CAÍDA AOS PÉS DO JUIZ

cap 40

Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.

Clarisse Lispector

15 dias se passaram após a morte da minha mãe. A morte nem de longe é um sentimento bom, mas infelizmente temos que lidar com ela. A morte pra mim, está sendo uma "experiência" eu nunca precisei lidar com ela bem de perto como agora. Eu chorei mares e rios, chorei porquê independente de tudo, eu gostaria de ter recuperado o tempo perdido com a minha mãe, eu gostaria de ter a minha mãe no meu casamento, eu queria e muito, eu queria uma confidente...

Mas agora tenho uma promessa a ser cumprida, a promessa de vir atrás de Cesar.
De acordo com o amigo de Noah, meu "pai" chegou ontem de uma viagem dos Estado Unidos. E estou nesse exato momento no aras onde ele vem a passeio. Vim sozinha, não disse nada a ninguém, nem mesmo a Noah, ele iria querer vim comigo, mas isso é uma coisa que teria que fazer sozinha, tipo: bateu a coragem, vá lá e faça. O meu celular começa a tocar dentro da bolsa e é Maria. Atendo.

-Onde você está? -ela pergunta do outro lado da linha.

-Não posso falar agora, estou bem ok?

-Tá, só que diz isso isso para o seu futuro marido que está desesperado atrás de você. Já cavocou o Rio de Janeiro todo atrás de tu.

-Diz a ele que ele cavocou pouco então. Olha só estou bem, e que daqui a algumas horas estarei no meu apartamento, tchau. -nem dou tempo dela falar mais alguma coisa e desligo.

Um funcionário passa por mim e paro ele para saber se ele sabe de Cesar.

-Por favor, onde posso encontrar o doutor Cesar Vasconcelos? -pergunto.

-Advogada Sara Collin certo? -o rapaz pergunta.

-Sim, de onde me conhece?

-Você levou o prêmio de melhor advogada, noiva de um dos maiores juiz do Rio, se não o maior. Aqui só se frequenta gente bacana doutora, ou seja. Sei tudo o que se passa no mundo que vocês vivem. -o rapaz fala rindo.

-Olha só, o "mundo" que vivemos é igual ao que você vive, pelo menos o meu é. Sofremos, choramos, sorrimos, temos traumas, superamos traumas, passamos por dificuldades financeiras, não gostamos muito de levantar cedo, temos dívidas para pagar, enfim, tudo depende do ângulo que vemos as situações, e eu nem sou famosa. -acabo rindo também.

-Olha só, a doutora é simpática, o oposto das madames que frequenta aqui. E sobre a doutora não ser famosa. Pode apostar que é sim, se comenta muito sobre você por aqui, sobre o quão boa advogada é, principalmente na área famíliar, sabe doutora Sara, se eu tivesse dinheiro o suficiente iria lhe contratar, fazem quatro meses que a minha ex mulher não deixa eu ver meus meninos, desde que nos separamos, não tive as condições financeiras para ajudar ela da forma que ela quer, sabe. Ela não deixa eu ter contato com as crianças, eu chego lá com as coisinhas que eles gostam ela faz pouco caso, até mesmo deixa eu plantando muitas vezes no portão. Isso machuca a gente, tanto homem por aí, abandona seus filhos, e eu querendo fazer meu papel e ela não deixa. -a confissão desse pai me faz chorar, exatamente como ele disse, tantos pais querem exercer o seu papel certo, e outros... Não é só Mulher que passa por isso, homem também, o número é menor, mas existe sim casos como esse, a prova é esse homem aqui na minha frente.