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A floresta não é tão fechada, pelo motivo de possuir a vegetação bem esparsa. Figueiras grandes e monstruosas, além de pinheiros altos cobrindo a visão do céu, são as árvores dominantes por ali. O relevo extremamente irregular à medida que descem o que parece ser um morro mostra-se tanto uma boa posição quanto motivo de desvantagem, e Yoongi só passa a avaliar o local em termos de batalha a partir do momento em que ouve o clangor de espadas, acompanhado por alguns gritos masculinos, não muito longe de onde estão, à esquerda.

Mas quando começam os sons de cascos de cavalos à direita é que Baekhyun puxa o Min, fazendo com o loiro se abaixe junto com ele, escondidos atrás de arbusto grossos de urtiga e tomando o cuidado de não encostarem nas folhas. Eles prestam atenção na direção do clop, clop até que dois cavaleiros aparecem em seu campo de visão, ambos vestindo armaduras do metal mais negro que Yoongi já viu, com exceção somente da espada de seu marido. Passam correndo com urgência na direção da batalha e Baekhyun puxa o Min por entre a relva, até o ponto em que possam ver a luta acontecendo ao longe, na campina descendo o morro a noroeste. O exército negro é encurralado pelo branco na base, mas Yoongi não consegue ver o Rei Negro.

— Meu pai está provavelmente do outro lado, liderando os Peões Brancos e o outro Cavaleiro. Diferente do Rei Negro, ele gosta de estar no campo de batalha, mas também costuma ser rápido em retiradas.

— Estão em guerra por causa do Jogo — Alice constata, dizendo mais para si que para Baekhyun.

— Vamos sair daqui — sussurra o príncipe, puxando Yoongi para voltarem ao caminho. — É melhor nos concentrar em levá-lo até a última casa, e reze por sorte para encontrar Chanyeol antes disso.

Seguem ao sul, quando em meio à vegetação aparecem cogumelos de fungos de diversos tipos, mas em grande parte, de uma espécie parecida com shimeji, porém de cor verde limão. O ar por ali está úmido e fede a lodo e Yoongi entende que se encontram próximos a um pântano. Como o chão está cada vez mais apinhado deles, a única opção ao seguirem em frente e não desviarem de sua rota segundo a bússola de Baekhyun, é amassando os cogumelos verdes com a sola de seus calçados, coisa que o Min não faz com muito gosto. Piora quando eles notam que os cogumelos liberam esporos ao serem pisados, esporos verdes que flutuam numa nuvem grossa, esta que sobe até chegar a seus narizes.

— Já devemos ter chegado à sexta... à sexta... Aqui é a sexta o quê? — Baekhyun franze o sobrolho, logo à frente de Yoongi. — Era sexta alguma coisa.

— Eu também esqueci.

O loiro ergue o olhar, curioso, vendo as árvores de forma cada vez mais estranha. Ele não sabe quais os tipos de árvore ali, mas todas se assemelham a figuras encapuzadas, com os braços estendidos feito os galhos em sua direção. Com um calafrio, ele se adianta para chegar mais perto do Príncipe Branco. E quando Baekhyun para de andar é que Yoongi nota que se esqueceu de tudo: como se chamava, como estas coisas, todos os elementos da paisagem à sua volta, se chamavam. Seguem andando em linha reta, porém mais devagar, na mata fechada e assustadora com as árvores que mais parecem dementadores — sim, Yoongi crescera lendo os livros de Harry Potter — e o cheiro ácido dos esporos dos cogumelos entrando cada vez mais em suas narinas. Baekhyun cobre o nariz e a boca com a mão em forma de concha e o Min resolve imitá-lo. Aos poucos, entretanto, vão lentamente parando de caminhar.

— Então estamos numa... numa...

— É, eu esqueci o que é também. Mas tem essas... essas... — Yoongi aponta para as árvores sem conseguir se lembrar de como chamá-las. Está zonzo e se sente lerdo, como se alguns de seus neurônios tivessem simplesmente decidido parar de trabalhar.

— Sim, sim — Baekhyun concorda. — Ei, você. Eu esqueci o que você é... o seu... aquela coisa que se chama as...

— Eu também esqueci o seu. E o meu...

Eu Sou Alice • {yoonseok}Where stories live. Discover now