06

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Em sua infância, Min Yoongi não era conformado como passou a ser após atingir a maioridade, muito pelo contrário.

Quando pequeno, arranjava briga com literalmente qualquer um que o ofendesse ou tentasse lhe fazer mal. Seus pais chegaram até mesmo a ter problemas com ele na época da escolinha, porque era só alguém perturbar o pequeno, que ele descia a mão na cara de quem quer que fosse. E na adolescência não foi muito diferente: arrumava tanta encrenca na rua que constantemente chegava todo machucado em casa. Apesar disso nunca ganhou nenhuma cicatriz porque, afinal, nunca perdia.

Não que ele precisasse humilhar alguém ou algo do tipo, de forma alguma. Nunca sentiu necessidade de rebaixar qualquer pessoa da mesma forma que tentavam — e só tentavam, mesmo — fazer com ele. O loiro apenas se defendia e se controlava para que jamais, em hipótese alguma, passasse dos limites. Apesar de tudo, de todas as escolhas questionáveis e atitudes não muito exemplares, sempre foi muito íntegro nesse quesito. Desse modo, nunca se deixou ser menosprezado ou feito de capacho por ninguém. Isto é, até que chegasse a fase de sua vida em que Yoongi simplesmente viu que não estava indo para lugar nenhum, não importava o quanto caminhasse em qualquer direção. E ao parar de andar, permitiu-se estagnar. Mas estagnar não é viver e, logo, Min Yoongi perdeu também a vontade de viver.

E é esse tipo de sentimento, resgatado de suas memórias, que Yoongi começa a experienciar novamente no País das Maravilhas. Ele não deve abaixar a cabeça para ninguém nem permitir que lhe obriguem a fazer coisas que não queira, justamente porque...

E uma faísca se acende em seu peito, dando sentido a algo há muito esquecido — ou ignorado. Porque eu controlo a minha vida! Quando foi que eu me permiti pensar o contrário?

Então não vai permitir que ninguém faça pouco caso dele ou queira humilhá-lo. As palavras que, no dia anterior, o Chapeleiro lhe disse — talvez as únicas que tenham prestado até então — lhe vêm à mente: "Desde que chegou aqui você claramente sente que pode ser mais, certo?"

— Então você será a nossa nova Alice? — O desdém na voz do híbrido é até mais forte que o de Hoseok ao debochar de Yoongi.

O loiro o encara por baixo da franja e o Rato se curva falsamente, com um sorriso malicioso, evidenciando o quanto o acha patético.

— Sendo honesto, não creio que dê conta do recado.

Yoongi cruza os braços, a expressão sisuda. Ele não sabe jogar esse jogo. Não sabe provocar com um sorriso canalha de enfeite no rosto, nunca foi disso e não é hoje que vai aderir às provocações sem sentido quando pode simplesmente cair na porrada com esse cara e resolver seus problemas de uma vez — ao menos, uma parte deles. Fazendo uma rápida análise da situação e do híbrido à sua frente, este é um desafio maior do que parece. O Rato não tem cara de quem está acostumado a dar informações de graça e a julgar pelo modo como ele despreza o loiro, só fica cada vez mais evidente que, se quiser alguma coisa dele, Yoongi terá de arrancar.

— A gente pode só resolver qualquer coisa que você tenha contra mim lá fora, o que acha? — questiona, o tom de voz sério, quase ríspido, fazendo um sinal com a cabeça em direção à porta do estabelecimento quase escondida atrás da massa de homens.

— Acho que você é uma piada e não tem noção de quem está desafiando.

Todos os outros no bar estão cultuando o mais absoluto silêncio, encarando a cena como se fosse a coisa mais emocionante de seus dias — e talvez seja. Não se ouve sequer o som da respiração dos homens ali presentes. O Min automaticamente olha Hoseok, mas se esperava alguma reação do Chapeleiro, foi apenas para se decepcionar. Hoseok não lhe diz nada, apenas o encara de volta, inexpressivo. Ele está esperando para ver como Yoongi resolverá o impasse. O loiro se volta para o Rato, enchendo os pulmões de ar.

Eu Sou Alice • {yoonseok}Where stories live. Discover now