suspirou, enquanto eu o acompanhava até a sala que ele teria aula, mesmo que a minha fosse do outro lado do prédio.

- Imagina, não foi nada te avisar, imagina se você fosse atacado. – Falei, passando a mãos pelos cabelos e ele riu.

- Claro, que perigo né. – Rolou os olhos, ainda rindo. 

- Está entregue. – Paramos em frente à sua sala. – Eu vou indo.

- Obrigado pela companhia, pelo chiclete e por ter me salvado. – Piscou e eu sorri, enquanto ele entrava.

Me virei e corri até o outro lado do prédio, onde provavelmente a professora de matemática já deveria ter iniciado a aula. Entrei na sala, atraindo a atenção de alguns alunos, inclusive a da professora, que reprovou meu atraso com o olhar, mas me deixou entrar. Me sentei na carteira atrás de Yoongi e ele se virou para mim.

- Você sumiu. – Afirmou. – Onde estava?

- Eu fui resolver um negócio. – Dei de ombros e ele franziu o cenho.

Wreck Of A Boy • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora