Capítulo 34

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— Oi. Achei que ainda estivesse dormindo. ­— disse Benjamim.

Fiquei absolutamente calada, apenas o observando.

­— Eu não consigo imaginar o tamanho da sua dor, mas eu sei que está cansada disso tudo e... — suspirou alto. — Por mais que me doa deixá-la ir, dói muito mais deixá-la ficar e acabar te perdendo. Stella, você não está mais na seleção.

Aquilo de alguma forma doeu ainda mais que um tiro. Contudo, eu sei que o que tenho a dizer vai doer ainda mais.

— Ben... — minha voz quase não tem som. — Eu tenho que te contar uma coisa.

— Não se preocupe, não tentaram mais prejudicá-la. Sua família está segura. E encontramos o culpado pelo tiro.

­Nesse momento desisti de lhe falar.

— O cara que atirou em você era um jovem que aparenta ter uns vinte dois anos. Ele foi pego pela guarda perto da floresta no caminho do palácio com um revolver. Ele está na prisão esperando seu julgamento que provavelmente será um enforcamento em praça publica.

­— Em que época vocês vivem? ­­— digo vagarosamente.

— Não acha justo? Vida por vida.

­— Nunca daria uma sentença de morte para alguém sem saber o porquê ele fez tal coisa.

— Você não entende. Às vezes temos que fazer sacrifícios para proteger quem amamos. Um dia entenderá.

Ele levanta da cadeira indo a minha direção, dando-me um beijo no canto da boca. Acariciou meus cabelos e suspiro.

— Não sabe o quanto me dói ter que abrir mão de você. Queria poder te proteger ter você do meu lado a todo o momento... Queria ter uma vida toda ao seu lado. — sua voz vacila, seus olhos azuis estão lagrimejando. O céu estava desabando naquele momento.

— Desculpe-me. — digo.

— Eu que peço desculpas. Eu te amo Stella. Nunca se esqueça disso.

Ele saio enxugando as lágrimas de seu rosto, me deixando sozinha novamente naquele quarto que agora carregava um ar fúnebre.

Depois de dois dias eu tive alta e já podia ir para casa se quisesse. Mas decidi ver quem fora o atirador que quase livrou minha vida deste inferno.

Dois guardas me acompanhavam pelo longo corredor escuro até a cela que ele se encontrava. O jovem estava de costas para nós, entretanto, ainda puder ver seus cabelos claros. Um estranho arrepio corria por entre meus ossos e uma estranha sensação que eu o conhecia de algum lugar.

— Qual seu nome rapaz? — Pergunto e minha voz ecoa pelos corredores de celas vazias.

— Quanto tempo em, Stella. Nem me reconhece mais?

Ele vira ficando de frente para mim. Tomei um susto e quase cai para trás, se não fosse por um guarda.

— Está bem senhorita Stella?

— Tá sim, está tudo bem. Soldado Wagner pode me deixar a sós com esse delinqüente? ­— indago friamente.

Ele assente e sai adentrando o corredor de saída.

— Esqueceu que eu êxito não é Stella?

— Você está morto, eu vi você morrer... Isso só pode ser brincadeira.

­— Se você não tivesse me abandonado...

— VOCÊ MESMO ME MANDOU IR EMBORA! — gritei. As lágrimas queriam correr livremente, mas me recuso a chorar na frente dele.

A filha da rainha (HIATOS)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora