Eu Sou Alice • {yoonseok}

18

Chegou o grande dia. Min Yoongi acorda com a luz solar quente e reconfortante lhe fazendo um carinho agradável na pele. O astro ainda está apenas despontando no horizonte no instante em que abre os olhinhos de forma preguiçosa, mas logo os fecha devido à claridade.

Ele dormiu bem, o que é relativamente raro em suas noites no País das Maravilhas. De imediato, em sua mente vêm as cenas da noite anterior. Hoseok e ele na cachoeira. A sensação do calor do corpo de Hatter ainda está gravada em sua pele, bem como a dos lábios do Chapeleiro sobre os seus ou os sons que faziam juntos. Yoongi se lembra perfeitamente de como foi ter o outro dentro de si. Se lembra perfeitamente da dureza das pedras sob seus joelhos ou batendo contra suas costas à medida que Hoseok o fazia seu — ele não poderia esquecer, não enquanto ainda sente a dor. E realmente, foi como um sonho. Ele ainda tem dificuldades em aceitar que aquilo tudo realmente aconteceu. Eu fiz amor com Hoseok ontem — ou algo bem próximo disso — é o seu primeiro pensamento pela manhã. É doce, sincero e apaixonado. E enquanto ainda letárgico, Yoongi se aconchega mais no peito do Chapeleiro, buscando seu calor e contato com um sorriso bonito no rosto — mas aí ele percebe que não estava dormindo sobre o peito de Hoseok.

Ele abre os olhos e se senta rapidamente — não sem sentir dor nas costas e nos joelhos — ao perceber que estava abraçando sua mochila e a raiz da árvore sobre a qual dormiram. Ele olha ao redor: a fogueira onde assaram os marshmallows noite passada está apagada e as cinzas foram cobertas com terra. Nem Hoseok, nem Namjoon ou até mesmo Taehyung estão por ali, eles simplesmente sumiram. Não há nuvens no céu azul claro, o sol está forte e os pássaros cantam nas árvores ao redor. Ao prestar atenção nos sons, ele reconhece o timbre de Hoseok e se levanta de uma vez, ignorando as dores no corpo; começa a andar em meio às árvores à sua direita, seguindo a direção de onde pensa ter ouvido a voz do Chapeleiro. Não muito distante, os encontra. Contudo, eles não percebem sua presença, então numa atitude impensada e impulsiva ele se esconde atrás de uma árvore próxima para ouvi-los. Algumas fadinhas voam, Yoongi não consegue ver seus rostos mas aposta que estão lhe lançando olhares feios, a julgar pelo som que fazem quando se afastam dali, em meio ao farfalhar do bater de suas asinhas — soam como reclamações agudas em sua língua estalada.

— Está mentindo para si mesmo, Chapeleiro. — É Namjoon quem fala, após alguns segundos de silêncio. A Lebre está sentada no chão a uns bons cinco metros de Yoongi, as costas apoiadas numa destas árvores de tronco azul e tem a expressão dura para com Hoseok. — O que o motiva é seu medo de perdê-lo, a incerteza de que ele vá conseguir. Você tem medo de que Yoongi morra.

O loiro engole em seco, prendendo a respiração para evitar que o ouçam. Então foi por isso que eles saíram de lá para conversar. Porque queriam falar sobre mim.

Taehyung mia baixinho, concordando com a Lebre. Ele, por sua vez, está numa árvore próxima à que Namjoon está encostado, sentado num galho um tanto quanto alto, os pulsos ainda presos com a corda e as pernas balançando suspensas no ar; a cauda castanha enrolada no galho, talvez como forma de apoio. E então seu olhar se cruza com o de Yoongi. Instintivamente, o Min leva o indicador à própria boca num sinal claro para que Taehyung disfarce e não denuncie sua presença ali. O Gato de Cheshire atende ao pedido silencioso, voltando o olhar para Hoseok e escondendo qualquer reação, e é quando Hoseok volta a falar. De pé sob uma árvore próxima a Yoongi, de costas para o loiro e também usando a madeira firme como apoio para o corpo, Hoseok Hatter cruza os braços sobre o peito e seu tom de voz é duro quando diz:

— Está errado, Namjoon. Só quero fazer isso para que ele vença e liberte a todos. Não há nenhum outro motivo pelo qual eu queira que ele vença Jeongguk, afinal, eu até que não desgosto do garoto, por mais que ele seja impertinente e desaforado. — Ele gesticula de forma despreocupada. — Mas não é isso o que quer, afinal? Ser liberto? Ficar sozinho e ser o único dono de sua própria mente?