08

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A despeito de toda aquela urgência para saírem da estalagem e irem logo à tal boate Luxion, assim que retornam ao centro de movimento da cidade, Hoseok anda em direção a outra taverna sem sequer consultar Yoongi, que se adianta e segura o pulso alheio. Seu toque não é repudiado.

— Onde você pensa que vai, Chapeleiro? A gente tem uma boate pra encontrar, e com certeza não é aqui.

Ele aponta com o indicador da mão livre em direção ao estabelecimento pequeno e com cara de sujo e mal cuidado. Esse lugar consegue ser ainda pior que o de antes. Yoongi franze o cenho, ainda sem se mover, mas um canto de seu lábio se ergue dando forma ao sorriso torto sedutor.

Chapeleiro? Nunca disse para tratar-me assim.

Min Yoongi segura o próprio impulso de sorrir. De qualquer forma, queria apenas provar sua teoria — e percebe que, afinal, estava certo. Por algum motivo, apenas ele tem permissão para chamar o Chapeleiro pelo nome.

— Está bem, Hoseok. — Seu tom é divertido ao pronunciar o nome verdadeiro do maior e ele o solta, então suavizando as palavras. — Mas por que quer entrar aí?

— Desejo beber, somente. Por que a pergunta, aspirante, vai tentar me impedir?

Em seu tom de voz, não há nada de rude — o loiro pode até mesmo apostar que Hoseok está brincalhão, o melhor humor que o viu demonstrar até então. Yoongi se afasta, delicada e minimamente do mais alto, contra sua própria vontade e sem sequer entender por que suas mãos praticamente formigam na ânsia de tocá-lo mais. Ele coça a nuca, calculando a frase a ser dita.

— Foi uma noite... difícil, né? — E entende que difícil nunca seria nem perto de suficiente para definir, contudo não saberia dizer qualquer outra palavra. — Tudo bem, eu espero aqui fora, então não demora.

Hatter envolve-lhe os ombros estreitos com um braço, aproveitando a diferença de altura, e começa a arrastá-lo em direção à taverna. Yoongi acaba provando novamente de seu cheiro amadeirado com um pequeno e irreconhecível — sem motivo aparente — aperto no peito.

— Você vem comigo. Me acompanhe! Afinal, não é como se pudesse ficar aqui fora sem mim.

— Eu saberia me virar sozinho, Hoseok — ele resmunga baixinho, porém bem-humorado. E tendo total consciência de que o que diz é uma grande mentira.

Por um momento, por um pequeno momento, o loiro pensa que talvez poderia enlaçar a cintura alheia com o braço, todavia não o faz. Não quer assustar Hoseok. Não quer estragar esse clima gostoso, de provocações amenas e sem maldade, agora que parecem mais à vontade um na presença do outro. Até mesmo o ar entre eles está mais leve. Bem que poderia ser assim sempre, ele pensa com um quê de amargura. Yoongi começa a temer que, no dia seguinte, Hoseok acorde e volte a ser um porre com ele.

— Não, você não saberia — retruca o maldito Chapeleiro, ainda mantendo o sorriso torto exageradamente bonito e trazendo Yoongi para mais perto, para que passem pela porta juntos.

— É, talvez tenha razão — murmura apenas para si mesmo, no entanto sabe que Hoseok o ouviu quando ele tenta conter com as costas da mão, e sem sucesso, um riso soprado.

Há poucas pessoas no local, apenas seis ou sete bêbados isolados, provavelmente tentando afogar as amarguras que a vida neste país, assim como em qualquer outro, pode oferecer. Sentam-se, desta vez, à uma mesa pequena e de madeira maciça suja, desgastada e grudenta de gordura, bebida e Deus sabe o que mais. A garçonete é ruiva, baixinha e gorda e sorri de maneira simpática, especialmente para Yoongi.

— O que vão querer?

O loiro dá de ombros.

— Eu não quero nada...

Eu Sou Alice • {yoonseok}Onde histórias criam vida. Descubra agora