Capítulo 35

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— Ah, eu tenho sim. Você é a nova princesa não é? — dei de ombros cinicamente. — Pois é, acho que é a tal de... De como é mesmo seu nome?

­— Syma...

— Não tem importância. Mas olha, eu sei que você não é a filha da rainha e que com certeza está armando um golpe. Então toma cuidado, por que quando você deslizar do salto, eu vou está bem aqui te aplaudindo. ­­— falei em tom de ameaça, com o dedo bem perto de seu rosto. Parece que o que eu falei era verdade, ela parece mesmo está escondendo algo.

— Você não me conhece. ­­— Ela disse. Parece preocupada.

— Você se enganou feio ao achar que iria esconder seu segredo para sempre. Só toma cuidado, aqui todos jogam sujos. Você tem cara de quem é nova nesse jogo.

— Olha, você parece que ainda não aprendeu as regras do jogo. ­— ela da uma risada seca. ­— Deixa que eu te ensine a jogar...

Ela se vira e saí pelo corredor com seu sapato fazendo barulho ao pisar. Por um momento achei que estava ganhando, mas apenas irritei a princesinha chata.

Continuei a andar e não sei por qual motivo eu sorria como uma louca.

"Que os jogos comecem..."

Cheguei finalmente no corredor do quarto onde eu estava hospedada e encontrei Benjamin entrando em seu quarto.

— Príncipe Benjamim! Espere. ­— gritei, o que fez ele para no ultimo segundo quando estava fechando a porta.

­— Stella? Achei que já tivesse ido embora. ­— ele fechou a porta atrás de si.

­­tentei recuperar o ar antes de falar. Depois daquele tiro eu não conseguia correr como antes.

­­— Quero lhe pedir outra chance. Quero continuar na Seleção. ­— digo pausadamente. Ben parece ainda não acreditar, ou simplesmente não entendeu direito.

— Desculpe. Não entendi.

— Quero voltar para a seleção. Eu sei que você só me tirou por causa dos atentados e tudo mais...

­— Olha Stella. Vai ser duro o que eu tenho pra te dizer, mas eu te tirei realmente da seleção por questões que eliminaria qualquer outra garota.

­— O que? Você disse que foi por causa dos...

Ele balançou a cabeça negando.

­— Aquilo foi uma desculpa? Aquele papo todo foi... Por que fez isso? — Minha cabeça havia dado um nó.

— Eu ouvi a conversa. Agora pode ir embora. — ele falou friamente.

— Mas quê conversa? Ben...

— Benzinho, você não vai vir? — ouvi uma voz feminina de dentro do quarto dele. Ele abriu um pouco a porta para responder e eu vi que uma garota seminua em sua cama. Ela usava uma lingerie branca com desenhos bordados de rosas vermelhas e uma meia até na metade da coxa da mesma cor.

— Ah, agora eu entendi. ­— Falo decepcionada. Retiro o colar que ele tinha me dado de presente e estendi analisando de longe. — Tudo não passou de uma ilusão. Espero que esteja feliz agora.

Joguei o colar nele, saindo a passos longos. Parei no meio do corredor e olhei para trás e o vi me olhando parti.

— E pensar que eu abandonei tudo para ficar com você. Você é igualzinho a eles.

Nunca pensei que sair do palácio seria tão difícil. Depois de longos seis meses, passando por tantas coisas, achei realmente que teria um final feliz.

A única coisa boa que tirei daqui foi o dinheiro. É o suficiente para manter minha família de barriga cheia por dois anos e ainda posso pagar minha faculdade.

Se existisse castras hoje em dia, eu estaria na castra dois. O que é ótimo. Assim fica mais fácil de arrumar emprego e ter uma educação melhor. Mas o pior de tudo isso são os traumas concebidos por meses no palácio.

É um pouco cansativo carregar a desconfiança para todos os lados, porém é impossível não desconfiar de todos depois de tudo que passei. Desconfio até deste cara que está dirigindo o carro. Entretanto, se ele tentar qualquer gracinha eu o coloco em seu lugar com a faca que era destinada a Benjamin.

Cheguei ao aeroporto e estava lotado de gente me esperando. Ainda bem que eu não usava mais aqueles vestidos que pesavam mais que algodão molhado. Invés disso, eu usara calça jeans, blusa de alcinha preta com um lenço em volta do pescoço e coturno preto. Meu cabelo estava preso com um coque alto frouxo.

Passei por aquelas pessoas e fiquei feliz por elas estarem ali me dando forças com cartazes e mensagens. Parei algumas vezes para tiras selfies com as pessoas, ainda bem que o avião só esperava por mim, então demorei bastante com aquelas pessoas.

Depois caminhei um pouco já chegando ao final do corredor de pessoas, uma garotinha (muito parecida com a que escreveu um cartaz dizendo "Stella Canadá sempre será nossa princesa") cheguei perto dela e a abracei.

— Oi. Qual é o seu nome?

­— Ruby, moça.

­­— Ruby... que nome lindo! Onde está sua mãe?

— Eu não tenho mãe.

Ela sorriu sem mostrar os dentes.

— Tem algum responsável com você aqui?

Ela negou com a cabeça.

­— Quer ir comigo para minha casa? — Fiz uma proposta.

— Serio? — ela abriu um sorriso de orelha a orelha.

— Seriíssimo. Então, você vem?

Ela gritou anima que sim. Logo passou por baixo da faixa que separava as pessoas do corredor de passagem.

O guarda olhou para mim e riu de lado.

A menina estava suja e com roupas rasgadas e imundas. Certamente estava com fome. Peguei em sua mão e andamos pelo corredor até chegar ao avião.

Dentro do avião, nos jantamos juntas e eu ainda convidei os dois guardas que iriam me proteger por um bom tempo. Um deles eu já conhecia, soldado Fred Marson, ele sempre conversava comigo quando eu estava com raiva, pois sempre aparecia quando eu estava socando arvores.

Ruby tinha um brilho nos olhos, o que me deixava feliz. Estava pensando seriamente em adotá-la. Ela comia sua torta de amora com tanto prazer que sujou a boca e sua roupa.

— Ruby, vem aqui para eu te ajudar... — Peguei um guardanapo.

Quando terminei de limpa-la pensei por uns instantes e me perguntei como ela sobreviveu esse tempo todo.

­— Ruby quantos anos você tem?

Ela fez seis com as mãos.

­— Cinco.

Sorri ao ver que ela se atrapalhou nas contas.

— Sabe pelo menos onde você morava?

Ela nega com a cabeça.

Puxei-la para um abraço e fiquei abraçada com ela por um bom tempo, até ela dizer que queria mais comida.

Estava com medo de que os rebeldes tivessem me perseguindo, antes de sair do avião olhei para fora da janela, um carro nos aguardava com alguns guardas.

— Não precisa ficar com medo, estamos aqui.

De alguma forma a fala de Fred me acalmou. Saio do avião com Ruby atrás de mim, caso algo aconteça ela estaria mais segura.

Entrei no carro logo depois que Fred entrou. Ruby sentou no meio entre eu e Fred. Agora faltava apenas quinze minutos para chegar até minha casa.

A filha da rainha (HIATOS)Where stories live. Discover now