capitulo 30

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"esqueceu que tem família agora, não é? Pois eu tenho uma péssima noticia para você, nós existimos e somos sua família!"

Ou então quando reclamava da sua pobreza...

"minha querida, sei que está gostando do palácio, mas não se esqueça da sua família, dependemos de você para sobreviver, mesmo que a família real nos mande uma boa quantia em dinheiro e comida, mas não dá para alimentar todos por um mês inteiro, precisamos de roupas e outras coisas..."

Sempre odiei o fato de que minha tia reclamava de tudo mesmo estando tudo quase perfeito.

Não consigo acreditar que a primeira carta que ela me manda é para tirar proveito da boa vontade da família real. Eles já são muito generosos em mandar esse dinheiro todo e alem disso, a comida e outros itens como remédios, produtos de higiene pessoal e produtos de limpeza. Mas vamos com calma, essa é só a primeira carta de setenta duas.

Mal me dei conta de que benjamim estava por perto, só percebi quando ele começou a espirrar baixinho.

— Saúde. — desejei.

— Desculpe te interromper. Acho melhor eu ir agora.

— Você não atrapalhou em nada, alteza.

— Me chame de qualquer coisa, menos de alteza, quando estivermos a sós.

— Tudo bem, que tal... Ben?

— Ah, Ben está ótimo senhorita.

— Então vamos cortar essa senhorita também.

— Como quer que eu a chame?

­— Não sei.

— Que tal... Ah, não sei como te chamar. — ele ficou pensativo, mas parece desistir depois de pensar um pouco.

— Pode me chamar de Lunna.

Ele me olha surpreso.

— Onde viu esse nome?

— Eu não sei, só foi o que veio na minha mente.

—Preciso ir agora, nos vemos depois.

— Okay, então.

Continuei lendo as cartas até me chamarem para passear pelo jardim e tomar sol, recomendações medicas e blábláblá ... guardei as cartas dentro de uma caixa de sapatos e coloquei-os debaixo de alguns vestidos no closet.

Quando cheguei ao jardim tive um flash-black. Lembrei quando vi Josh pela primeira vez. Apertei meu colar que tinha um pingente de uma meia lua com uma corujinha nele. Esse colar eu tenho desde pequena, mas passei um tempo sem usá-lo, voltei a usar porque tem uma ligação com minha mãe e ao mesmo tempo representa os Crescent Moon que mesmo eu estando um pouco afastada, eu ainda participava desse grupo.

Embora eu não concordasse muito com alguns conceitos, ainda queria fazer justiça.

— Você está tão magra que se passar um vento forte por aqui te leva fácil, fácil. — cochichou Ashly no meu ouvido.

Debaixo de uma arvore a rainha estava tomando chá com as selecionadas restantes e Benjamin estava ao lado de sua mãe. A rainha Bélgica me olhava fixamente, enquanto eu não tirava a mão do colar, por nervosismo, acho. Algo ia acontecer e eu estava ansiosa e nem sabia o motivo. A rainha levantou e pediu para todas se levantarem:

— Por favor, atenção meninas. Peço que todas se alinhem em uma fila única para que façamos alguns testes. — ela parecia ansiosa também.

— Mas, por qual motivo vamos fazer esses testes? — alguém cochichou.

— Bem, acho que vocês merecem saber o porquê desses testes. Eu descobri recentemente que minha filha está viva... ­— a voz da rainha começou a falhar e ela estava com os olhos cheios de lágrimas. Meu corpo estava todo arrepiado e minhas mãos geladas e vários múrmuros encheram a sala de jantar. — E provavelmente está entre umas de vocês.

Uma lágrima escorreu em seu rosto pálido.

Eu seria umas das ultimas a fazer esses testes, e nem sabia como fazia eles. Ninguém ali estava preparada para esses testes.

De longe vi a rainha tentar esconder sua felicidade em saber que sua filha esta viva, há mais ou menos dezoito anos, acho, de acordo com Vilde. Mas, como assim... a filha da rainha tinha morrido? Achei que ela estava em algum lugar escondido.

Passamos muito tempo em pé esperando uma por uma fazer esses testes, eu estava passando mal por causa do calor. Minha cabeça estava girando, minha visão estava embaçada e escurecendo e minhas pernas mal me sustentavam mais até que eu não agüentei ficar em pé e deixei meu corpo cair.

Senti como se tivesse levado uma surra, como na ultima vez que vi um rebelde dos Blacks.

Meus braços estavam com agulhas e tubos com soro de um lado, e do outro estava Ben sentado em uma poltrona com a cabeça escorada na poltrona para trás de olhos fechados.

­—Sentisse melhor? — disse ele ainda com fechados, o que me assustou um pouco, pois eu o observava.

— Acho que sim. Quanto tempo eu dormi?

— três dias — disse ele calmamente.

— QUÊ? — dei um pulo da cama e fiquei sentada na borda daí lembrei-me das agulhas no meu braço.

— Brincadeira. Não precisava sair arrebatando tudo que tinha pela frente. — ele levantou-se e veio me ajudar a colocar de volta as agulhas que saíram do meu braço.

— Se você não tivesse dito aquilo eu não teria feito nada.

­— Desculpe-me. Mas foi engraçado.

— Porque não foi com você... — fiz uma careta quando senti a agulha furar novamente meu braço magro e pálido (reflexo dos dias que passei fora do palácio).

Ele resmungou um pedido de desculpa.

— Estudei para medicina, mas não me aceitaram na UUGLP – Universidade Universitária Global Lírios Porto.

— Da pra ver o porquê não te aceitaram... Você é péssimo nisso.

— Serio? — ele riu.

— Sim.

— As outras selecionadas disseram o contrario.

— Elas mentiram. Queriam pontos extras e resolveram te encher o saco.

— E como você não quer pontos, diz a verdade? — ele arqueou a sobrancelha e enfaixou meu braço.

—Na verdade, eu diria a verdade de qualquer jeito, e mano, por que diabos você ta enfaixando meu braço com o seu dedo no meio?

Ele olhou para meu braço e começou a rir.

— Você tem razão. Sou péssimo nisso, ainda bem que vou ser rei e não medico.

— coitados de seus pacientes... Quero dizer, de seus súditos.

­— Você tem um ótimo humor sabia? — disse ele, ainda rindo e tentando desenfaixar o meu braço, mas ele fez um ninho ao invés de tirar a faixa de uma vez.

— E você é péssimo no que faz, cara, se eu fosse você teria vergonha, onde você cursou medicina? Se não sabe nem primeiros socorros?

— É por isso que gosto de passar meu tempo com você, por que você diz o que vê, diz a verdade. E eu estou tão cheio de pessoas que me enganam e me elogiam sem ser verdadeiro. Odeio quando eu estou errado e mesmo assim me dizem que estou certo, eu quero saber que estou errado para poder consertar meu erro, sabe?

— Pois bem, você esta errado, mauricinho. Para tirar a faixa basta fazer isso... ­— mostrei a ele como se tira a faixa do meu braço, segurei a faixa em uma mão e olhei para ele com a sobrancelha arqueada. Ele pegou a faixa e a passou a analisá-la.

— Stella... Se eu te pedisse um beijo, você recusaria certo?

— Se eu não estiver com vontade de te beijar, sim. Por quê?

— Só queria ter certeza.

...

A filha da rainha (HIATOS)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora