Capítulo 31

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Voltei para meu quarto, horas depois, e voltei a ler as cartas e de tanto espalhá-las pela cama vi uma que estava com um selo vermelho e tinha uma frase atrás.

"leia primeiro essa carta, é de extrema importância."

Retirei o lacre da carta e comecei a ler com o coração na boca.

"12 de agosto.

Certamente você já deve ter se perguntado sobre a sua origem, mas ninguém podia te dizer de onde você surgiu e de onde são suas raízes, pois a única que pode te dizer isso sou eu, sua mãe. Em breve você fará dezenove anos e terá uma responsabilidade enorme em suas mãos e precisa entender como tudo funciona. Bem, então vamos matar sua duvida de uma vez...

Quando eu tinha sua idade hoje, eu passeava pelo bosque a procura de amoras, em uma de minhas viagens até o bosque eu encontrei seu pai, (o amor da minha vida, mas não para minha vida) começamos a conversar freqüentemente, todos os dias se fosse possível, eu comecei a me apaixonar pelas bobeiras de seu pai, ele era muito atrapalhado, principalmente quando falava e comia ao mesmo tempo. Sua essência era tão limpa quanto à água cristalina que brota das nascentes de Nínive, quando percebi já estava grávida de dois lindos anjinhos, mas por crueldade do destino fui separada as forças de Willeam, seu pai. Pois meu pai não aceitava nosso casamento e Willeam era filho do arquiinimigo do meu pai, foi uma luta constante, mas nós conseguíamos nos ver as escondidas no bosque com a ajuda dos camponeses — a quem serei eternamente grata — por despistar os guardas que me vigiavam e por nunca dizerem nada sobre mim e Willeam.

Depois que meu pai descobriu que eu carregava um fruto de uma "traição" como diz ele, eu fui severamente castigada e ainda queria que eu abortasse, mas fui incapaz de deixar isso acontecer, mas para ele eu não podia mais ser herdeira do trono com o nome sujo e ter cometido traição, pois eu estava prometida a casamento, mas eu não amava aquele homem que apresentaram a mim, eu tinha o direito de escolher quem ficaria ao meu lado por anos e que governaria um reino tão grande como o nosso.

Quando meu pai descobriu que eu ainda me encontrava com Willeam, ele me arrastou pelos cabelos em praça publica e me deu uma surra que passei três dias dormindo em pé — mesmo grávida de dois meses — Esses três dias eu vomitei sangue e passei fome e cede, não sei como ainda estou viva!

Alem disso tudo meu pai não se conformou em deixar Willeam em seu reino como estava ele mandou matá-lo, mas antes disso, eu vi seu pai uma ultima vez e que ultima vez em... Desculpe, acho que me empolguei um pouco, seu pai disse que iria fugir, pois sabia que meu pai não iria aceitar isso tudo e que os muros de seu palácio não seria o suficiente para impedi-lo, ele me entregou um cordão com dois pingentes, um de lua e outro de coruja e disse "entregue ao nosso filho por mim... e diga a ele o significado de dele em nossas vidas..." naquela noite eu tive certeza de que ele foi a minha melhor escolha, e que seria ele o homem com quem eu queria me casar e que valeria a pena cada dia e hora esperado. Naquela noite de lua crescente, de céu negro-estrelado nós juramos cuidar de vocês com nossas vidas e que nem a morte nos separaria um do outro.

Depois desse dia eu nunca mais vi seu pai e fiquei com medo de que ele tivesse morrido, mas mesmo assim tomei coragem para fugir enquanto meu pai estava fora fervendo em ódio e sede por vingança, mesmo com todos os ferimentos e com sete meses de gravidez eu fugi do castelo com a ajuda de alguns empregados, principalmente Vilde, que cuidou de mim por todos esses meses sangrando e vomitando. Quando estava quase saindo da cidade encontrei com meu pai... Acho que esse dia eu entendi o significado de azar. Ele em puxou pelo braço enquanto me xingava aos gritos e todos da cidade ouviram e foram ver o que acontecia. Aquele homem que se dizia meu pai rasgou todas as minhas roupas e pôs fogo ali mesmo, jogou gasolina na minha mala e depois jogou um fósforo em cima, logo em seguida me puxou outra vez violentamente pelo braço e jogou no chão e com uma faca ele rasgou minhas vestes e cortou meu cabelo de qualquer jeito. Eu estava sentido tanta dor e raiva que achei que fosse perder meu filho. Ele só parou de rasgar e cortar quando acertou sua própria mão. Enquanto ele saiu em busca de água para lavar sua mão, eu tentei me levantar sozinha, mas não consegui, pois a bolsa havia estourado e estava na hora de dar a luz. Os aldeões se juntaram e levaram-me para um lugar bem distante da cidade, era na mata. Só consigo lembrar-me de que uma mulher de meia idade parecida com uma índia pediu para eu colocar força para por o bebê para fora, e posso dizer com toda certeza que aquela dor não era normal, minha barriga era tão grande que eu achei que tivesse uns dez bebês lá. A índia falou que estava nascendo e então eu ouvi seu choro. Mas a dor continuou e alguém gritou "tem mais um vindo ai" e então mesmo sem força e fiz de todo para empurrar seu irmão, mas infelizmente ele nasceu morto por falta de ar. Naquela hora quando olharam para mim e balançaram a cabeça e eu só ouvi seu choro, apaguei geral.

Quando acordei você estava no meu colo, perguntei onde estávamos e me disseram "Andrômeda de Orion" era uma planície não muito distante da minha, onde eles acreditam na ajuda estelar, onde suas crenças se baseiam nas estrelas e foi lá onde você nasceu e onde seu irmão morreu... Foi um dia difícil, pois a surra que meu pai me deu matou seu irmão, uma das mulheres que ajudaram no parto disse que minha gravidez foi prematura e que um dos bebes estava com uma mancha na cabeça, era o seu irmão. Nesse dia eu não sabia por qual motivo chorava, só sei que chorei por tudo e por todos. Um tempo depois que você nasceu, pela noite, recebi uma carta de minha mãe avisando que meu pai tinha morrido e que eu poderia voltar para tomar o meu trono por direito, mas eu não podia levar meu filho para dentro do palácio em respeito à morte de meu pai, pois ele considerou ate o ultimo segundo de vida que meus filhos eram fruto de adultério. Nunca havia sentido tanta dor em menos de um mês.

Eu só concordei de voltar depois de seis meses, como indicado pelos médicos, pois eu não podia deixar você sem o leite e eu não queria abrir mão de você. Minha mãe me deu o prazo de um ano para retornar sem quaisquer resquícios de Willeam, ou eu não seria aceita de volta, na hora eu recusei, eu não poderia abandonar tudo por causa de uma coroa, mas eu só senti o peso das minhas decisões bem depois, quando eu não pude te dar comida e nem podia trabalhar e não tem nada pior para uma mãe do que ver seu filho passar fome ou precisar de qualquer coisa, mesmo que seja básico, mas se ela não puder dar já é uma grande tristeza. Eu queria te dar uma vida muito melhor do que aquela, eu não queria te ver mendigar por ai sendo que eu poderia cuidar de você mesmo que de longe e quando você estivesse maior poderia governar comigo no palácio... Por isso aceitei a proposta de minha mãe.

Quando voltei a por os pés em minha planície, lembrei de Lisa, minha irmã de sangue por parte de pai (sim, ele também cometeu alguns adultérios, mas a esposa escolhia se mataria a criança ou fingiria que ela não existia por isso eu me lembrei de Liza, por que minha mãe não se lembrava da existência dela e assim não iria mexer com você, o que te deixava segura. Como Liza é sua tia você poderia receber o amor verdadeiro de uma tia, alguém que é sangue do seu sangue, e eu tinha contato com ela e ela poderia me dar noticias suas). Quase tudo resolvido, eu achava.

[...]

A filha da rainha (HIATOS)Where stories live. Discover now